30 de mar. de 2012

Homenagem à Rudolf Steiner nos 87 anos de sua morte

Ha 87 anos a humanidade se despedia de um grande benfeitor, Rudolf Steiner. Minha homenagem com a citação de algumas obras:

"Não devemos perguntar o que o ser humano precisa saber ou dominar para viver dentro da estrutura social que aí está: mas devemos perguntar-nos o que está predisposto nesse ser e o que pode ainda ser desenvolvido. Assim, será possível, sempre, acrescentar à estrutura atual o que fazem dela os seres integrais que nela ingressam, e não se fará, da geração que vem crescendo, o que a estrutura social vigente quer fazer dela".

"Necessidade de fantasia, senso de verdade, sentimento de responsabilidade – estas são as três forças que constituem os pilares da pedagogia. E quem deseja assimilar pedagogia, imponha-se diante dessa pedagogia, como lema, o seguinte:
Permeie-se com capacidade de ter fantasia,
Tenha a coragem para a verdade,
Aguce seu sentimento para a responsabilidade anímica". Fonte: GA 293, final da palestra de 4/9/1919, p. 156. Revisão de VWS e de SALS..

"É necessário não deixarmos, de modo algum, que o elemento artístico de nossa cultura continue sendo visto como um artigo de luxo ao lado da vida séria, como uma distração supérflua à qual nos voltamos, mesmo que saibamos levar uma vida espiritual; temos de considerar que o elemento artístico permeia tudo, permeia o mundo e o ser humano como uma lei divino-espiritual". Fonte: GA 308, palestra de 10/4/1924, p. 56.

"Alegrias são dádivas do destino,
Que demonstram seu valor no presente.
Sofrimentos, ao contrário, são fontes do conhecimento
Cujo significado se mostra no futuro". Fonte: GA 40, p. 205. Na p. 286 está anotado “Para Eugenie von Bredow, de uma fotografia de Rudolf Steiner, Berlin, 2/2/1906”. Trad. VWS.

"Toda cognição que tu aspiras com o único fito de enriquecer teus conhecimentos pessoais, apenas para acumular tesouros em ti, desviar-te-á do teu caminho; toda cognição, porém, que procuras para tornar-te mais maduro no caminho do enobrecimento humano e da evolução cósmica far-te-á avançar um passo". Fonte: GA 10, cap. “O conhecimento dos mundos superiores”, pp. 22-23

"As pessoas tornam-se ou céticas ou místicas. As céticas sentem-se como mentes argutas, que podem duvidar de tudo; as místicas sentem-se como se estivessem permeadas pela divindade, abarcando tudo em seu interior com amor, conhecimento. [...] Pois aquilo que a humanidade deve almejar é o estado de equilíbrio: vivência mística no ceticismo, ceticismo na vivência mística. Não importa ser Montaigne ou [Santo] Agostinho, mas importa que o que é Montaigne seja iluminado pelo que é Agostinho, e o que é Agostinho seja iluminado pelo que é Montaigne. As unilateralidades levam o ser humano para uma ou outra corrente". Fonte: GA 184, palestra de 21/9/1918, pp. 27-8. Trad. VWS; rev. SALS.
Não posso esperar que algo mude lá fora na vida social se eu mesmo não me puser em movimento. 
Por que falamos hoje em dia tanto sobre a questão social? Porque nós nos tornamos completamente antissociais. Fala-se normalmente de maneira teórica principalmente sobre aquilo que não está presente na sensação e no instinto. Sobre o que neles está presente, não se fala teoricamente. Se houvesse sensibilidade social na humanidade, ouvir-se-ia muito pouco sobre teorias e agitações sociais. O ser humano torna-se teórico em algum campo quando lhe falta algo. Em verdade, as teorias são sempre sobre algo que não é real. Mas devemos hoje procurar a vida real, é isso que importa. Isso requer mais esforço do que desenvolver uma teoria. Mas o progresso humano não vai para frente, se ele não penetra realmente na vida, pois o espírito teórico é o que desintegrou nosso mundo, o que hoje aproxima nossa civilização do caos. E o espírito de vida é o único que pode conduzir-nos para frente. Fonte: GA 305, palestra de 28/8/1922, p. 220. Trad. VWS; rev. SALS.

Salutar só é, quando
No espelho da alma humana
Forma-se toda a comunidade;
E na comunidade
Vive a força da alma individual.
(Este é o motivo condutor da ética social)
Fonte: GA 40, p. 256. Trad. VWS.

"A maior manifestação divina é o ser humano em desenvolvimento. Quando se conhece esse ser humano em desenvolvimento não apenas do ponto de vista meramente exterior, anatômico-fisiológico, quando se reconhece como alma e espírito se lançam, fluem para dentro do corpo, então todo conhecimento humano transforma-se em religião, em veneração devota, tímida, frente ao que flui para a superfície do mundo a partir das profundezas divinas." Fonte: GA 307, palestra de 11/8/1923, p. 135. VWS, rev. SALS.


"Como seres humanos nós andamos; mas existe o chão sobre o qual andamos. Ninguém se sente restringido no andar pelo fato de ter o chão sob seus pés. Pelo contrário, o ser humano deveria saber que, se não fosse o chão, ele não conseguiria andar, estaria caindo por toda parte. Assim também é com a nossa liberdade. Ela necessita do chão do determinismo. Ela precisa elevar-se a partir de uma base. Essa base somos nós mesmos." Fonte: GA 235, palestra de 23/2/1924, p. 34.

27 de mar. de 2012

O QUE SE DEVE DESENVOLVER NA ESCOLA WALDORF

(...) Assim, o que realmente acontece é que a cultura moderna, que aliás atua tão maravilhosamente, que nos fez chegar tão perto de certos fenômenos da natureza, na verdade nos distanciou do ser humano. 
É fácil compreender que, sob esse aspecto, o ramo da vida cultural que mais sofreu é o que tem a ver com a formação, com  o desenvolvimento do vir-a-ser do homem, com a educação, com o ensino da criança. Pois o homem só pode ensinar quando compreende o que tem de formar, o que tem de estruturar, assim como o pintor só pode pintar se conhece a natureza, a essência das cores, e o escultor só pode trabalhar se conhece a essência de seu material, e assim por diante. O que é válido para todas as artes, em que se trabalha com materiais exteriores, por que não deveria valer para a arte em que se trabalha com o material mais nobre que se apresenta diante do homem, que é entidade humana, seu vir-a-ser, seu próprio desenvolvimento?  
Com isso, no fundo, já nos é apontado que toda educação e todo ensino precisam brotar de um verdadeiro conhecimento do ser humano. Essa arte de educar, totalmente baseada num verdadeiro conhecimento da essência humana, é o que procuramos desenvolver na Escola Waldorf.

Trechos de A METODOLOGIA DO ENSINO E AS CONDIÇÕES DA VIDA DO EDUCAR– GA 308 – Rudolf Steiner

17 de mar. de 2012

Minha história: Gratidão e Perspectiva de Pais Waldorf



Tudo começou quando eu estava grávida de meu primeiro filho, em um bate papo informal com um casal de amigos que haviam mudado de Marília para Bauru e procuravam uma escola para o filho mais novo. Perguntaram-me: “Você conhece a Escola Waldorf???” Eu nunca havia ouvido falar e me interessei pela forma que me foi apresentada.

Tocada com a “pincelada” sobre a proposta, perguntei para uma outra amiga se ela conhecia a tal Escola e ela me respondeu: “aqui em Marília tem uma para crianças pequenas”. Curiosa, pedi para ela me levar até lá.

Fiquei emocionada e maravilhada com a proposta da pedagogia de criar seres livres, respeitando cada fase do desenvolvimento humano, dividida em setênios por Rudolf Steiner.

Após alguns meses Raul nasceu e, quando estava com quase dois anos de idade, resolvi leva-lo para a escola a fim de proporcionar a ele contato com outras crianças.

Foi nossa iniciação na Escola Waldorf, em 2007. Uma experiência muito gratificante para nosso filho e para nós, pais.

Logo depois nasceu minha segunda filha, Heloísa. Igualmente, com quase dois anos de idade foi para o maternal da Escola Waldorf em Marília.

Os anos se passaram, a primeira infância do Raul estava chegando ao fim e era hora de pensar no 1º ano do Ensino Fundamental.


Infelizmente, ou felizmente, ou os dois, a escola Waldorf de Marília não deu o passo para o fundamental e nós, então, certos da escolha que fizemos, mudamos para Bauru para poder estudar nossos filhos na Escola de Rudolf Steiner.

Fomos muito bem recebidos, as crianças amaram a Escola e seus novos professores.

Na primeira reunião com a professora de classe, bem como na recepção dos “pais novos” fomos chamados não só para apoiar a escola, mas para entender sobre como nossos filhos iriam aprender e o que poderíamos fazer para melhorar essa experiência em casa. 

Estamos com um mês de aula e já confeccionamos a primeira ferramenta para nosso filho. Os bambus, afinados, lixados e polidos viraram as agulhas de tricô a serem utilizados pelas nossas crianças do 1º ano... Satisfação para nós, pais, e para eles que acompanharam todo o processo. Ao mesmo tempo em que brincavam, vinham conferir de pertinho como estavam ficando suas agulhas..

A riqueza dentro da escola pode ser acessada em inúmeras oportunidades. Temos grupos de estudos antroposóficos, ciclo de palestras, exposição pedagógica no bazar e um extenso calendário de reuniões...

Estudamos, aprendemos sobre Rudolf Steiner e Educação Waldorf. Hoje, estamos familiarizados com o ensino, com a importância dos professores na vida das crianças. Posso dizer que crescemos com a educação e aprendemos com ela a cada dia.

Eu e meu marido nos juntamos aos representantes de classe, participamos do primeiro mutirão do ano, estamos na comissão de comunicação e também no grupo organizador da comemoração do aniversário de 25 anos da Escola. Demos o primeiro passo da longa caminhada até o 12º ano da filha caçula, que hoje está no jardim.

Deparamos-nos diariamente com o entusiasmo dos professores, com gratidão, e inspirados por tudo o que eles oferecem. Nosso entusiasmo pela Pedagogia Waldorf cresce juntamente com o aprendizado. Nossas habilidades aparecem... Estamos até cantando no coral da escola!!!

Como é bom fazer as coisas ali.  Participar da Escola, da educação das crianças.

Quando olho para trás, vejo sinais de gratidão pelas pessoas que me levaram para este mundo, de ser hoje uma pessoa que nunca poderia ter sido em qualquer outro lugar.

Obrigada Ana Lúcia e Val, Ana Carla, Ângela Leonel, Professora Eli Domingues e toda comunidade da Viver Escola Waldorf de Bauru!

15 de mar. de 2012

A IMPORTÂNCIA DA FEBRE PARA AS CRIANÇAS

Febre – ou hipertermia - é o aumento da temperatura do corpo, acima da média considerada normal que varia entre 36°C e 37, 8°C dependendo se a medição for feita no reto, oral ou axilar. Abaixo de 36 graus temos uma hipotermia.

São núcleos localizados no hipotálamo, no nosso cérebro, os responsáveis pela conservação da nossa temperatura corporal através de ajuste entre os mecanismos de geração e conservação de calor de um lado e de dissipação do calor e redução da temperatura corporal de outro.

Fisiologicamente o organismo usa os seguintes mecanismos para aumentar e manter a temperatura:

- Trabalho muscular;
- Tremores;
- Diminuição do calibre dos vasos sanguíneos;
- Preferência pelo calor;

Assim como temos mecanismos para diminuir a temperatura:

- Aumento do calibre dos vasos sanguíneos;

- Preferência pelo frio;

- Sudorese.

Causas

Até mesmo exercícios prolongados podem provocar um aumento da temperatura, também a exposição exagerada ao sol, chamada Insolação ou Intermação. Mas na grande maioria dos casos, nas crianças, as febres são causadas por vírus, ou seja, são uma reação do organismo a agentes estranhos ao nosso corpo, vulgarmente chamados de germes e micróbios.

Então a febre não é uma doença como muitos a tratam, mas o sinal de que o organismo está atuando com suas defesas em favor do todo.


É cientificamente comprovado o fato de que a maioria dos vírus não consegue se multiplicar em temperaturas elevadas e assim o combate sem critérios às febres acaba por estender por longo tempo um estado que só deveria ocorrer por poucos dias. Algumas bactérias também são destruídas por temperaturas mais elevadas.

A febre na visão da medicina ampliada pela antroposofia

O calor é o portador do EU, e o nosso EU só se liga ao corpo físico no decorrer do desenvolvimento.

Quando nascemos temos um corpo que foi plasmado pela mãe e no transcorrer, principalmente dos primeiros sete anos de vida, devemos transformar esse corpo em substância própria, individual. As febres infantis seriam momentos em que o EU tenta penetrar mais intensamente no organismo causando “crises”.

Desse modo poderíamos encarar cada episódio febril como um rejuvenescimento onde o velho corpo herdado seria substituído por um novo mais adequado àquela individualidade.

Sendo um dos primeiros sinais de combate a uma infecção, a natureza produz febre para capacitar o organismo a se fortalecer. Cada êxito que o organismo tem em neutralizar uma bactéria, ou vírus, torna-o mais competente para combater as próximas infecções. Assim quanto mais se impede a ação natural da febre, mais ocorre a probabilidade da criança se reinfectar novamente, situação bastante comum pela constante ação contrária à febre. Por exemplo, com o comum uso de medicamentos para abaixar a febre. Além de que ir contra a febre predispõe o sistema de defesa do organismo (sistema imunológico), a ficar confuso frente às situações comuns facilitando alguns distúrbios. É o caso das alergias que são uma resposta exagerada frente a um estímulo. Ou o freqüente achado clínico de hipotermia em pacientes com câncer.

Quando procurar um médico?

Como dissemos cada estado febril é uma crise e nós passamos por vários momentos de crise durante nosso desenvolvimento físico e espiritual, mas toda crise envolve riscos e o ideal é que ela seja observada com carinho e atenção não permitindo que ultrapasse certos limites que cada ser apresenta.

Na avaliação da criança febril os pais precisam de um mínimo de segurança e tranqüilidade no julgamento de seu estado. Segurança é fruto do conhecimento e da experiência. Quando falta segurança vem o medo que a criança percebe e imita. Sempre que houver insegurança ou dúvida, deve-se procurar o médico de imediato.

Sugestão prática na avaliação da febre

- Lactentes (bebês de peito): em caso de febre sempre procurar o médico;

- Febre maior que 39º, e que dure mais que 72 h;

- Febre que reaparece após um período sem febre de mais de 24 hs;

- Abatimento acentuado e “gemência”, mesmo após controle da temperatura;

- Surgimento de outros sinais: lesões na pele, diarréia, dor de garganta, vômitos contínuos, dor de cabeça, etc..

Como manejar

- A febre tem um caminho natural, indo da cabeça em direção aos pés. Constatando a febre, ponha a mão nos pés. Se estiverem frios significa que ela está caminhando e não completou o seu trajeto. Então, toda criança com febre deve ser agasalhada. Quando se tem um suadouro após uma febre, significa que ela realizou o seu trabalho naquele momento;


- Os banhos são a melhor forma de controlar a temperatura;

- Nunca usar água fria ou álcool, pois podem causar uma queda brusca da temperatura e conseqüentemente hipotermia;

- Banho de imersão nos menores, ou escalda-pés nos maiores, com limão. A água deve estar um pouco abaixo da temperatura da criança (tépida). Cortar e espremer um limão dentro da água (abaixo da linha d’água). Deixar por 10 minutos. Se necessário, repetir.

- Rodelas de limão na sola dos pés. Corta-se o limão em rodelas e coloque uma a uma em fila na sola dos pés subindo até a “batata” da perna. Prender com uma faixa ou meia grossa. OBS.: os pés devem estar aquecidos no uso do limão, se não estiverem, aqueça-os antes friccionando-os;

- Chá de flores de Sabugueiro para estimular a sudorese. Líquidos à vontade para eliminação das toxinas, em forma de sucos de frutas, chás e água;

- Dieta leve sem óleo ou frituras, evitando carnes, ovos, leite, leguminosas, enquanto durar a febre. Respeitar a falta de apetite da criança: se forçar a alimentação provoca-se náuseas e vômitos.

Convulsão febril

Eis um grande fantasma para a maior parte dos pais e responsáveis das crianças.

A convulsão febril ocorre em crianças de 6 meses a 5 anos de idade. Não é a temperatura muito alta quem desencadeia a convulsão, mas a rapidez com que ocorre a variação de temperatura. Quedas bruscas de temperatura também são causa de convulsão como nos banhos de água fria ou com álcool. A convulsão febril apesar de assustadora para os pais, não deixa seqüelas. Muitas vezes é confundida com tremores que na verdade são somente um mecanismo fisiológico de aumentar a temperatura como dito anteriormente.

Prevenção

O natural é que a criança tenha alguns episódios febris durante seu desenvolvimento, mesmo na visão alopática, o que mostraria um desenvolvimento do sistema imunológico.

E na visão antroposófica, esses episódios seriam aproveitados na transformação de um corpo próprio.

Mas podemos atuar preventivamente para que essas crises sejam ultrapassadas tranqüilamente, sem intercorrências, resultando unicamente em benefícios para a criança. E a principal medida é alimentar:

- Uma alimentação correta, sadia para cada fase da vida é a melhor medida preventiva de qualquer doença.

- Preservação do ritmo sono-vigília. Uma criança necessita de pelo menos dez horas de sono para manter-se saudável.

- Uma outra medida preventiva é a manutenção do equilíbrio do nosso corpo calórico, cuidar para que as crianças tenham suas extremidades sempre aquecidas.

Com esses pequenos cuidados, tão simples, damos às crianças a oportunidade de se desenvolverem bem e terem um futuro bem mais saudável.

http://www.alumiar.com/saude/48-medica/908-aimportanciadafebreparaacrianca.html