25 de ago. de 2011

Dez Direitos Naturais das Crianças



Direito ao ócio: Toda criança tem o direito de viver momentos de tempo não programado pelos adultos.
Direito a sujar-se: Toda criança tem o direito de brincar com a terra, a areia, a água, a lama, as pedras.
Direito aos sentidos: Toda criança tem o direito de sentir os gostos e os perfumes oferecidos pela natureza.
Direito ao diálogo: Toda criança tem o direito de falar sem ser interrompida, de ser levada a sério nas suas idéias, de ter explicações para suas dúvidas e de escutar uma fala mansa, sem gritos.
Direito ao uso das mãos: Toda criança tem o direito de pregar pregos, de cortar e raspar madeira, de lixar, colar, modelar o barro, amarrar barbantes e cordas, de acender o fogo.
Direito a um bom início: Toda criança tem o direito de comer alimentos sãos desde o nascimento, de beber água limpa e respirar ar puro.
Direito à rua: Toda criança tem o direito de brincar na rua e na praça e de andar livremente pelos caminhos, sem medo de ser atropelada por motoristas que pensam que as vias lhe pertencem.
Direito à natureza selvagem: Toda criança tem o direito de construir uma cabana nos bosques, de ter um arbusto onde se esconder e árvores nas quais subir.
Direito ao silêncio: Toda criança tem o direito de escutar o rumor do vento, o canto dos pássaros, o murmúrio das águas.
Direito à poesia: Toda criança tem o direito de ver o sol nascer e se pôr e de ver as estrelas e a lua.
“Todo adulto tem o direito de ser criança” (Rubem Alves)

Normose



Jean Yves Leloup, Roberto Crema e Pierre Weil , lançaram recentemente uma obra denominada “Normose – A Patologia da Normalidade” .

O tema é instigante e traz um profundo vínculo com a Educação . Na verdade, o primeiro paralelo com a Educação diz respeito à famosa definição de Paulo Freire que, para a baixa qualidade de muitas de nossas escolas, usava a expressão “educação bancária” . Tal educação apontada por Freire, seria, segundo a obra aqui referida uma “educação normótica” . Por que ?

A expressão “normose” e seu adjetivo “ normótico” dizem respeito ao que os autores consideram como sendo a grande patologia contemporânea : a mesmice. Em outras palavras, o ser humano, abrindo mão de sua singularidade e portanto de sua criatividade , encontra-se hoje à busca de “clones” .

Buscam-se “receitas prontas” e modelos a serem copiados... Parece claro que a Educação, de forma particular, precisa e deve estimular a criatividade de seu aluno, para que sua personalidade integral aflore .

O grande desafio que os educadores enfrentam em sala de aula são as “metas” colocadas pela família e pelo Estado , como sendo o objetivo último da educação. O exemplo mais óbvio dessas “metas” diz respeito à preparação para os vestibulares . Rubem Alves tem incansavelmente escrito sobre os desvios do processo de ensino-aprendizagem , em decorrência dessa ênfase nos vestibulares.

Hoje é de todos conhecida uma escola pública portuguesa – a Escola da Ponte – que nasceu sob a inspiração da obra do mesmo Rubem Alves e oferece um perfil absolutamente revolucionário , para as “normoses” vigentes. Aliás, uma escola pública municipal, de São Paulo vem buscando implantar regime semelhante ao da referida Escola da Ponte.

O Professor José Pacheco , diretor e fundador da escola portuguesa , tem estado no Brasil e numa palestra proferida na PUCSP ofereceu aos ouvintes o detalhamento do caminho percorrido pela instituição que dirige.

Em livro publicado recentemente , da Editora Papirus , de autoria de Rubem Alves, denominado “A Escola com que Sempre Sonhei Sem Imaginar que Pudesse Existir” o autor detalha a história do surgimento dessa proposta educativa.

Quero acentuar que o exemplo que estou trazendo da Escola da Ponte poderá servir como estímulo, e não como modelo a ser seguido, caso contrário estaríamos caindo numa outra forma de “normose”... Posso da mesma forma que aponto para a Escola da Ponte, referir-me à Pedagogia Waldorf também como proposta fora dos moldes “normóticos”, visto que a preocupação primeira de tal pedagogia não são os vestibulares, mas , sim, uma iniciação do jovem , com ênfase nas artes, na realização plena de sua personalidade. Da mesma forma que a Escola da Ponte, a Pedagogia Waldorf também pode servir de inspiração, mas não de “modelo”...

Por que toda essa reflexão ?

Na verdade, sou educador desde os anos setenta, trabalhando especialmente na PUCSP durante mais de trinta anos, com alunos de pedagogia no primeiro ano de seu curso, e observando, que a maioria chega absolutamente “vazia” de conhecimentos esperados para sua idade e freqüentemente sem saber do porquê da eleição da área escolhida...Tanto assim que é muito comum a mudança de Faculdade, após o primeiro ano...Ou, pior ainda, o curso é feito tão somente no sentido de “obter um diploma”...

Tais ocorrências deixam claro que aquilo que Freire considerava fundamental no processo educativo não vem sendo considerado, ou seja, “conscientizar antes de alfabetizar”... Tal conscientização implicaria num processo de integração do aluno em seu “mundo vida”, como o próprio Freire indicava. Ora integrar o aluno em seu mundo vida seguramente é muito mais do que prepará-lo para o vestibular...

A sociedade vem “descobrindo”, que os jovens têm talentos múltiplos além daqueles próprios dos “doutores” ... Hoje temos cursos de hotelaria, culinária, turismo, terapias corporais e outros que a cada momento vão surgindo. É preciso dar ao jovem no curso médio essa ampla visão de seu possível futuro profissional , inclusive como o de artesão e não privilegiar a preparação para os vestibulares , que por sinal , não fosse o “loby” dos cursinhos já não existiriam, como já ocorre em muitos paises . Na verdade são os currículos dos alunos que deverão servir como instrumento de acesso às universidades. Segundo Rubem Alves se o número de candidatos for superior ao número de vagas o sorteio deverá ser o instrumento de entrada nas Faculdades.

A verdade é que as escolas perderam o seu sentido fundamental de gestar um ser humano pleno e de preocupar-se com a iniciação do jovem em seu autoconhecimento, que Sócrates a mais de dois mil anos já apontava como “principio de toda a sabedoria” .

Sim, ignorante de si mesmo como poderá o jovem escolher um campo profissional de atuação ? O resultado é o sem número de diplomas nunca utilizados ou de artistas nunca revelados... Aliás o clássico do cinema , em educação, “Sociedade dos Poetas Mortos” , assim o diz claramente...

Assim, a “normose” na Educação é o processo de massificação da maioria das escolas que induz os jovens a serem “iguais” à maioria e tornar-se um universitário, de forma mais relevante nas carreiras que “oferecerem maiores possibilidades de ganho”...

A transformação de tal quadro somente se dará quando a formação dos educadores incluir nas atividades formadoras, o autoconhecimento, caso contrário, teremos “cegos conduzindo cegos” ... Sim, a saída da “normose” passa em primeiro lugar, pela percepção profunda da própria identidade, naquilo que o psicólogo Carl. G. Jung denominava de processo de “individuação”, com a integração do “ego” com o “self”.

Caso isto não ocorra nossas escolas continuarão “bancárias”, como Freire o dizia ou “normóticas” como aqui acentuado.

Ruy Cezar do Espírito Santo

23 de ago. de 2011

A Medicina Holística

A palavra grega "holos" significa inteiro, total; a visão holística é baseada na compreensão integral do homem e do universo e, aos poucos, vem se inserindo na educação, nas artes e nas ciências. "Pensar um pouco pode fazer a mente inclinar-se ao ateísmo, mas o estudo maior traz a mente de volta para Deus", dizia Francis Bacon.

O encontro da física moderna com os conceitos milenares ensinados pelos grandes mestres espirituais do Oriente mostram a direção a ser seguida pela humanidade na Era emergente. A medicina caminha para a abordagem holística, por lidar diretamente com o ser humano a ser compreendido em toda a sua profundidade.

As especialidades médicas são necessárias devido à complexidade e ao grande avanço científico nas diversas àreas de atuação do médico. No entanto, o especialista deve ter uma visão do todo se quiser compreender bem a parte. Hipócrates, o pai da medicina, dizia que todas as qualidades do bom filósofo deveriam estar também presentes no médico: serenidade, pureza de vida e bondade. Este deve ter um grande amor à medicina e ao ser humano se quiser fazer jus à sua profissão de tanta responsabilidade; deve passar por um constante processo de cura interior, que é a busca do auto-conhecimento, para melhor servir àqueles que procuram, e buscar continuamente o aperfeiçoamento profissional, ampliando e atualizando seus conhecimentos.

É grande a gama de terapêuticas naturais e energéticas disponíveis atualmente, e a arte de curar necessita de todas as contribuições que pode obter: homeopatia, alopatia, medicina antroposófica, fitoterapia, aromaterapia, medicina floral, cromoterapia, acupuntura, reiki, massagem, etc, cada qual no seu momento, de acordo com a necessidade individual do paciente, e às vezes, duas ou mais destas técnicas atuando em conjunto, como tratamentos complementares.

A humanidade necessita de uma cura profunda e a Mãe Natureza fornece os melhores remédios para o restabelecimento da saúde física, emocional e mental.

Vivemos a transição do caos e da doença para o equilíbrio e a saúde. O despertar da consciência é uma necessidade de todos.

Através da prática no cotidiano de habitos saudáveis de alimentação, de uma atividade física regular e de uma atitude serena diante da vida e das provações que ela nos traz, conseguiremos eliminar o stress característico da vida moderna. O stress está na raiz da maior parte das doenças e sua cura depende de uma transformação interna. São Lucas, o médico de homens e de almas, disse: Curai os enfermos e dizei-lhes: é chegado a vós o Reino de Deus".

(Emerson de Godoi Cordeiro Machado, médico e autor do livro Gestação, Parto e Maternidade - uma visão holística).

Educação em tempos modernos: uma visão ampliada

Se em uma noite, antes de adormecermos tentarmos lembrar passo-a-passo como foi nosso dia, nos surpreenderemos com o tanto de coisas que passam desapercebidas, e com outro tanto de coisas que fazemos e são absolutamente desnecessárias. Fica, as vezes, uma sensação de que deixamos para trás o que seria realmente importante e só nos ocupamos das coisas corriqueiras, das repetiçôes e rotinas que nada acrescentam. O que falta? O que nos falta a cada dia para avançarmos no caminho de sermos mais humanos e completos? E mais: como cuidamos da educação de nossas crianças neste caminho?

O homem tem três grandes aliados nessa trilha da educação. Primeiro a sua vontade, um querer capaz de romper fronteiras e hábitos e trazer para o mundo as mais humanas e grandiosas idéias. Tem ainda seu sentir, âmbito capaz de fazê-lo ligar-se às mais belas criações, admirar e perceber com maior propriedade o mundo. Finalmente, e talvez o mais valorizado de todos os aspectos na atualidade, o homem tem o seu pensar, capacidade cognitiva, com a qual também pode aprender o mundo e seus conceitos e refletindo sobre eles, trazer outras e novas idéias e concepções.

Mas para sermos inteiros, completos, precisamos cuidar desses três aspectos. Equilibrá-los para melhor percebermos o mundo e interagirmos com ele a partir destas três preciosidades a nós concedidas. Podemos nos perguntar como fazer para manter em equilíbrio três aspectos tão diferenciados. A resposta é simples: através da arte, da religiosidade e da ciência. Cada uma delas nos ajuda a equilibrar um dos aspectos que nos tornam homem no sentido holístico, completo.

Na educação de nossas crianças precisamos saber que cada uma dessas três capacidades têm um período onde se desenvolve com maior ênfase e plenitude. Assim, nos sete primeiros anos, temos um grande desenvolvimento do querer/vontade, dos sete aos catorze a ênfase fica com o sentir  dos catorze aos vinte e um com o pensar. Uma educação apropriada deve saber estimular e adequar-se ao desenvolvimento humano sadio.

Se formos capazes de nos sintonizar com cada um desses aspectos, se nos "alimentar-mos" deles equilibradamente, certamente estaremos a caminho de um maior equilíbrio interno e permitiremos às crianças que cresçam de forma saudável.

Somos corpo, alma e espírito e somente em um estado de harmonia teremos capacidade de buscar respostas tão sagradas como quem somos e qual a nossa tarefa por aqui.

Arte, religiosidade e ciência, eis aí o caminho para se desenvolver uma educação saudável, integrada com o universo e com o indivíduo.

(Simone Andrea D´Avila Gallo, jornalista e pedagoga)   

21 de ago. de 2011

Globo Rural fala de Rudolf Steiner

Na edição de hoje, 21 de agosto de 2011, o Programa Globo Rural traz uma importante matéria que permite entendermos o que significam as propostas de Rudolf Steiner, pai da Pedagogia Waldorf.  Um grupo de agricultores que cultivam café orgânico seguem o modelo biodinâmico na Bahia, e os resultados são impressionantes sob vários pontos de vista. Clique nos links abaixo, e descubra porque existe futuro na Pedagogia Waldorf.

http://g1.globo.com/videos/economia/globo-rural/t/edicoes/v/agricultores-de-cafe-da-bahia-apostam-em-tecnicas-organicas/1603703/

http://g1.globo.com/videos/economia/globo-rural/t/edicoes/v/agricultores-investem-em-qualidade-para-conquistar-mercados-exigentes/1603705/

18 de ago. de 2011

Adolescência

Postado por Equipe Elo, em 3 de abril de 2011

O intelecto brota nas crianças a partir dos 12 anos e elas têm uma necessidade orgânica de se tornar descobridoras, inventoras e fazer do professor, pai ou mãe os alvos dos seus desafios. Medir-se com o adulto, sentir o poder da palavra – a sua, claro, é sempre a última – lhes confere a satisfação do sentimento da própria personalidade.

Enquanto que a auto-afirmação da personalidade se afirma no correr dos anos, o corpo do pré-adolescente também sofre importantes transformações. Os membros, braços e pernas crescem a partir da extremidade, começando com as mãos e os pés. Qual o pai que não conhece este fenômeno de ter que comprar sapato novo a cada hora. Mas ocorre um esticamento geral , não só dos membros, também do tronco e do pescoço. No fim desse período estarão prontos os órgãos de reprodução. A natureza completou o aperfeiçoamento do corpo físico. Termina a infância e inicia a adolescência. Nós dizemos que o ser sensível adquire a personalidade própria e começa a aprender como usá-la. Com termos antroposóficos diz-se que ocorre o “nascimento” do corpo astral, o veículo da alma. Tudo isto não ocorre de repente; pode-se dizer que a PUBERDADE é um estado evolutivo entre os 12 e os 16 anos.

Como já vimos, o crescimento do corpo não procede de forma equilibrada. Às vezes vemos um nariz crescido num rosto infantil, ou pés desproporcionais antes do esticamento das pernas. Do mesmo modo, a maturação psíquica se realiza aos trancos e barrancos, com altos e baixos de variada intensidade, com estouros de aflição ou de alegria bastante desproporcionados. Um mosquito pode tornar-se um estorvo “elefantesco”, uma simples palavra é sentida como um raio que explode a estrutura delicada da alma, a qual ainda engatinha e só com o sustento (diga-se compreensão) consegue se erguer e andar livremente.

Em resumo, corpo e alma recém-nascidos, inseguros, tendo que confrontar-se com o mundo cheio de maravilhas a serem conquistadas e de perigos tentadores, desafios cada vez maiores etc.

Assim como o corpo precisa de alimento – e nesta fase impressiona a quantidade de alimento que consomem – a alma sente fomes de todo tipo de estímulos, de imagens diretivas, pontos de referências etc.

A recém-nascida personalidade está insegura, apenas tateando no campo da convivência social. Por isto ela não compreende nossas críticas pelos seus atos e trapalhadas. Quando o nenê puxou a toalha da mesa coberta com aquelas xícaras preciosas, ele de forma alguma compreende o desespero, a emoção e agitação da mãe, o que ele demonstra com seu olhar inocente e interrogativo. Quase a mesma expressão observamos no garoto de 13, 14 anos, quando o professor ou pai se arrebata, fica bravo, se excita, demonstra emoção crítica em relação a alguma expressão verbal irreverente ou comportamento inadequado: – “Que que eu fiz?” – ele pergunta. – “Não fiz nada! Você só pensa mal de mim” etc.

Existe uma regra de ouro que os adultos devem conhecer: nunca acusar a criança pessoalmente. Não dizer: “você é isso ou aquilo”. Devemos julgar e criticar o ato errado, o comportamento, mas nunca a pessoa do pré-adolescente, que ainda não tem a estrutura de ser responsável pelos seus atos no sentido pleno da palavra.

Cai muito fundo na alma, nesta época, ouvir alguém respeitado dizer : -”Você é mentiroso, você me desapontou, você é ingrato, perdido, ladrão” etc. O sujeito destes julgamentos não pode ser a pessoa, o indivíduo, o jovem em formação. Apenas o ato é ruim, a afirmação não é correta, verdadeira, o comportamento é incorreto etc.

Esta enigmática personalidade do pré-adolescente é uma espécie de pseudo-eu, uma espécie de ego provisório, que ora se fecha em suas imagens e sonhos íntimos, ora procura o companheiro ou amigo e, especialmente, a turma. Ou, ainda, torna-se cheio de espinhos para fora, porque não aguenta nossa invasão em seu íntimo. Porém, quando sente a nossa força, demonstrada de maneira objetiva e firme, pode reagir com mansidão e ser bem carinhoso. Importante é saber que ele precisa de alguém que o escute com compreensão.

As palavras TODO MUNDO e NINGUÉM são repetidas pelos adolescentes em mil ocasiões, para se defender ou para convencer alguém. Precisa-se fazer ou vestir o que TODO MUNDO faz ou veste e é impossível ir onde NINGUÉM irá etc. O estranho nisto é que muitas vezes estas palavras significam exatamente o contrário, por exemplo, quando querem conseguir algo que o pai hesita em permitir. “-Pai, TODO MUNDO vai naquela festa!”- afirma a filha. O pai se informa com os outros pais e descobre que NENHUM dos pais está a fim de deixar seus filhos irem, porém se deixaram convencer, ouvindo que TODO MUNDO vai.

Realmente, o sentimento de solidão é muito forte. “-Você não me entende, ninguém me entende, todo mundo é chato! Não aguento mais!” etc.

Música envolvente ou brutal, efeitos luminosos psicodélicos, efeitos sonoros com ritmos insistentes, gritos extasiados, álcool, drogas – qualquer um desses elementos leva a alma do pré-adolescente para estados do simples sonhar ao êxtase, ao estado da irrealidade e ao mesmo tempo à sensação de encontrar um mundo maravilhoso, uma pátria saudosa. O retorno à realidade é sofrido, fica o vazio, a depressão, a vontade de fugir.

Os educadores devem, além de preparar para os exames, harmonizar o pensar, o sentir e o querer dos alunos. Formar um esteio sólido de sentimentos éticos, de interesses sociais, de capacidades amplas, tanto mentais como práticas e artísticas.

Como a criança pequena aprende a se vestir, comer com garfo e faca etc., assim o pré-adolescente precisa aprender a usar seu intelecto, sua sensibilidade e habilidade no contexto social. Nós, os adultos, somos os guias nisto como o fomos outrora. Como antigamente a criancinha encontrava um portão fechado que a protegia de cair pela escada ou na rua, assim devemos propiciar regras e limites agora, para que a recém-nascida personalidade não caia onde é difícil de se erguer.

Eles devem produzir, não consumir. Tocar música por prazer, em conjuntos, pode trazer grande alegria e entusiasmo que continua vibrando quando terminou, sem deixar vazio ou depressão. Unir-se com colegas para um mutirão social ajuda a gastar a energia que sobra e preenche a auto-estima. A leitura ajuda a criar os momentos íntimos que alimentam, não esvaziam.

Como o corpo se torna um peso nesta fase, a tentação de se sentar diante da televisão é grande e bem compreensível. Ler contos em quadrinhos, em vez de livros com conteúdos adequados, é outra tentação que deveria ser superada por oportunidades variadas e estimulantes. O teatro é uma atividade muito oportuna, na qual o adolescente se supera, vivencia situações sem ter que expor seu íntimo ainda inseguro, vacilante, indefinido. Estará escondido atrás da máscara da pessoa que representa, e ele podendo se aprofundar no seu papel e assumir responsabilidade social num contexto lúdico.

O diário pessoal se torna um amigo íntimo. Os adultos devem respeitar a intimidade, que nesta fase se torna o espaço sacrossanto da personalidade, mesmo quando, exteriormente, o jovem não demonstre sua importância.

O adolescente que, na infância, aprendeu algum artesanato ou a tocar um instrumento musical, possui uma ferramenta importantíssima para enriquecer sua vida. E pelo hábito adquirido de exercitar habilidades, a sua força volitiva está à sua disposição por hábito e não por imposição autoritária.

É fácil ser enganado pelo adolescente. Devemos saber interpretar o sentido das palavras que usa. – “Você é chata! Você é uma mãe quadrada, antiquada!”-, às vezes é, na realidade um elogio; no fundo, ele respeita nossa coragem de ser coerente com nossos ideais. Entendamos, quando, com ironia, ele comenta que sua mãe é legalzinha, ou algo assim. Ser legal, no fundo, quando se trata de um adulto que ele julga, é algo como um ideal para ele; representa uma força interior, o verdadeiro amor.

Desejemos aos nossos adolescentes que possam encontrar adultos que lhes transmitam confiança e segurança!

Leonore Bertalot, pedagoga

Arma - nem de brincadeira (Ute Craemer)



Atualmente a violência é um dos principais temas de discussão - violência doméstica, abuso, discriminação, injustiça social, econômica etc. Também existe a violência ligada à arma de fogo e por isso existe uma lei que regulamenta melhor o uso de armas.

Nós, da Aliança pela Infância, junto com o Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz queremos incrementar estas ações com uma campanha de desarmamento infantil. Desarmamento de brinquedos e brincadeiras que incentivam a violência.

A pergunta fundamental nesta campanha é: Será que o brincar violento incentiva a criança a ser violenta quando adulta? E quais seriam as alternativas?

Podemos tecer algumas considerações do ponto de vista histórico. 

Sempre existiram brincadeiras violentas que, em parte, eram um preparo para guerrear, caçar ou se defender contra animais selvagens e invasores. O simples brincar do menino índio com sua flechinha, brincadeiras como polícia e ladrão, soldadinhos de chumbo etc. podem ser considerados como brincadeiras violentas neste sentido. Mas existe uma diferença radical: embora cruéis - as guerras antigamente eram guerras pequenas e locais, o que não é o caso desde a invenção da bomba atômica, que pode destruir o planeta todo de uma só vez. A partir deste momento histórico onde a inteligência humana conseguiu esta façanha, temos que conscientemente usar nossa inteligência para resolver conflitos de um modo diferente. Assim, devemos ensinar às crianças a cooperar.

O assunto não é tão simples! Por que? Porque dentro da alma humana existem impulsos de vontade, de energias enormes que, em primeiro momento, não são direcionadas para um fim específico. É uma força grandiosa que se movimenta, muitas vezes sem controle. Esta força existe! E ela precisa de uma meta, uma meta construtiva.

A palavra violência vem do latim "volere" que significa querer. Então, violência é uma força do querer, do atuar, do agir. Trata-se de direcionar esta força do querer.

A maneira de deixar esta força se manifestar é criar um espaço "almado" (com alma), inspirador para:

• brincar;
• movimentar-se no espaço;
• movimentar a alma (arte);
• exercitar suas mãos (artesanato etc);
• fazer algo para o outro;
• gastar sua força física (jardinagem, caminhadas etc).


Um denominador comum de todas estas atividades é que elas nascem de uma vontade interna. Se conseguirmos ouvir a criança em suas necessidades e interesses mais essenciais, teremos metade do caminho percorrido. A tarefa do adulto é principalmente a de criar um ambiente propício e não interferir com invasões de imagens externas que deformam a imagem do ser humano, como é o caso de muitas imagens de TV, jogos eletrônicos, brinquedos temáticos etc. As brincadeiras precisam ser à altura da criança, da sua "digestibilidade psíquica", senão embrutece a alma. 

Um ponto importante de reflexão é: este brincar enobrece a alma ou ele a dessensibiliza?

Mas será que jogos de competição como bola queimada, xadrez, vôlei não podem ser benéficos? Depende do como brincar, se é com alegria  ou com raiva. Acredito que só se tornariam prejudiciais se, por exemplo, a mesma turma sempre joga contra a mesma; assim fixaríamos uma relação permanente de competição. Penso que a criança refaz o caminho da evolução humana onde, numa certa época, surgiram brincadeiras de competição; elas ensinam a criança, entre outras coisas, a lidar com frustrações e seus próprios limites.Talvez a criança também necessite ter esta experiência numa determinada idade, mesmo numa época em que precisamos aprender essencialmente a cooperar uns com os outros. De qualquer maneira não há dúvida de que os valores de cooperação precisam entrar no universo da criança para o equilíbrio interno e externo da acirrada competitividade que vivemos.

Junte-se à campanha "Desarme a criança para amar":

- recolhendo brinquedos de guerra trocando por educativos

- recolhendo brinquedos de guerra e jogos eletrônicos

- conscientizando pais, educadores etc.

- criando espaços condizentes com a infância

- juntando-se à campanha de denúncias da baixaria na TV (0800-619619 ou eticanatv@camara.gov.br / www.eticanatv.org.br)

- informando-se sobre os efeitos nocivos dos jogos eletrônicos - tornando-se parceiros da Aliança pela Infância (fone: 11-5853-8082 ou alianca@aliancapelainfancia.org.br) 

Ute Craemer é co-fundadora da Aliança pela Infância e membro do Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz

10 de ago. de 2011

Contos de fadas - Parte II

Os contos de fadas são, segundo Rudolf Steiner, um tesouro espiritual da humanidade. Fruto de vivências primordiais da existência humana, sua atuação tem um efeito inconsciente na alma ao resgatar, por meio de imagens significativas, o longo percurso do amadurecimento humano na terra.
Por esse motivo, pessoas de todas as épocas - principalmente crianças - sempre reconheceram neles, embora de modo inconsciente, algo afim com sua própria alma. Reis, princesas, anões, gigantes - todas estas imagens - correspondem a profundas realidades interiores do homem.
Eles são narrados repetidas vezes, por sempre na mesma sequência, se possível, com as mesmas palavras, pois representam um verdadeiro "alimento" para a alma das crianças, além de estimular a memória. Nunca devemos tentar interpretar, ou achar alguma "moral da história", para as crianças. As imagens vivenciadas por elas irão amadurecer aos poucos, no inconsciente de cada uma. No jardim de infância cada história é narrada toda, para que a criança receba a imagem inteira, e não em capítulos, pois nesta fase, segundo Passerini, ela não consegue recontar uma história com começo, meio e fim. Sua memória se limita aos aspectos que sofrem interferência de sentimentos, ou seja, a criança se lembra das cenas que lhe deram prazer ou temor.
No jardim de infância o tom de voz usado pelo professor é monocórdio, para favorecer um ambiente de sonho, e não induzir a criança a uma imagem que não seja a criada por ela mesma, a partir da história contada. Um ambiente de penumbra, com uma vela acesa, também estimula a vivência imagética da criança. Para crianças muito agitadas, as histórias também podem ser contadas com o apoio de bonecos de pano, bem simples, na forma de um pequeno teatro.
Para as crianças de 6 a 7 anos, no ensino fundamental, elas já podem ser narradas em partes, e não costumam ser repetidas. Cada dia, antes de continuar a história, o professor estimula os alunos a contarem, de forma livre, o que eles lembram do que foi contado no dia anterior.

http://www.artesocial.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=150:contos-de-fadas&catid=14:contos-de-fadas&Itemid=41

9 de ago. de 2011

Pedagogia Waldorf - educação para a paz



PEDAGOGIA WALDORF – educação para a PAZ

A Pedagogia Waldorf se baseia na Ciência Espiritual Antroposófica (do grego: Antropos = ser humano; Sofia = sabedoria), elaborada pelo grande pensador e cientista austríaco Rudolf Steiner, que estuda o ser humano em seus três aspectos: corpo, alma e espírito. A primeira Escola Waldorf surgiu em 1919 junto à fábrica Waldorf Astoria em Stuttgart, Alemanha, através do pedido de seus operários e a iniciativa do seu proprietário Emil Molt. Hoje existem Escolas Waldorf nos cinco continentes do nosso planeta, inclusive no Brasil. A UNESCO a considera como a pedagogia modelo para os nossos tempos.

O professor Waldorf é um artista da educação

No dia-a-dia da escola tanto o aprimoramento cognitivo como o amadurecimento emocional e a capacidade volitiva recebem igual atenção. O currículo, que se orienta pela lei da biografia humana, os setênios (0-7 / 7-14 / 14-21 anos) oferece ricas vivências, alternando ritmicamente as matérias do âmbito do pensar (matemática, ciências, etc.) com aquelas do sentir (artes) e do agir (trabalhos manuais, esportes etc.) Além disso, todas as aulas são permeadas por uma atmosfera artística o que exige uma formação especial para o professor Waldorf, que o torna um artista da educação. Como conseqüência, o jovem aluno tem grandes chances de se tornar um adulto saudável e equilibrado capaz de agir com segurança no mundo.

Previne Hiperatividade e Transtorno de Déficit de Atenção

As Escolas Waldorf formam hoje a rede independente de escolas que mais cresce no mundo. Isso não surpreende se analisarmos o que o currículo oferece e quais as conseqüências positivas do seu método de ensino. Além de todas as disciplinas tradicionais o currículo inclui tecnologia, agrimensura, astronomia, antropologia, nutrição, música, orquestra, coral, teatro, euritmia, artes plásticas, tecelagem e várias línguas. Problemas como Hiperatividade e Transtorno de Déficit de Atenção, provenientes do nosso estilo de vida mental e sedentário, são prevenidos através do ensino integrado e vivo, descrito acima.

7 de ago. de 2011

Um pouco sobre Euritmia


Um pouco sobre Euritmia

A euritmia nasceu na Alemanha no início do século XX, sob a orientação e criação do filósofo e educador austríaco Rudolf Steiner. Esta nova arte do movimento que acompanha a recitação de poemas, prosa ou música vem se desenvolvendo desde então em vários países como Holanda, Suíça, Inglaterra, Escandinávia, Rússia, Japão, Estados Unidos, África do Sul, Austrália, e em quase todos os países da América Latina.
Inicialmente praticada em pequenos círculos e aplicada pedagógica e terapeuticamente nas Escolas Waldorf, ganhou amplitude através de pesquisas realizadas nas áreas da educação e saúde ao longo dos anos. Hoje está presente em inúmeras escolas, clínicas, hospitais e outras entidades espalhadas pelo mundo, fornecendo apoio para o desenvolvimento físico, intelectual e emocional de crianças e adultos, proporcionando uma maior flexibilidade e sensibilidade artística.
Recentemente também inserida em instituições e empresas, tem apresentado resultados notáveis no desenvolvimento do trabalho em equipe. Aplicada a grupos, a euritmia promove consciência sobre as relações sociais, e sobre a relação do indivíduo com o todo. Na Europa tem crescido a demanda desta especialização em empresas, por seu reconhecido efeito benéfico nas relações de trabalho.
Apesar de atuar em diferentes âmbitos sociais, a base de todo o trabalho eurítmico é de cunho artístico.
A euritmia revela, por meio dos movimentos, as qualidades interiores dos conteúdos poéticos e as leis contidas nos elementos musicais. Gestos corporais e formas percorridas no espaço adquirem vida e significado através dos fonemas, ritmos, sons e tons, intervalos e andamentos dessas duas artes temporais (poesia e música).

5 de ago. de 2011

Os contos de fadas

Muitas têm sido as discussões sobre os contos de fada. Nestas geralmente se enfrentam dois grupos claramente definidos: aqueles que conhecem seu valor didático e os aprovam e os que o negam totalmente, descartando-os como cruéis, antiquados ou pouco realistas.Tendo observado uma só vez um grupo infantil durante o relato de um conto de fadas, se compreende, fora de dúvidas, o quanto são um alimento para a alma da criança. A criança que tem uma tendência intelectual, escuta o conto da forma mais atenta.

Os irmãos Grimm, escreveram sobre os contos de fadas:

“São comuns a todos os contos de fadas as crenças que se remontam a tempos muito antigos, as que se expressam em imagens extrasensoriais. Os seus significados se perderam há muito, mas ainda se pode intuí-los, dando conteúdos aos contos e satisfazendo o gosto natural da criança pelo maravilhoso. O sentido das imagens nunca são de fantasia oca.”

As pessoas de hoje custam a compreender e reconhecer as profundas verdades contidas na linguagem figurada dos contos de fadas. Em troca, facilmente compreendem os fatos comuns ali narrados: provas que devem ser resolvidas, perigos a ser vencidos, adivinhações que precisam solução etc.

Como vemos, trata-se de dificuldades que cada um deve vencer cotidianamente em vida real. Mediante a força de vontade, sacrifícios e pensamentos claros, se ganha com forças próprias um novo reino. Ou seja, indicam-se modos para o desenvolvimento da personalidade da criança.

VOCE SABE QUE É WALDORF QUANDO...

Você sabe que é Waldorf quando...

Você ainda não entende por que o dia de São Michael não é feriado nacional;
Você teve que explicar nas suas férias do segundo ano por que estava procurando uma pena bem bonita... E contava que era para começar as aulas de caligrafia!
Você toca instrumentos e canta afinado;
Você já usou sapatilha e bata de euritmia;
Quando você entra na faculdade, ainda acha que a primeira aula é de época;
Você sabe que os restos do lápis apontado deixam todos os "fundos" mais bonitos;
Você falava o verso da manhã todas as manhãs;
Você agradecia os alimentos antes de comer;
Cordas e balanços pareciam muito mais atraentes do que brinquedos de plástico;
Você construía a sua própria louça de argila;
Suas bonecas eram de pano;
Quando suas calças rasgam, em vez de jogá-las fora, você as costura;
Todos na sua escola sabem quando você começa a namorar ou termina com algum, mesmo que nunca tenha falado com você;
Você sabe que não deve respirar perto da tinta azul enquanto a prepara para a aquarela;
Subir em árvores e, em alguns casos, em telhados, era a coisa mais normal do mundo;

4 de ago. de 2011

Sete Mitos da Inserção Social do ex-aluno WALDORF

SETE MITOS DA INSERÇÃO SOCIAL DO EX-ALUNO WALDORF

Este é o 1º recorte de uma ampla pesquisa que pretende investigar e relatar a trajetória de vida de ex-alunos Waldorf, desenvolvida por Wanda Ribeiro e Juan Pablo de Jesus Pereira, ambos egressos dos quadros da USP.

Os resultados trouxeram argumentos para suas certezas frente à Pedagogia Waldorf e a vontade de compartilhá-los: "Números não podem expressar a essência do que encontramos nesse caminho e de todos os âmbitos que a Pedagogia Waldorf é capaz de atingir, mas podem dar um aspecto concreto aos resultados", dizem os pesquisadores.

Perfil dos ex-alunos entrevistados

42% do sexo masculino e 58% feminino
58% dos entrevistados entraram na escola no jardim-de-infância
21% ingressaram entre o primeiro e o quarto ano
15% vieram para a Escola entre o quinto e o oitavo ano
6% tornaram-se alunos no Ensino Médio

OS 7 MITOS e um resumo dos resultados obtidos:

1º Mito: Os ex-alunos têm muita dificuldade em passar no vestibular

Resultados obtidos: 100% dos que prestaram vestibular passaram, sendo 91% na primeira tentativa

2º Mito: Só passam em vestibular de faculdades de segunda expressão

Resultados obtidos: 68% dos alunos Waldorf entraram em faculdades de primeira expressão (segundo classificação do "Provão" do MEC)

3º Mito: Alunos Waldorf não têm capacidade para cursar uma faculdade

Resultados obtidos: 92% completaram com êxito o ensino superior

4º Mito: A Pedagogia Waldorf só forma artistas

Resultados obtidos: Apenas 12% formaram-se em carreiras artísticas

5º Mito: A Pedagogia Waldorf não prepara para o mercado de trabalho

Resultados obtidos: 99% estão atuando no mercado de trabalho

6º Mito: A Pedagogia Waldorf não prepara para o mundo da competição profissional

Resultados obtidos: 84% não se sentiram prejudicados

7º Mito: A Pedagogia Waldorf é de doutrinação religiosa

Resultados obtidos: 100% não perceberam nenhum tipo de doutrinação religiosa

Fonte: http://www.sab.org.br/pedag-wal/artigos/mitos.htm

Texto extraído do livro "Criança Querida" de Renate Keller Ignacio

"Quanto menor é a criança, menos ela obedece ao adulto. Podemos dizer mil vezes a uma criança: “Faça isto, fique quieta, faça aquilo”, e é como se nada tivéssemos dito. A criança pequena não age porque nós mandamos, porque quer ser uma menina “boazinha”, mas de forma totalmente impulsiva, inconsciente. Conforme as forças formativas estão trabalhando em seu interior, num movimento rítmico, a criança age para fora, ora pulando, ora deitando no chão, ora juntando pedrinhas no bolso e, na mesma hora já despejando tudo no chão. “Não faça isso, filhinha!” “Pare de pular, Joãozinho!” Os adultos gritam, muitas vezes irritados com essa atividade constante e com sua impotência em comandar os pequeninos como querem. O fato é que as crianças não tem capacidade de compreender o porquê do permitido e do proibido.

Mas, como é que nós podemos trazer ordem a esse caos? Que podemos fazer para que as crianças arrumem seus brinquedos, ou façam uma roda, ou entrem em casa depois de brincar lá fora? A palavra mágica é “imitação”. Nada podemos conseguir com as crianças pequenas, principalmente com as menores de quatro anos, senão dando o exemplo, fazendo antes para que a criança possa nos imitar. Se eu pegar um pauzinho e colocá-lo na cesta, a criança que está ao meu lado vai imitar este gesto imediatamente. Se eu ainda acompanhar esses gestos com músicas ou versos rítmicos, então a criança vai imitar-me com mais prazer. ”

“Com as crianças acima de três ou quatro anos, já podemos conversar de maneira diferente. Uma pequena parte daquela força formativa, que permeava por inteiro o corpo da criança antes dos três anos, libertou-se do físico e vive agora em sua alma, como fantasia infantil.

Nessa idade, de três a cinco anos, a criança brinca realmente, mas sem persistir muito tempo na mesma brincadeira. Seu brincar é leve, dançando, transformando tudo. Um pauzinho pode ser uma boneca que ela abraça carinhosamente; logo depois, já joga no chão porque viu outra coisa mais interessante: uma casca de coco que lhe serve de chapéu; ela é soldado e anda contando, marchando pela sala. Quando tira o coco da cabeça, ela acha pedrinhas que põe em sua panelinha, para fazer comida para seus filhinhos, e assim por diante.

A fantasia da criança não conhece limites, pinta um quadro atrás do outro, conta uma história atrás da outra. Se quisermos conversar com uma criança desta idade, temos de entrar no seu mundo movimentado. E isso às vezes é muito difícil, pois nossa cabeça já está dura, não temos idéias. Perto da fantasia das crianças, nossas idéias parecem uma pedra cinzenta ao lado de uma borboleta. Mas, se quisermos trabalhar com crianças dessa idade, temos de pôr nossa cabeça em movimento, temos de desenvolver nossa fantasia. Os melhores professores para isso são as próprias crianças.

Por exemplo: um grupo de crianças montou uma gruta no meio da floresta, com galhos de árvores e pedras. No meio da floresta, as crianças puseram muitos bichinhos de madeira, e na gruta, esconderam os anões. Chegou a hora de arrumar. Então, em vez de dizermos: “Crianças, vamos arrumar, esta na hora”, vamos falar assim: “Você, Pedro, é o pastor que leva todos os animais para o estábulo. Já está de noite, eles precisam ir embora para descansar. E os anões já trabalharam muito dentro da montanha, vamos levá-los para sua casa. Agora, temos que chamar um lenhador. Você, José, quer ser o lenhador que põe toda essa madeira no seu caminhão?” E assim, sem interromper a brincadeira das crianças, podemos levá-las a fazer aquilo que precisa ser feito para seguir o ritmo do dia, neste caso, arrumar. ”

Outra fonte de imagens são os contos de fada: eles não descrevem acontecimentos reais, mas são imagens que espelham o que se passa dentro da alma humana. O príncipe e a princesa, o lenhador, a madrasta, o caçador, o soldado são imagens para qualidades de nossa alma. Todas as pessoas tem dentro de si uma princesa, e todos conhecem também o dragão, aquela força escura, explosiva, descontrolada, inconsciente, que ás vezes ameaça devorar a princesa, nosso ideal mais puro, mais íntimo. Também conhecemos o que significa perder-se na floresta e não achar o caminho de casa. As crianças compreendem estas imagens de uma forma direta. Elas vivem em imagens. Podemos, então, dizer para um menino que chuta, bate, esperneia descontroladamente: “Pedro, segure as rédeas, seu cavalo está disparando. Você precisa aprender a ser um bom cavaleiro”. Esta imagem vai tocá-lo muito mais profundamente do que se eu disser simplesmente: “Pare com isto! Bater é feio!”

http://www.rumo.com.br/prod,IDLoja,472,Y,3115306703557,Amp,True,IDProduto,36730,educacao-crianca-querida--i----renate-keller-ignacio

3 de ago. de 2011

O uso do giz de cera na educação infantil

Valdemar W.Setzer
vwsetzer@ime.usp.br – www.ime.usp.br/~vwsetzer

Tradicionalmente, a Pedagogia Waldorf (PW), tanto no lar quanto na escola, utiliza-se do Giz de Cera ("crayon" em inglês) em lugar de lápis de cor, caneta hidrográfica ou marcador. Creio que se pode apresentar as seguintes razões para isso:

•Na Pedagogia Waldorf, ensina-se a desenhar superfícies e nunca o contorno. O que vemos no mundo não são os contornos, e sim o espaço preenchido por cores. São as diferenças de cores que determinam as formas e os contornos. Fazer uma criança desenhar os contornos com linhas seria forçar um desenvolvimento intelectual precoce, já que contorno sem as cores é uma abstração que não corresponde à realidade percebida pela visão. Assim, é importante que a criança aprenda a criar os contornos a partir das superfícies, pelas diferenças de cores. É muito mais fácil preencher superfícies com cores usando giz de cera do que com lápis ou caneta. Em particular, os blocos (tijolinhos) são excelentes nesse sentido, principalmente por crianças pequenas.

•Com um lápis ou caneta hidrográfica a tendência é traçar linhas, e não criar superfícies completas preenchidas com cor. O giz de cera, por ser grosso, praticamente impede o traçado de linhas finas.

•Um lápis permite muito poucas nuances de cor, e praticamente nenhuma na grossura do traço que, aliás, é uniforme nas canetas hidrográficas. Por outro lado, com o giz de cera conseguem-se diferentes tonalidades de cor conforme se o aperte mais ou menos no papel. Juntando-se a isso grandes variações na grossura do traço pela inclinação do giz, obtêm-se formas muito mais plásticas. Note-se que na natureza cores uniformes só aparecem, e raramente, nos minerais. Nas plantas e animais, e também nas nuvens, rios e lagos, as cores nunca são uniformes. (O exagero da uniformidade de cor e portanto do artificialismo, prejudicial a crianças - que são seres muito ligados à natureza e ao ambiente, separando-se deles gradualmente até os 21 anos -, ocorre nos desenhos feitos com computador.)

•A textura do material é completamente diferente. No caso do lápis de cor entra-se em contato com um toco fino de madeira, envolvendo a grafite colorida que misteriosamente foi parar lá dentro. No caso da caneta hidrográfica, o contato é com um pedaço de plástico artificial, uniforme e de cheiro desagradável. No caso do giz de cera, a criança sente um material muito menos artificial; a cor do lápis ou bloco não é totalmente uniforme, e o contato é com o próprio material que vai produzir a cor no papel. No caso dos lápis e blocos da Apiscor, pude verificar que a quantidade de cera de abelha é considerável, pois o cheiro é o dessa cera, forte e delicioso. Seria interessante contar para crianças pequenas como as abelhinhas trouxeram o pozinho das flores para a colmeia, fizeram a cera para construí-la, essa cera foi colhida, e depois uma tia derreteu-a, misturando com tintas. Agora a criança pode usar o presente cheiroso das abelhinhas para fazer bonitos desenhos…

•É interessante comparar o giz de cera da Apiscor com outros que existem no mercado, principalmente quanto ao tato, consistência e qualidade da cor.

•Os giz de cera podem ser usados por crianças muito pequenas, logo que começam a rabiscar (cuidado com as paredes da casa...). Para crianças pequenas, o uso dos blocos é preferível pois a superfície para riscar é muito maior, e exigem menos coordenação motora para segurar. Nos jardins de infância e escolas Waldorf as crianças são incentivadas a preencher todo o papel com cores; a nossa visão também nos dá a impressão de um espaço colorido completo.

•Para crianças maiores, um efeito interessante é obtido desenhando-se 2 camadas grossas sobrepostas, com duas cores diferentes, e depois raspando-se a camada superior com algum objeto, apenas em alguns lugares. Um efeito especial é obtido quando a camada superior e preta.

http://www.sab.org.br/produtos/apiscor/giz.htm

A Educação WALDORF

A Educação Waldorf tem suas bases na Antroposofia - palavra de origem grega que significa "sabedoria humana". Tanto a Antroposofia como a Pedagogia Waldorf conta com uma extensa bibliografia. O catálogo de livros pode ser encontrado na Editora Antroposófica e a leitura irá ajudar a entender com que visão de mundo - e com que cuidados - o seu filho está sendo educado.

O que é a Pedagogia Waldorf

“O que é mais importante para um professor é sua concepção da vida e do mundo. A inspiração que flui no professor de sua concepção interior e a cada nova experiência, é carregada além na constituição anímica da criança a ele confiada.” Rudolf Steiner

A Pedagogia Waldorf, criada em 1919 na Alemanha, está presente no mundo inteiro. Uma das principais características da Pedagogia Waldorf é o seu embasamento na concepção de desenvolvimento do ser humano introduzida por Rudolf Steiner, orientada a partir de pontos de vista antropológico, pedagógico, curricular e administrativo fundamentados na Antroposofia. Nela o ser humano é apreendido em seu aspecto físico, anímico (psico-emocional) e espiritual, de acordo com as características de cada um e da sua faixa etária, buscando-se uma perfeita integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja, entre o pensar, o sentir e querer.

O ensino teórico é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque nas atividades corpóreas (ação), artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos estudantes; o cultivo das atividades do pensar inicia-se com o exercício da imaginação, do conhecimento dos contos, lendas e mitos, até gradativamente atingir-se o desenvolvimento do pensamento mais abstrato, teórico e rigorosamente formal, mais ou menos na época de ensino médio.
Essa não exigência de atividades que necessitam de um pensar abstrato muito cedo é também um dos grandes diferenciais em relação à outros métodos de ensino.

Nessa concepção predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades e não do mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e espirituais necessárias ao ser humano.

Qual a origem da Educação Waldorf?

Em 1919, em Stuttgart, na Alemanha, Rudolf Steiner - filósofo, cientista e artista austríaco - foi convidado por Emil Molt, o proprietário da Fábrica de cigarros Waldorf-Astoria, para uma série de palestras para os trabalhadores de sua fábrica.

Como resultado, os trabalhadores pediram a Steiner que fundasse e dirigisse uma Escola para seus filhos. Emil Molt apoiava e financiava a na concretização da idéia. Steiner concordou, mas - para tanto - colocou 4 condições: a primeira era a de que a Escola seria aberta, indistintamente, para todas as crianças; a segunda de que a Escola fosse co-educacional; deveria também ser uma escola com um currículo unificado de 12 anos e, por último, de que os professores da Escola fossem também os dirigentes e administradores da mesma. Queria que a Escola Waldorf tivesse o mínimo de interferência governamental e não tivesse a preocupação com objetivos lucrativos. Emil Molt concordou e em 7 de setembro de 1919, foi aberta a Die Freie Waldorfschule (A Escola Waldorf Livre).


Rudolf Steiner

Rudolf Steiner nasceu em 27 de fevereiro de 1861 em Kraljevec (Áustria). Apesar de seu interesse humanístico, despertado ainda na infância por uma sensibilidade para assuntos espirituais, cumpriu em Viena, a conselho do pai, estudos superiores de ciências exatas. Por seu desempenho acadêmico, a partir de 1883 tornou-se responsável pela edição dos escritos científicos de Goethe na coleção Deutsche Nationalliteratur.

Convidado a trabalhar no Arquivo Goethe-Schiller em Weimar (Alemanha), Steiner transferiu-se para essa cidade em 1890, onde residiu até 1897. Ali desenvolveu um grande interesse cognitivo e uma conseqüente atividade literário-filosófica, sendo dessa época sua obra fundamental A filosofia da liberdade (1894).Após alguns anos em Berlim como redator literário, passou a dedicar-se a uma intensa atividade de conferencista e escritor, no intuito de expor e divulgar os resultados de suas pesquisa científico-espirituais, de início no âmbito da Sociedade Teosófica e mais tarde da Sociedade Antroposófica, por ele fundada.

Em Dornach (Suíça), Steiner construiu em madeira o Goetheanum, sede da Sociedade (e mais tarde também da Escola Superior Livre de Ciência Espiritual), destruído em dezembro de 1922 por um incêndio e posteriormente substituído pelo atual edifício em concreto. Faleceu em Dornach em 1925, deixando extraordinárias contribuições.


Formação na Pedagogia Waldorf

Para se tornar um professor Waldorf é necessário, além da habilitação formal de professor, o curso específico na Pedagogia Waldorf. Atualmente o curso é ministrado na Escola Waldorf Rudolf Steiner, zona Sul de São Paulo, e tem a duração de quatro anos.

Rudolf Steiner, numa palestra em Oxford no ano de 1922, definiu as "3 regras de ouro" para um professor Waldorf: "Receber a criança em agradecimento ao mundo de onde ela vem; educar a criança com amor; conduzir a criança através da verdadeira liberdade que pertence ao Homem".

FONTE: http://www.espacobemviver.com.br/pedagogia.asp?pTexto=0

A PEDAGOGIA WALDORF

A Pedagogia Waldorf nasceu no início do século passado, com Rudolf Steiner, que estabeleceu as bases da Antroposofia, que aglutina um vasto leque de conhecimentos científicos e espirituais, tanto do Ocidente, como do Oriente.

A Pedagogia Waldorf surgiu em decorrência dessas pesquisas na esfera da educação, onde Rudolf Steiner inseriu suas teorias, de forma prática, em salas de aula. A grande missão da Pedagogia Waldorf consiste em considerar o aluno como um ser integral, dotado, além de seu corpo físico, de corpos sutis, como o corpo etérico, anímico e espiritual. Assim, o professor Waldorf tem como tarefa perceber que a criança é um ser dotado de aptidões e talentos que precisam ser despertados e encaminhados de forma harmoniosa. Na época, esta visão pedagógica revolucionou o ensino acadêmico, que se baseava em excesso de estímulos intelectuais, e o tornou mais consciente em relação à profundidade do universo infantil.

Rudolf Steiner ofereceu diversas ferramentas didáticas, ensinando os professores a como envolver a criança com narração de contos e histórias, aproximando-a da natureza, mostrando como partir de exemplos do dia-a-dia para explicar os conceitos abstratos, transformando as aulas, dessa forma, em vivências ricas e profundas. Cabe a um professor Waldorf trazer o mundo para a sala de aula. Para isso, ele deve ser um artista, e todo o ensino, uma obra de arte.

Nas escolas Waldorf, o ensino artístico é muito valorizado, como mediador entre a atividade pensante e a atividade física, pois através da arte, o sentimento flui como elemento regenerador e harmonizador. Desse modo, nas escolas Waldorf, as aulas de música, canto, pintura, recitação de poemas e euritmia (arte do movimento) encontram lugar de destaque.

Nas aulas de trabalhos manuais, as crianças aprendem a tecer, tricotar, costurar, modelar e a trabalhar com madeira, esculpindo, forjando, criando, e, reconhecendo nesses trabalhos, as conquistas da humanidade ao longo de sua história. É também uma forma de se ter contato com a matéria, além de ser estimulado o ritmo, a vontade e o respeito pelos trabalhos manuais.

Outra particularidade das escolas Waldorf, é que não se utilizam livros didáticos, deixando que os alunos construam seus próprios livros, anotando e desenhando em seus cadernos, dando vida, criatividade e individualidade ao seu próprio material didático.

As notas também não fazem parte da Pedagogia Waldorf, por não representarem a totalidade da criança.

O professor Waldorf acompanha. lecionando na mesma classe por oito anos seguidos, o que lhe permite conhecer profundamente cada aluno e apoiá-lo em seus talentos e dificuldades.

Na visão de Steiner, todo ensino deveria ser terapêutico.
Sempre se leva em consideração a faixa etária de desenvolvimento da criança e do jovem, os chamados setênios, que auxiliam na elaboração e exploração do conteúdo das aulas.

A Pedagogia Waldorf incentiva nas crianças a visão de que o mundo é bom, no primeiro setênio, de que o mundo é belo, no segundo setênio e de que o mundo é verdadeiro, no terceiro setênio. Possibilitando que as crianças vivenciem essas imagens no dia-a-dia da escola, esses ideais florescem como qualidades anímicas e mais tarde, no adulto, se tornam traços positivos de caráter.