11 de fev. de 2012

Mudança de Comportamento

Na  crise dos seis anos, a criança manifesta sua angústia por meio de rebeldia, dependência e medo.

MUITOS PAIS de crianças entre cinco e sete anos estão estranhando suas atitudes. “Minha filha está irreconhecível, fala palavrão e me desobedece”, escreveu uma mãe. “Meu filho está com comportamento adolescente, se rebela contra mim o tempo todo”, testemunhou outra.

É verdade: nessa fase da vida ocorrem mudanças. Algumas vezes reaparecem situações que aparentemente já haviam sido superadas. O medo, por exemplo.

A criança pequena expressa medo com frequência: do escuro, da bruxa, de ficar sem a mãe, de uma determinada música ou de um animal. Aos poucos, com o apoio firme dos pais, deixa de mostrar esse estado afetivo com tanta facilidade. Talvez não deixe de sentir medo, mas o enfrenta com recursos construídos ao longo do tempo.

Mas, perto dos cinco, seis anos, o medo pode voltar a aparecer. A criança tem pesadelos e, no meio da noite, se desespera, procurando a cama dos pais ou a companhia de um deles em seu quarto. E os pais que têm filhos nessa fase sabem muito bem o que significa procurar: se parece mais com exigir. Ah! E como os filhos sabem fazer isso bem, não é verdade?

Outro fato comum na vida da criança nessa idade é a necessidade da ajuda dos pais (da mãe, principalmente) para fazer coisas que, antes, fazia muito bem sozinha.

A mãe de uma garotinha de seis anos contou que, agora, toda santa noite, a filha choraminga para colocar o pijama, diz que não consegue trocar a roupa sozinha. Alguém duvida que a garota consegue fazer a mãe colocar o pijama nela?

Por que isso acontece? Entender o contexto desse momento do desenvolvimento infantil talvez melhore o relacionamento entre pais e filhos. Por isso, vamos pensar um pouco nessas crianças.

O primeiro fato importante a ser lembrado é que essa idade sinaliza uma passagem: a da primeira infância para a segunda -e derradeira- parte dela. Isso a criança intui com precisão.

Caro leitor, você acha que é fácil despedir-se dos primeiros seis anos de vida?

Não, não é nem um pouco fácil perder a segurança, mesmo que ilusória, transmitida pela presença constante dos pais. E a criança sabe que, a partir de então, terá de começar a caminhar na vida com suas próprias pernas.

É isso que significa crescer, fato que irá dominar a vida da criança a partir dos sete anos, mais ou menos.

A criança vive, então, uma crise por volta dos seis anos. E o modo que ela tem de expressar o que sente, mesmo sem entender muito bem, é mudando seu comportamento. Muitas ficam bravas com seus pais, como bem contaram nossas leitoras citadas. O problema é entender essa braveza como manifestação de agressividade, como muitos pais fazem.

A criança fica brava com os pais porque sente que está para perdê-los, esse é o ponto principal. E reagir ao comportamento do filho de modo igualmente bravo -colocar de castigo, punir, reclamar- tem sido bem comum.

Se os pais entenderem que a rebeldia, a desobediência, a dependência e o medo que a criança manifesta nada mais são do que sinais da angústia da separação que está por vir, poderão aquietar o filho com mais paciência, mais carinho, mais firmeza e tranquilidade.

E isso é tudo o que a criança precisa para saber que seus pais aceitam seu crescimento. E que irá contar com eles -em todos os sentidos- na continuidade de sua trajetória de vida.

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de “Como Educar Meu Filho?”

8 de fev. de 2012

Harmonia para os movimentos



Prática da pedagogia Waldorf, o chamado Extra Lesson começa a ser usado em escolas da rede pública para ajudar a reduzir as dificuldades de aprendizagem

Maria Cláudia Baima

abe aquela criança que diz que apanhou do coleguinha quando este apenas passou de raspão? Não se pode estigmatizar nem generalizar, mas a criança que se ressente facilmente com o toque dos outros pode estar enviando uma mensagem ao mundo do tipo "por favor, me diga exatamente onde eu estou!". A razão para essa reação pode ser o desconhecimento que ela tem dos limites físicos do próprio corpo ou de sua sensibilidade tátil. Esse sinal, mais adiante, tem boas chances de se transformar em dificuldades de aprendizagem. Para fazer uma avaliação dessa natureza, uma das opções que vem sendo difundida no Brasil nos últimos cinco anos é a adoção dos ensinamentos do chamado Extra Lesson, método criado na década de 1960 pela professora inglesa Audrey McAllen, ligada à pedagogia Waldorf, e que agora começa a obter bons resultados também em escolas de rede pública de São Paulo.

O Extra Lesson (EL) compreende uma avaliação detalhada e individualizada da primeira infância da criança e uma série de exercícios especiais de movimento, desenho e pintura, feitos para reorganizar habilidades motoras que possam ter sido pouco desenvolvidas do nascimento aos 7 anos de idade. Esses estímulos contribuem, segundo o método, para reduzir dificuldades de concentração e dislexias leves que podem causar problemas de aprendizagem. Quando detectado um sinal desse tipo, o professor faz um trabalho de pesquisa com os pais, em busca de informações sobre a criança. Ele procura saber quais foram as condições de nascimento, como aprendeu a andar e a falar, como brinca, quantas horas assiste TV, como é o sono, a alimentação etc.

Se, por exemplo, a criança não engatinhou ou usava muito o andador, pode estar aí a origem de um problema na aprendizagem. A criança que não desenvolveu bem sua motricidade passa a ocupar sua mente com uma espécie de compensação, dedicando um preciosa energia para funções motoras básicas que não foram trabalhadas desde cedo. Dificuldade em acompanhar com os olhos o que está sendo feito pela mão ou de trazer a informação contida no quadro, que está no plano vertical, para o plano horizontal da carteira são algumas seqüelas que podem ter origem nessa limitação. Com os exercícios do Extra Lesson, esses movimentos básicos são harmonizados de forma permanente, evitando que a criança precise "ligar" o raciocínio a cada vez que realizar um deles.

Como toda a pedagogia Waldorf, o Extra Lesson se fundamenta na antroposofia, método de conhecimento da natureza do ser humano, concebido pelo educador austríaco Rudolf Steiner (1861-1925) no início do século 20.

No Brasil

O Extra Lesson começou a ser aplicado no Brasil em 2000, por iniciativa de professores e pais do Colégio Waldorf Micael de São Paulo, sob a supervisão da pedagoga Maria Eugênia Obniski, que coordena um programa de formação sobre o método. Mais recentemente, começou a ser aplicado também em escolas da rede pública. Duas professoras da Escola Municipal de Ensino Fundamental Solano Trindade e a diretora da Escola Estadual Bibliotecária Maria Luiza Monteiro da Cunha, ambas em São Paulo, já têm formação em EL, aplicam o método e estão bastante animadas com os resultados.

Segundo a diretora Raquel Martins, "existe uma certa resistência porque o EL surgiu dentro da pedagogia Waldorf, mas os resultados são tão bons que as barreiras vão caindo aos poucos". Na escola de Raquel, o atendimento aos alunos começou a ser feito voluntariamente pelo terapeuta artístico (a terapia artística é outra área da antroposofia) e especialista em EL José Amadeu Piovani. "Depois de um semestre, vimos melhora de 60% dos casos; o primeiro resultado visível é a auto-estima, a criança se sente em condições de aceitar e de ser aceita pelo grupo. Em mais seis meses percebemos avanços no rendimento escolar".

Torcer o pano

Os exercícios de Extra Lesson são feitos com objetos como bolinhas de borracha de vários tamanhos, saquinhos de arroz e feijão, corda, bastão de cobre ou madeira e cartolinas para desenhos e pinturas. O objetivo é harmonizar o gestual da criança com os chamados movimentos arquetípicos humanos, aqueles que fazemos quase sem pensar. Em atividades simples como sovar uma massa de pão, esfregar uma roupa, torcer um pano, varrer o chão ou bater um bolo, vários desses movimentos são empregados. Mas, na era do fast food, as crianças não têm esse aprendizado em casa. Outro agravante é o fato de os bebês serem incentivados cada vez mais cedo a ficar na vertical. O certo, de acordo com o EL, é que a própria criança decida quando sentar, pois só ela sabe se sua musculatura está preparada para tal.

É por esse motivo que, nas escolas Waldorf, as salas de aula das crianças mais novas reproduzem os ambientes de uma casa, onde todos, espontaneamente e sempre por meio de atividades lúdicas, ajudam a professora a lavar e a torcer os paninhos, a limpar a mesa, a varrer o chão.

A Escola Municipal de Educação Infantil Ênio Voz, em São Paulo, é outra unidade de rede pública de ensino que vem tendo uma boa experiência com o EL. Crianças já diagnosticadas com DDA (Distúrbios de Déficit de Atenção) passaram a ser acompanhadas pelo Ambulatório Didático e Social da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica. Um grupo multidisciplinar, reunindo médicos e professores, foi organizado pela coordenadora do ambulatório e médica pediatra antroposófica Rita Rahme. "Vimos como é importante para os médicos a avaliação que os professores trazem. Estamos no segundo ano da experiência e temos a intenção de estender essa avaliação a todas as crianças que atendemos aqui no ambulatório", diz Rita.

Hoje o trabalho feito na Ênio Voz está sob a coordenação de Fátima Alexandrovitsch, psicóloga, e Regina Salvetti, bióloga formada em Pedagogia Curativa e EL. "O ideal seria avaliar todas as crianças antes de entrarem na 1ª Série do Fundamental; se a criança não está madura, encaminhamos para terapia ou orientamos o professor com atividades que as ajudarão com o conteúdo cognitivo", diz Regina.

3 de fev. de 2012

O movimento educacional independente mais disseminado no mundo

A Pedagogia Waldorf foi criada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, e a 1ª escola a utilizá-la foi fundada em 1919 em Stuttgart, na Alemanha. A cada ano, torna-se mais difundida e já é adotada em mais de 80 países, em função de seu currículo vivo, dinâmico e integrado, assim como por sua preocupação com o desenvolvimento global dos alunos, suas diferenças individuais e a ênfase em ajudá-los a descobrir suas capacidades e realizar seu potencial. Esse currículo é desenvolvido em bases antropológico/antroposóficas, tendo em vista a evolução física, emocional e espiritual do ser humano.
Veja um resumo das principais características da Pedagogia Waldorf para o ensino infantil e fundamental:
1. A educação infantil
A proposta da Pedagogia Waldorf para o primeiro setênio é criar um ambiente propício à formação e não uma pré-escola com informações ou ensino formal. O Jardim da Infância Waldorf é um prolongamento do lar e não uma ante-sala do ensino escolar. Na idade pré-escolar, a atuação da criança desenvolve-se em grande parte sob a simples forma do brincar. Brincando, a criança tem a oportunidade de satisfazer sua curiosidade, experimentando e descobrindo múltiplos materiais. O modo de brincar da criança é influenciado pela imitação e pela fantasia. Por isso, é dada muita importância aos contos de fadas e a outros recursos que estimulem sua fantasia: pedaços de madeira, sementes, panos, papel, tintas de aquarela, lápis de cera, massinha de modelar, conchas, pedras, toquinhos, etc. Também é importante haver ambiente arborizado, caixas de areia, água, balanças, escorregadores, pontes. Todo ambiente deve ser adequado à convivência e à fantasia. A euritmia e a música são introduzidas como atividades semanais.
2. A atuação continuada do professor
Cada grupo de alunos que ingressa no primeiro ano terá um(a) professor(a) de classe, que acompanhará essa turma, sempre que possível, durante os 8 anos de Ensino Fundamental. Além de ministrar as matérias básicas para as quais estiver apto, o professor tem, devido à intensa convivência com os alunos, a possibilidade de conhecer em profundidade cada criança e realizar um acompanhamento mais individualizado, e focado nas necessidades de cada uma delas. Na escola Waldorf, o professor de classe tem a missão de ser o Educador de sua turma, e o cerne de sua relação como educador é com os alunos, e não com as matérias. Ele também acompanha o grupo em viagens, estabelece um elo com as famílias das crianças e busca criar um grupo social integrado entre elas e a escola.
3. O Ensino em Épocas
A Pedagogia Waldorf utiliza o ensino em épocas para possibilitar aos alunos um maior aprofundamento nos grandes temas trazidos. Assim, por exemplo, é dada uma época de História por 3 ou 4 semanas, durante a qual o aluno vivencia uma integração de matérias em torno do tema abordado. Pode-se seguir uma época de Matemática ou de Português e assim, sucessivamente, as épocas se desenrolam ao longo do ano. O ensino em épocas possibilita aos alunos receberem os conteúdos de forma não fragmentada ou desconectada com o todo, ou ainda superficial. Através desse sistema, a criança pode efetivamente "mergulhar" em cada matéria e vivenciá-la profundamente.
4. Como educar o ser humano dos 7 aos 14 anos
Nesse segundo setênio de vida, a criança desenvolve sua vida emocional e sua ligação com o mundo e com as pessoas. Em seu dia-a-dia, ela necessita fundamentalmente de ritmo e também precisa aprender os conteúdos através de uma ligação com seus sentimentos. Aquilo que uma criança não vivencia, aquilo com que ela não se envolve ou não pode estabelecer uma ligação afetiva, será algo meramente decorado ou mecânico e tenderá a ser esquecido com o tempo. Por este motivo, o currículo desenvolve suas matérias de forma que os alunos possam integrar em seu aprendizado: o desenvolvimento do querer (atividades do fazer), do sentir (poesia, arte e música relacionadas aos temas que tocam interiormente a criança e que estão de acordo com sua idade) e o desenvolvimento do pensar. Nesse último, o objetivo é criar condições para que a criança aprenda a pensar e não simplesmente decorar as respostas acertadas. Por fim, atividades práticas - como trabalhos, viagens - levarão os alunos à aplicação concreta dos conhecimentos.
5. A forma trimembrada de uma aula
Para atingir o aprofundamento dos conteúdos básicos (matemática, português, história, geografia, mineralogia, química, etc.) a aula inicial, a qual é ministrada pelo professor de classe, tem a duração de duas horas, e segue-se uma composição que visa trabalhar harmoniosamente o desenvolvimento do querer, sentir e pensar da criança. A aula compreende atividades que visam desenvolver habilidades: físico/corpóreas, imaginativas, de memória, de raciocínio lógico, de reflexão, artística, de dicção e outras.
6. A integração da arte no conteúdo curricular
O elemento artístico não é utilizado como uma faculdade em si, mas como veículo didático para todas as matérias. Desde o 1º ano Waldorf, as matérias complementares, tais como Música Instrumental, Canto, Trabalhos Manuais, Artes Aplicadas, Pintura, Desenho, Desenho de Formas, Euritmia, Educação Física, Declamação, Dramatização e Teatro, acompanham o conteúdo curricular e são desenvolvidas de acordo com a idade. Estas matérias representam não só um complemento curricular, mas fazem parte de um todo que propiciará à criança um desenvolvimento saudável e global. O conteúdo de cada matéria segue a linha mestra. Esta "linha" tece o cenário no qual terá lugar o desabrochar da criança e o desenvolvimento das capacidades necessárias à sua harmonia. Nesse cenário, ela também poderá exteriorizar suas habilidades individuais.
7. O envolvimento dos Pais
É importante para a criança de 7 a 14 anos ter relações com a família, a escola e os amigos. Assim, é fundamental que se integre Família e Escola. Para tanto, são realizados encontros em que se conversa e se aprende sobre a criança. Cada professor de classe realiza reuniões bimestrais com os pais e dois encontros anuais de confraternização da classe, além de outros eventos, atividades e palestras na escola. Essas atividades objetivam os mesmos ideais: fazer da vida e do ensino que a criança recebe a melhor base para seu desenvolvimento harmonioso como ser humano. Toda Escola Waldorf tem como princípio a ativa participação dos pais na vida escolar de seu filho.
Créditos – este texto foi baseado em textos disponíveis no site da Escola Waldorf Micael de São Paulo.
Para conhecer as escolas Waldorf do Brasil, acesse www.federacaoescolaswaldorf.org.br

2 de fev. de 2012

Crianças Agressivas

Capítulo extraído do livro "Viver com Crianças" de Leonore Bertalot

Crianças inseguras são tímidas e preferem esconder-se a enfrentar um desafio ou qualquer situação desconhecida. Já aquelas chamadas "agressivas" reagem nervosas a todo obstáculo que se opõe a seus impulsos fortes e descontrolados.
Essas crianças são "auto-ativas", conscientes de si próprias, orgulhosas e facilmente irritadas. A sua aparente segurança e autoconfiança pode esconder uma carência, seja de calor de ninho, de ritmos na alimentação ou no dormir e acordar, e ainda de limites que proporcionem segurança e sirvam como pontos de referência.
Assim como a mãe é, geralmente, o primeiro ponto em que a criança pequena se apóia e confia, assim os hábitos do dia-a-dia, as refeições que se seguem num ritmo regular, a higiene e os encontros familiares representam para ela indicadores, fatos amigos que sempre retornam.
O organismo infantil se acostuma a esses ritmos que transmitem uma sensação de confiança e calma à alma sensível do pequeno ser que precisa orientar-se na vida dos seres humanos aqui na Terra.
Um ambiente agitado e barulhento, o que é bastante comum em nossas cidades, causa irritabilidade e agitação. O sistema nervoso da criança ainda está muito delicado, está em período de formação. No caso da criança hipersensível, é natural que ela se torne irrequieta e irritadiça, pois não sabe se defender contra tantas impressões.

Também é bom lembrar que o organismo da criança é como um espelho, é como um olho que reproduz o que vê. Gestos e palavras agressivas penetram fundo no organismo e formam o caráter, os hábitos.
O que podemos fazer?
Envolver essas crianças com muito carinho. Lembrar que ainda não estão em condição de dominar seus impulsos e instintos; que não é o seu verdadeiro ser que agride; que nestes casos a agressão é uma forma de chamar a atenção, um pedido de socorro. O nosso amor, a nossa oração em seu favor, a nossa paciência para com os ataques devem criar em nós a calma necessária para lidar com elas.

Se a agressão delas é reflexo do meio ambiente, pelo menos em boa parte, então, a calma carinhosa do educador também poderá refletir-se no comportamento dos educandos. A nossa confiança neles transmite segurança e ajuda a fazer aflorar em seu íntimo sentimentos afetivos para com o meio ambiente.
E, só resta tentar aplicar o que é óbvio. Cuidar do ritmo no dia-a-dia, colocar os limites possíveis e necessários. Tentar evitar os ataques, inventando alguma distração, como, por exemplo, sugerir: - Vamos fazer um tapetinho para a mesa do telefone? Preciso que você me ajude a descascar as batatas. Vamos chupar uma laranja. Vamos ver se o gatinho do vizinho já deu cria, etc.

Não há tempo para tais atividades? E o tempo que se perde durante o ataque, e depois, para juntar os cacos?

Em nosso programa diário é importante incluir momentos de dedicação exclusiva aos nossos filhos. Pode ser na hora de deitar, com uma história, por exemplo. Mas também é muito bom quando, durante o dia, uma criança tem toda nossa atenção e recebe elogios porque está lavando a louça ou aprontando a mesa. Com isto, ela adquire habilidades sociais, e a nossa atenção não reforça o egocentrismo que já costuma ser bastante expressivo nas crianças agressivas.
Sempre é bom verificar se a criança está sendo alimentada de forma adequada. Em todo caso, devem ser evitados exageros com doces, feijão, ovos, etc. Na revista Chão & Gente, publicada pelo Instituto Elo, saíram vários artigos bem instrutivos sobre o assunto.
A criança agressiva é imatura socialmente; ela é vítima da insegurança e confusão proporcionadas pela nossa civilização e merece que o meio ambiente a ajude a se encontrar corretamente na comunidade humana. O que a família não pode dar, deve vir do interesse altruísta de outros. Por isso a escola tem uma tarefa toda especial, colaborando com a educação em geral.
A televisão não substitui a carência de atenção e carinho. Ela só aumenta os problemas da criança, debilitando ainda mais a autodefesa, e, muitas cenas, nos programas, têm a característica de explorar, por exemplo, o instinto da agressividade.
Uma avó que goste de contar histórias folclóricas, contos de fada, pode oferecer o melhor remédio para qualquer criança, carente ou não. Vale tanto como o leite materno, amamenta a alma. E uma dica: quanto mais vezes recontar a mesma estória, maior será o efeito tranqüilizador para a agitação e a hiperatividade desgastante.
A propósito, recomendamos esse procedimento para a vovó Edwiges, que pediu orientação sobre o tema aqui tratado: o netinho dela talvez gostasse de ouvir muitas, muitas e mais vezes a história dos três porquinhos, que construíram cada um uma casinha para si. Um usou um monte de palha, outros gravetos e galhos, e o último a ter sua casa pronta, feita de pedras, viveu feliz e tranqüilo, porque o vento não destruiu e o lobo não invadiu o seu lar aconchegante e bem protegido. O fim da história poderia ser que esse porquinho fosse convidar seus coleguinhas menos afortunados a morar com ele, ou algo assim.

1 de fev. de 2012

Depoimento de uma ex aluna da Viver Escola Waldorf de Bauru



Hoje é um dia especial para mim, é o aniversário da escola Viver!

Bom, como aluna Waldorf, tenho a dizer que essa escola fez a grande diferença na minha vida. A pedagogia Waldorf forma pessoas livres e conscientes de seus talentos, nos ensinando a amar a natureza e o ser humano exatamente como ele é.. sem rótulos ou preconceitos.

A diferença da pedagogia, na minha opinião, é que ela nos ensina a trabalhar com as emoções, a arte, a música, a natureza, o teatro e a literatura, nos trazendo a verdadeira consciência interior que habita na alma do ser humano.

Cada experiência, cada momento do nosso dia, é preciso arrancar do baú algo que nos equilibre e nos torne pessoas emocionalmente inteligentes e atuantes. Pois, só quem realmente se conhece pode reconhecer-se no outro. O mundo necessita de pessoas emocionalmente inteligentes que se amem, que se respeitem e amem o mundo onde vivem. Para mim, amar é cuidar, é zelar, orar, preservar, compartilhar algo que seja bom para todos. Pois no palco da vida é preciso conseguir adicionar boas emoções às experiências vividas para nos tornarmos eternos perante a divindade.

Pois até hoje sei que preciso derrotar o dragão, dia a dia e preciso da ajuda de São Michael. Que outra escola me ensinaria o segredo da felicidade com tanta simplicidade e sabedoria? Que outra escola me ensinaria que vitorioso é aquele que vence a si próprio (o dragão) ao invés de declarar guerra ao mundo?

O caminho da consciência é sem dúvidas o mais difícil mas, na minha opinião, perder-se de vez em quando é necessário, pois só assim temos a felicidade de nos encontrar e caminhar com fé, paz e esperança.

Para pessoas especiais, professores especiais, pais especiais e alunos especiais que se encontraram se reconheceram e se entrelaçaram e que, juntos, constroem caminhos a pequenos passos....Salve! Escola Viver

Obs: Obrigada amada professora Cláudia que me ensinou a dar o melhor de mim em tudo o que eu fazia e que me ensinou que a perfeição é algo divino mas nós como seres humanos deveríamos trabalhar nossos talentos para sentirmos completos e realizados na vida!

Obrigada Dolores pela fidelidade e amor a escola....

Obrigada Mané, poeta cultivador de flores....

Obrigada Tia Lu pela educação e carinho....

Obrigada alunos queridos companheiros de jornada.....

Obrigada jardineiras cultivadoras de pequenas flores encantadas......

Enfim, obrigada a todos que fazem ou já fizeram parte desse educandário de almas e revelador de talentos que é a Escola Viver.....

Lorrine Puga (formada pela primeira turma da Escola Viver)








fonte: facebook em 01/02/2012.