25 de nov. de 2013

O Arco-Íris Um Mistério do Advento

Alfred Heidenreich

O arco-íris é uma das manifestações mais maravilhosas que a natureza produz. A criança contempla toda encantada e também para o adulto do nosso duro presente ele não deixa de ser tocante.

O arco-íris é uma imagem geral humana, luzindo por sobre justos e injustos, falando ao puro sentimento humano independente de povos ou raças. Sentimo-nos melhores e elevados, e fortalecidos em nossa confiança no mundo, sempre que sobre um banco escuro de nuvens vemos estendido o reconciliador arco de cores. Nele, a luz e a treva se interpenetram, levando ambas a harmonizar-se, criando um espelho onde, em beleza singela, se refletem profundos mistérios da vida. E a cada vez suas cores brilham magníficas como nos primórdios da Criação.

Não é de admirar que os povos de todos os tempos tenham visto no arco-íris um sinal dos deuses. Se abrirmos o Antigo Testamento, no capítulo 9 do Gênesis, lemos sobre o "sinal da aliança" que o Jeová estabeleceu após o dilúvio. E Jeová falou: "Assentei meu arco nas nuvens; ele deve ser o sinal da aliança entre mim e a terra. E quando acontecer de eu conduzir nuvens por sobre a terra, será visto meu arco nas nuvens. Então me lembrarei da aliança entre mim e vós e todas as almas viventes".

Se olharmos para o arco-íris com os olhos dos antigos gregos, precisamos estar especialmente abertos para sua natureza cromática, seu esplendor e sua plenitude de cores. Ele era para os gregos a fonte de onde os deuses alimentavam a terra com cores. Nele, se constituía toda a manifestação colorida que de maneira tão diversificada se encontra difundida pela terra. Onde o arco-íris toca a terra, por ali suas cores jorram para ela, assim pensavam eles. Ele era a paleta liquida dos deuses, da qual todas as coisas obtinham sua cor.

Para os antigos germanos o arco-íris era a ponte que levava ao Walhalla. As almas bem-aventuradas dos guerreiros de escol que habitavam o Walhalla, cavalgavam por ele para a terra, através dele os heróis tombados na luta alcançavam o castelo dos deuses. Bem alto, ele se estendia por sobre a existência comum, simbolizando o fato de que Deus e o homem não estavam separados para sempre.

As três imagens lendárias dão prova da crença na natureza divina da luz, que se revela no arco de cores e mostra sua amplitude. Todas as três contém um maravilhoso cerne de verdade. O mesmo Deus que fala ao ouvido do homem: Eu sou o A e o O, - a soma e o resumo de todos os sons, a palavra universal, o Logos - fala também aos olhos do homem, Vê, Eu sou o vermelho e o azul - soma e resumo de todas as manifestações coloridas, a luz universal. No formar-se e extinguir-se o arco-íris, é a palavra de mistérios de Deus: Vê, Eu sou o A e o O, traduzida para a linguagem da luz.

É interessante notar, como a revelação divina se misturava com o respectivo caráter do povo. Os antigos hebreus, que por primeiro na humanidade desenvolveram o pensamento intelectual, revestiam sua vivência com a linguagem do direito. Esse povo, o qual tinha o elemento jurídico no sangue desde o princípio, considerou a revelação de Deus como uma aliança, como um contrato. Os gregos, que olhavam para o mundo com uma alma infinitamente sensível, abarcavam a verdade que contemplavam com sentimento artístico. Expressavam-na em imagens de contos artísticos. Os antigos germanos eram dos três povos o mais jovem, que com ingente vontade juvenil, ingressaram na História. Assim, também abarcaram a revelação cósmica divina com sua natureza volitiva. O arco-íris tornou-se ponte pela qual se podia tomar o céu, de assalto. Mas no Cristianismo, onde é o lugar para o arco das cores? Podemos deixar-nos conduzir a ele por meio das orações da época do Advento do Ato de Consagração do Homem. Essas orações mencionam as imagens da natureza que profeticamente falaram aos olhos dos antigos sábios. Elas também se referem ao luzir do arco-íris que se estende pelo céu. Mas elas também nos ensinam a entender, que a antiga vivência do arco de cores a certa altura começou a extinguir-se, os poderes divino-espirituais deixaram de estar presentes nele. Embora ainda hoje seja tão belo quanto antes, o é, todavia, como obra de Deus. Ainda hoje admiramos sua beleza com olhar pensativo, mas seria inadequado cair de joelhos e adorá-lo. Nos tempos antigos isto era diferente, pois os seres divinos habitavam nele. Estes o abandonaram. E para onde foram? Entraram no envoltório de um homem. O A e o O que dantes falava ao homem pelo sussurrar da floresta, pelo murmúrio das águas, pelo sopro do vento, pelo rugir da flama, quando chegou a virada dos tempos passou a soar na boca de um homem: Eu sou o A e o O. E a luz cósmica espiritual, da qual jorrava a sabedoria para o homem a partir do carro solar e do esplendoroso arco de cores, quando o tempo se cumpriu, jorrou de um ser humano: Eu sou a luz do mundo. O que antigamente falava ao homem lá fora no cosmos, através do arco colorido, hoje fala ao homem através da auréola de Glória do Cristo. Na aura do Cristo, na Glória do Cristo, fala de um novo modo. Assim o vemos até pintado no quadro dos nossos altares. E agora, o homem, que em si abrigou o Cristo, deve irradiá-lo para a Natureza exterior. Agora, o homem, em amor e conhecimento, deve devolver a palavra que o Cristo lhe trouxe das alturas do céu. Agora a luz espiritual deve responder dentro do homem, quando a beleza do arco-íris encanta seus olhos sensoriais. Então o mundo voltará a ser um, como era no princípio. 

18 de nov. de 2013

Meditação para os dias da semana - Rudolf Steiner

SEGUNDA FEIRA

Cereal: Arroz
Órgão: Cérebro, órgãos do sentido, pele
Planeta: Lua
Metal: prata

A fala. Dos lábios de quem aspira a um desenvolvimento superior só deve emanar o que tiver sentido e significado.

Todo falar somente por falar- por exemplo, com a intenção de fazer passar o tempo- é nesse sentido prejudicial.

Devemos evitar o tipo comum de conversa onde se fala de qualquer assunto, numa mistura inconseqüente, por outro lado, não devemos excluir-nos da convivência com nosso próximo.

É justamente no contato com os outros que a conversa deve assumir caráter de significância. Que se dê resposta a qualquer interlocutor mas de forma pensada em todos os sentidos! Gostar de silenciar. Procure falar nem demais nem pouco.Primeiro escutar, depois digerir. Esse exercício é chamado Palavras Certas.


TERÇA-FEIRA

Cereal: Cevada
Órgão: vesícula-biliar
Planeta: Marte
Metal: Ferro

As ações exteriores não devem perturbar o nosso próximo. Quando nosso ser íntimo (consciência) nos leva a atuar, devemos ponderar cuidadosamente sobre a melhor maneira de corresponder ao bem do todo, à felicidade permanente do próximo, à essência eterna.
Quando atuamos a partir de nós mesmos, por uma iniciativa própria, pesar de antemão a fundo os efeitos de nossa atuação.
Este é chamado também de AÇÃO ACERTADA


QUARTA-FEIRA

Cereal: Painço
Órgão: bexiga/pulmão
Planeta: Mercúrio
Metal: Mercúrio

A organização da existência. Viver de acordo com a natureza e o espírito; não se dissipar nas futilidades exteriores da vida. Evitar tudo que traz inquietude e agitação. Não atuar apressadamente, mas também não ser indolente. Considerar a vida como um meio para a atividade, para a elevação e agir em consequência.

Chama-se neste sentido também de PONTO DE VISTA CERTO.


QUINTA-FEIRA

Cereal: Centeio
Órgão: Fígado
Planeta: Júpiter
Metal: Estanho

A ASPIRAÇÃO HUMANA. Devemos ter cuidado de não empreender nada que ultrapasse as nossas forças, mas tão pouco deixar de fazer o que estiver dentro delas. Olhar além do imediato e do dia a dia, fixar metas (ideais) unidas com os deveres mais elevados do Homem, por exemplo, buscar desenvolver-se por meio dos exercícios indicados com a finalidade de poder ajudar e aconselhar ao próximo mais intensamente, embora não seja num futuro imediato.

Isto pode ser resumido em TRANSFORMAR TODOS OS EXERCÍCIOS PRECEDENTES EM DISPOSIÇÃO DURADOURA.


SEXTA-FEIRA

Cereal: Aveia
Órgão: Rim, Intestino
Planeta: Vênus
Metal: cobre

A disposição de aprender da vida o mais possível. Nada acontece que não se nos preste a experiências úteis na vida. Se fizemos algo de forma errada ou incompleta, isto será um motivo para fazer algo semelhante, numa ocasião posterior, correta e perfeitamente.

Vendo agir os outros, devemos vê-los sob o mesmo critério ( embora sempre com um olhar carinhoso). Não devemos fazer nada sem lembrar vivências que possam ser uma ajuda em nossas decisões e realizações. Pode se aprender muito de qualquer ser humano, inclusive de crianças.
Este exercício é chamado de MEMÓRIA CERTA, isto é, a lembrança certa da experiência que se teve.


SÁBADO

Cereal: Milho
Órgão: Esqueleto/Medula Óssea
Planeta: Saturno
Metal: chumbo

Prestar atenção às representações mentais ( pensamentos ). Ter somente pensamentos relevantes, Aprender a distinguir paulatinamente nos pensamentos entre o essencial e o acessório; entre o eterno e o efêmero; entre a verdade e a mera opinião.

Ao escutar o discurso do próximo, procurar permanecer calmo em intervir e renunciar a todo consentimento e, principalmente a todo juízo negativo (crítica, negação), também nos pensamentos e sentimentos.
Esta é a chamada OPINIÃO CERTA


DOMINGO

Cereal: Trigo
Órgão: coração
Planeta: Sol
Metal: ouro

Decidir-se ainda nos atos mais insignificantes, somente com base numa ponderação total. Afastar da alma todo atuar impensado, todo fazer desprovido de significado. Deve-se ter, para tudo, razões bem ponderadas. Deixar de fazer aquilo que carece de um motivo significativo.
Se estamos convencidos da retidão de uma decisão tomada, devemos nos ater a ela com toda a firmeza de ânimo.
Este é o chamado JUÍZO CERTO que não depende de simpatia ou antipatia.

17 de set. de 2013

Você sabe que é MÃE WALDORF quando...

Por mim...

-Leva uma rasteirinha dentro do carro para entrar na escola quando está de salto

-Mesmo com toda a pressa do mundo você leva seu filho até a porta da sala de aula
-Mesmo sabendo que isso se dá todos os dias, você se emociona ao ver o professor cumprimentá-lo com aperto de mão e olhando nos olhos
-Já programa o almoço para pelo menos uma hora após o sinal da saída sabendo que os filhos não querem ir embora da escola antes de brincar
-Aumenta em três vezes a quantidade de sabão para lavar roupas
-Nas festas da escola você compra os ingredientes, prepara, de véspera, o alimento com outras mães, monta e decora as barracas, vende e compra o que preparou
-Compra uma briga enorme com alguns para tirar a tão perigosa salsicha das festas da escola e ufa... consegue!
-Mesmo sem nunca ter pego em uma agulha leva artesanatos para casa para fazer, vender e comprar no bazar natalino
-Marca todos os seus compromissos depois das 9hs na segunda feira para poder assistir a Alvorada e ouvir o verso da manhã
-Vibra vendo seu filho tocar um instrumento mesmo quando está totalmente desafinado ou em desarmonia com o todo
-Participa como representante de classe por dois, três anos seguidos acreditando que o trabalho junto à professora pode ajudar no exercício de uma educação responsável e atenta
-Tem a porta da geladeira decorada com desenhos de Páscoa, São João, São Micael e São Nicolau.
-Conta ao seu filho a mesma história por 30 noites seguidas sabendo do resultado dessa persistência
-Mesmo cuidando da alimentação e do ritmo come, antes do almoço, um pãozinho preparado pelo filho na escola no caminho de volta para a casa
-Participa do Conselho de Pais acreditando que a multiplicação da Antroposofia e a troca de vivências tem um poder transformador dentro de uma comunidade fraterna
-Acredita que a escola Waldorf não é uma escola só para os filhos e sim para uma vida em comum-unidade
-Se descobre "mãe" de todos os pequenos quando uma criança da escola, perdida dos pais em uma festa, lhe pede colo e dorme em seus braços durante uma apresentação da Dança da Tocha
-Vibra com a colheita do rabanete da sala ao lado, com a apresentação do circo e com o teatro do 12º ano
-Percebe que sua roda de amigos vai tornando-se cada vez mais coerente no que se pensa, se sente e se faz... E fica imensamente feliz por isso!
-Vibra ao ver os amiguinhos de seus filhos comendo arroz integral, grãos, saladas e frutas quando almoçam em sua casa
-Esquece o que é desenhar com canetinhas, se interessando cada vez mais mais pelos gizes de cera de abelha e lápis lyra, contando os dias para seu filho escrever com pena e caneta tinteiro
-Fica totalmente encantada com os cadernos dos alunos, sem pautas, verdadeiras obras de arte
-Mesmo sofrendo com o processo de autodesenvolvimento e autoeducação não desiste de tornar-se um ser humano cada dia melhor
-Aprende a ouvir mais e falar menos
-Conclui que, mesmo sendo um ET para alguns, tem cada vez mais certeza da escolha que fez e sente-se cada dia mais feliz com esse grande impulso social que é a Escola Waldorf!! 

Gratidão!!

31 de ago. de 2013

Os quatro temperamentos

Por mim

Antes das características dos temperamentos, é importante entender que:

1-      O temperamento é o humor predominante, ele habita a região entre o corpo e a alma humana.

2-      O temperamento é incontrolável, não muda. É diferente da personalidade. Ele (temperamento) não deve galopar na personalidade.

3-      O temperamento é composto de duas tramas que o compõem: energia e excitabilidade.

a-      Energia: força/capacidade para suportar os golpes da vida;
b-      Excitabilidade: força/capacidade de reação.

4-      Não existe um ser humano com um temperamento puro. Tem um que se sobressai e três que mesclam.

5-      Para descobrir o temperamento predominante comece pela exclusão dos opostos.

6-      Existem, ainda, as tendências que variam em conformidade com o sexo.

7-      Os temperamentos são as cores refletidas no mundo.

8-      Em relação às cores:

a-      Luz: amarelo, vermelho, laranja.
b-      Trevas: verde, azul, purpura.

9-      Passamos por todos os temperamentos durante as fases da vida:
Ex: Bebê: fleumático, Criança até aproximadamente os 7 anos: Sanguíneo,  Adolescência: Colérico etc

10-   A entidade humana é portadora de 4 corpos:

*Físico – terra (também presente no reino mineral) – sentidos - hereditariedade

*Etérico- água – sistema linfático - ritmo - memória (também presente nos reinos vegetal e animal) Renova-se diariamente com o sono, das 21h às 3h. - hereditariedade

*Corpo Astral – ar (também presente no animal) - nervos – corrente espiritual
Uma forma de reativar o C.A. é admirar o belo. Parar e contemplar.

*Eu – fogo (somente humano = (auto) consciência)- sangue – corrente espiritual
Uma forma de reativar o Eu é evitar a crítica extrema/destrutiva.

TEMPERAMENTO COLÉRICO:

Tendências: Homem – Melancólico. Mulher- Sanguíneo
Elemento: Fogo
Trama: muita energia e muita excitabilidade
Cor: Vermelho
Verão. Quente, não gosta do inverno, de frio.
Animal: leão
Símbolo: Paus

Não suporta críticas. Adora desafios. Tem gestos curtos, rígidos, bruscos. Egocêntrico. Na matemática prefere a divisão. Na música a percussão. Evangelho de Marcos.

Andar: Firme, cravando os calcanhares no solo.
O “Eu” penetra até o calcanhar (quente)

Modo de falar: Forte, abrupto, enfático, vigoroso, apropriado, expressivo, convincente, irônico, explosivo.

Relacionamentos: amigável enquanto puder manter a liderança, fiel, leal.

Vestuário: Gosta de alguma coisa individual e peculiar.

Poder de observação: Examina o que interessa mas se esquece.
Memória: pobre

Interesse: O mundo, ele próprio, o futuro.

Atitudes: de comando, agressiva, eventualmente compreensiva.

Disposição: Entusiástico nobre, magnânimo, generoso, intolerante, impaciente, aventureiro.

Desenhos de crianças coléricas: vulcões, precipícios com a própria conquista de obstáculos. Cores fortes.

Características físicas: Baixo, atarracado, pescoço grosso, ereto, rosto cheio de ângulos, bocas pequenas, olhos ativos, geralmente sentam à beirada da cadeira.

Quase não adoecem, mas quando acontece caem de cama.

Órgão: fígado

Alimentação: refrescante, com cores quentes: melancia, líquidos. Condimentos. Cereal: Aveia.
Evitar: Bebida alcoólica, estimulantes.

Perigo: Raiva
Grande perigo: demência.

O educador (mãe, babá, professor) colérico deve dominar sua cólera. Se não o fizer a criança se assusta e aos 45/50 anos se tornará um adulto doente (sangue, metabólicas, reumáticas).

TEMPERAMENTO FLEUMÁTICO
Tendências: Homem – Sanguíneo. Mulher-melancólico.
Elemento: Água (formas arredondadas)
Trama: pouca energia e pouca excitabilidade.
Cor: verde
Semiconsciência
Outono.
Animal: boi
Símbolo: copas

Aparência amável, harmoniosa. Sempre feliz, ama comer e beber. Ri muito. Gestos intencionais, lentos e deliberados. Gosta de rotinas. Tem hábitos determinados. Olhos vivos, com brilho.  Na matemática: adição. Na música: piano. Evangelho de Mateus.

Andar: Lento, ondulante, lateral (marcas no sapato). Move-se esmagadoramente.
A alma permeia o corpo.

É lento para tomar decisões, mas quando decide sustenta.

Modo de falar: Ponderado, lógico, claro.

Relacionamentos: amigável, mas reservado (insensível, impassível), simpático, fiel, leal, honesto.

Vestuário: Tem um gosto conservador.

Poder de observação: Observa e relembra tudo com exatidão quando suficientemente desperto.

Memória: boa com relação ao mundo exterior.

Interesse: O presente sem envolvimento. Não se preocupa com o futuro. Não guarda mágoas.

Disposição: Estável, metódico, letárgico, confiável, satisfeito maternal, pontual.

Atitudes: objetiva.

Desenhos de crianças fleumáticas: Suave, branda, desinteressante, inacabada na aparência.

Características físicas: Forte, rosto redondo, com gorduras (tecido adiposo), quando mais gordinhos apresentam o “terceiro queixo”, olhos sonolentos, letárgicos, quase semicerrados.

Alimentação: Saladas, pimenta, temperos picantes. Açúcar bom: Mel, geleia, frutose.
Evitar: água durante as refeições, muito sal, gás (refrigerantes), alimentos que demoram germinar. Cereal: arroz.

Quando adoece não sai da cama
Sistema linfático.

Homeopatia: Mercúrio.

Perigo: Ausência de interesse pelo meio.
Grande perigo: Apatia com grande tendência à idiotia.

O educador (mãe, babá, professor) fleumático deve dominar seu não envolvimento com o externo. Se não o fizer paralisará o “assimilar” do aluno e este então terá uma grande possibilidade de desenvolver doenças degenerativas (esclerose, Alzheimer).

TEMPERAMENTO MELANCÓLICO:
Tendências: Homem – Fleumático. Mulher- colérico.

Elemento: Terra
Cor: Azul
Trama: grande energia, pouca excitabilidade.
Consciência.
Inverno.
Animal: águia
Símbolo: Ouro

Introvertido e reflexivo. Isolamento. Olhos sem brilho, trágicos, tristes, pesarosos. Pálpebras cerradas. Gosta de ocupação solitária. Gestos desanimados. Pouca flexibilidade. Apego material. Na matemática: subtração. Na música: cordas. Evangelho João.

Andar: Lento, com tendência a inclinar-se, marcha inclinado, com braços em movimento. Não corre, tem dificuldade de movimento das pernas. Arrasta os pés para andar.
A alma não consegue permear o corpo.

Modo de falar: hesitante, fraco, deficiente, não completando as sentenças.

Relacionamentos: fraco, tem simpatia somente pelos companheiros de infortúnio.

Vestuário: Escolhe roupas monótonas, sem vida, desleixadas. É difícil de agradar.

Poder de observação: Observa pouco, mas lembra de tudo.

Memória: boa com relação ao mundo que se refere a ela própria.

Interesse: Ele e o próprio passado.

Disposição: Auto- absorto, facilmente deprimível, medroso, desagradável, mal humorado, dramático, prestativo, artístico.

Atitudes: egoísta, vingativa, auto sacrifício em casos de sofrimento.

Desenhos de crianças melancólicas: Cores harmoniosas e fortes (tentativas de detalhar demais).

Características físicas: Grande, ossudo, membros pesados e a cabeça inclinada. Da cintura para baixo tem características mais rústicas.

Alimentação: Come pouco, é meticuloso. Gosta de alimentos doces.  Óleos extraídos a frio. Cereal: milho.
Evitar: raízes, batatas, mandioca, folhas.
Jogar fora as duas águas de cozimento da mandioca.

Sente um desconforto constante na região do peito.
Parte óssea.

Homeopatia: fósforo.

Perigo: Não superar seus sentimentos
Grande perigo: fanatismo.

O educador (mãe, babá, professor) melancólico deve dominar sua frieza, sua distância. Se não o fizer o aluno terá uma grande possibilidade de desenvolver doenças cardíacas e digestivas na fase adulta (úlcera, gastrite).

TEMPERAMENTO SANGUÍNEO
Tendências: Homem – Colérico. Mulher- Fleumático.

Elemento: Ar
Cor: Amarelo
Trama: pouca energia, muita excitabilidade.
Primavera.
Animal: gato
Símbolo: espada

Aberto para o mundo, falante, atento, sensível, distraído. Luz. Volatilidade.
Excesso de movimento. Vivência com música. Impulsivo, vaidoso. Dificuldade de se envolver em grupos. Comunicativo, não guarda segredos, curioso, nervoso, vaidoso. Entusiasmado, musical, alegre, veloz, ágil, transparente. Na matemática: multiplicação. Na música: sopro. Evangelho de Lucas.

Andar: Leve, compasso rápido, disparando as pontas dos pés.

Modo de falar: Eloquente com linguagem floreada.

Relacionamentos: amigável com todos, caprichoso, inconstante, alterável.

Vestuário: Gosta de coisas novas e coisas coloridas.

Poder de observação: Observa tudo e esquece tudo.

Memória como uma peneira.

Interesse: O presente imediato.

Disposição: Mutável, inconstante, superficial, irresponsável, gentil, impaciente, amigável.

Desenhos de crianças sanguíneas: Muitas cores brilhantes, movimentos e detalhes.

Características físicas: Magros, rosados, olhos brilhantes.

Alimentação: Precisa se ligar a Terra. Deve comer raízes fundas, farinhas integrais, arroz integral. Cereal: painço.
Recusar: condimentos
Come pouco.

Homeopatia: cobre.
Cuidar da tireoide

Perigo: Muito volúvel
Grande perigo: Loucura.


O educador (mãe, babá, professor) sanguíneo deve prestar muita atenção no que as crianças dizem. Se não o fizer causará uma deficiência no corpo etérico do aluno e este então terá uma grande possibilidade de desenvolver doenças como depressão e doenças mentais na fase adulta.

27 de ago. de 2013

Pedagogia Waldorf: um bem social

Poderia um médico opinar sobre pedagogia?
Minhas filhas estudam em uma escola de Pedagogia Waldorf: a Escola João Guimarães Rosa. Ribeirão Preto tem a oportunidade de ter a pedagogia mais indicada para ser oferecida às crianças, e por isso ofereço minha visão a respeito.
A perspectiva do que é o ser humano do ponto de vista da Antroposofia pode ser retirada dos textos do Antroposofiando. Quem quiser acessar os artigos é só clicar no site doPeregrino, no setor de Antroposofia. Quem quiser ir atrás de mais literatura, veja os sítios na internet da Editora Antroposófica (www.antroposofica.com.br) e João de Barro (www.editorajoaodebarro.com.br).
No início de minha vida profissional demorei a compreender o que Rudolf Steiner propunha ao dizer que uma pedagogia exercida de forma correta teria um caráter de medicina preventiva. O que uma coisa tinha a ver com a outra? Eu me perguntava. Hoje entendo perfeitamente o que ele dizia. Uma pedagogia antroposófica propõe o ensino de acordo com a fenomenologia do desenvolvimento das crianças. Steiner lançou as bases dessa concepção pedagógica e quando a vejo sendo praticada dou-lhe plena razão. A Pedagogia Waldorf é mais do que levar uma proposta de saúde às crianças. Baseado na minha observação assim eu aponto:
- observo a professora cumprimentar individualmente a criança ao entrar na sala de aula: a criança aprende a ser saudada, a ser considerada e já recebe, portanto um primeiro contato no dia. As crianças fazem fila para isso e aguardam pacientemente a sua vez. Recebem um gesto de atenção individual, consideração, e aprendem a ter paciência, captam um exemplo de educação;
- as salas de aula têm número pequeno de crianças. Significa que o professor tem mais condição estrutural de conduzir o grupo e naturalmente há mais disponibilidade para atender as demandas individuais;
- as crianças pequenas não são avaliadas pelas formas das clássicas provas: não são levadas a uma situação de estresse tão habitual em nosso meio. Não são instadas a produzir sob essa forma de pressão. E não deixam de aprender por isso! E não formam adultos que só produzem sob pressão...;
- a metodologia Waldorf se utiliza do recurso da fantasia para o aprendizado. Os instrumentos da arte permeiam todo o ensino, o caráter e a identidade do método. Isso estimula a criatividade além de evitar que sejam incutidos quaisquer conhecimentos de caráter unilateralmente abstrato. Resulta que as crianças aprendem a correlacionar o conhecimento com o real fenômeno das coisas. Isso evita um ensino baseado unicamente na memória, em que o que é passado para ser aprendido não faz sentido. Seja na conexão dos conhecimentos, seja no porquê daquilo. Como reminiscência, lembro do quanto me perguntava enquanto garoto do que me serviria aquilo que era obrigado a aprender, além de que a escola era uma chatice só...;
- para tal, entre outras ações, também a escola põe no currículo, viagens anuais relacionadas ao conteúdo de cada ano. Uma oportunidade de aspirar e vivenciar um conteúdo vivo, palpável, real (num mundo repleto de estímulos virtuais = não verdadeiro);
- Minha filha mais velha usou de uma tarde inteira para me confeccionar um presente de aniversário. Ninguém a estimulou para isso. Ela tomou sua decisão, bolou o “projeto” e realizou a obra por completo. Afora minha satisfação por esse carinhoso presente, ela demonstrou iniciativa, criatividade e capacidade de execução. Eu sei que isso provém da Pedagogia Waldorf, que é baseada em estimular as crianças a criarem soluções que partam de si mesmas. Por isso tenho dialogado com ex-alunos de escolas de ensino Waldorf e tenho colhido relatos do quanto eles tendem a buscar soluções por livre iniciativa. As crianças são conduzidas a buscarem alternativas de resoluções por si mesmas, então é o ensino de aprender a aprender. E não o de repetir padrões ou usar de métodos bolados por outros. Que é a camisa de força tão comum em nossa sociedade. Caso das provas, não é? Onde se recebe maiores notas, por quanto mais se consegue apenas repetir com maior fidelidade aquilo que foi introjetado. É o equívoco de valorizar as pessoas multiplicarem padrões, o que enfraquece o afloramento das riquezas das diversidades e heterogeneidades individuais;
- quem for a Escola João Guimarães Rosa não pode deixar de olhar para o espaço e a arquitetura. O ambiente foi idealizado em compatibilidade com a sua forma de ensinar. Há uma forma orgânica, com movimento que “diz” algo de positivo aos seres humanos ali presentes. A arquitetura se nutre da mesma visão da pedagogia, buscando um todo harmônico;
- durante o percurso escolar das crianças ao longo dos anos, os pais são estimulados a participarem de diversas ações relacionadas aos seus próprios filhos e à comunidade escolar em geral. Enquanto nas escolas convencionais os pais pagam para não terem responsabilidades, nas escolas Waldorf, eles pagam para serem participativos. A estrutura de gestão praticada leva os pais a serem co-responsáveis por todas as atividades escolares. As festas são realizadas pelos professores, funcionários e pais. As alegrias, as satisfações, o engajamentos dos pais com a finalidade pedagógica leva às crianças exemplos de um acompanhamento conjunto e cuidadoso;
- o que sempre foi praticado, e que era um exemplo, virou lei no terreno pedagógico convencional: as crianças especiais são colocadas junto às crianças sem distúrbios, desde pequenas. O que isso leva? Uma natural observação de um ser em crescimento a ver que outras pessoas têm em si uma inerente dificuldade. Já de cedo se oferece a oportunidade de aprender a lidar com as diferenças, de ter tolerância, de lidar com posturas e ações colaborativas. E no decorrer do tempo, fica muito claro, o quanto as crianças que necessitam de cuidados especiais também são beneficiadas por esse processo;
- a música faz parte da rotina escolar, reforçando a premissa da arte. Suas manifestações elaboradas e adquiridas por cada classe são demonstradas para o público escolar nas chamadas festas semestrais. Ali se pode apreender um pouco do que é praticado dentro das salas de aula. Para mim que não fui aluno de um aprendizado Waldorf, essas festas são momentos tocantes por toda a beleza em sentido mais amplo, aí configurado. Percebo que para o grupo fazer uma apresentação musical, as crianças precisam prestar atenção às outras e sincronicamente saí o resultado de um trabalho de grupo, um exercício de coletividade, onde o amálgama musical junta as diferenças de cada um para formar uma conjunção harmoniosa, com muito treinamento e esforço implícito ali. Enfim, a música entre outros bens espirituais que nos traz, estimula a criança a ser disciplinada;
- as atividades escolares são elaboradas para oferecer uma evolução cognitiva, de acordo com o patamar de desenvolvimento neurobiológico das crianças. Esse bem de imenso valor sugerido por Steiner molda a forma de atuação dos professores: os ensinamentos somente são dados a partir do momento em que o ser humano, naquela fase de crescimento infantil, apresenta-se pronto para acolher o aprendizado. Então nada é levado a uma precocidade tão em voga atualmente. É como se a criança dissesse: agora estou pronta para aprender algo novo e com complexidade diferente. Isso não gera atropelamentos no desenvolvimento infantil e é prevenção para Disfunções Cerebrais Mínimas, por exemplo;
- outro bem: não há estímulos para competição. Há uma segura linha de ensino onde observo que as crianças vão evoluindo em conjunto no adquirir dos novos conhecimentos e com reflexo no comportamento social. Outro dia tive a ótima oportunidade de ver os adolescentes, em fase de saída da escola por estarem terminando seu ciclo, irem brincar de maneira organizada, com as crianças do primeiro ano. Presenciei uma sensível manifestação de alegrias mútuas devido àquela interação;
- Assim a Pedagogia Waldorf, não prepara os seres humanos para a competição, por exemplo, o vestibular. Ela prepara os seres humanos para a vida, para as suas escolhas individuais. Conduz os adultos a resolverem problemas de maneira criativa e partindo de uma livre iniciativa. Quem sabe de seu valor não precisa competir com o outro, não precisa medir forças, não precisa derrubar o oponente. Quem se autodetermina, tem auto-estima e certamente adoecerá menos.
Caso alguém queira olhar para os “resultados” da metodologia Waldorf, leia sobre “Os sete mitos da inserção social do ex-aluno Waldorf”, pesquisa elaborada pelo casal de pais da Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo, Wanda Ribeiro (socióloga) e Juan Pablo de Jesus Pereira (engenheiro civil e empresário), disponível na home-page da Sociedade Antroposófica no Brasil (www.sab.org.br).
Clínica Médica e Reumatologia Antroposóficas. Consultor Biográfico

20 de ago. de 2013

Nutrição Antroposófica


Por Marcelo Guerra


Alimentação equilibrada é sinônimo de boa saúde. Quem come moderadamente, procurando variar os alimentos e se preocupando com a sua procedência, certamente terá mais resistência às doenças, vigor, disposição e energia. Somos aquilo que comemos: quem ingere alimentos sadios terá um organismo são. As pessoas que consomem alimentos de origem duvidosa, ricos em substâncias artificiais (corantes e conservantes, além de adubos químicos e agrotóxicos na origem), açúcar e gorduras em excesso, certamente serão fortes candidatas a adoecer e desenvolver os chamados males da civilização, como excesso de peso, diabetes, problemas circulatórios, cálculos renais e na vesícula, entre outros.


Nas grandes cidades, porém, o ritmo de vida frenético faz com que as pessoas se alimentem mal, em horários irregulares, ingerindo rapidamente uma refeição ligeira nos fast-foods. Somos bombardeados pela mídia com apelos irresistíveis e procuramos compensar nossas carências e problemas emocionais comendo coisas “gostosas”, compulsivamente, até mesmo sem estar com fome. E só interrompemos esse círculo vicioso quando o médico nos faz um sério alerta ou a doença nos pega de surpresa.


Antes que isso aconteça, no entanto, o melhor é fazer uma pausa e tentar mudar a alimentação. Pessoas espiritualizadas, em busca de sua verdade interior, certamente irão se identificar com os conceitos da alimentação antroposófica, cujo principal objetivo é manter o organismo sadio e promover sua união com o “eu” espiritual. Mais que isso: esse tipo especial de alimentação, unida à medicina antroposófica, procura curar e prevenir doenças.


A nutricionista Cristina Bustamente é uma das divulgadoras da alimentação antroposófica e entusiasta dos seus benefícios. Ela explica que a base dessa alimentação são os alimentos orgânicos, cultivados sem o uso de adubos químicos ou inseticidas, e biodinâmicos, plantados segundo os princípios da agricultura biodinâmica, desenvolvida pelo criador da antroposofia, Rudolf Steiner. É permitida a ingestão de carne vermelha e branca, desde que os animais sejam criados em liberdade e não recebam hormônios ou ração. Também não há restrições contra a carne dos peixes, ricas em gorduras insaturadas.


O grande segredo é moderação e variedade. Ou seja: pode-se comer carne, desde que em pequenas quantidades e somente alguns dias por semana. A grande fonte de proteínas devem ser os laticínios, as leguminosas – como feijão, lentilha, ervilha e grão-de-bico – e os ovos (apenas duas vezes por semana). O açúcar deve ser substituído pelo mel ou melado e os doces pelas frutas secas. Pode-se usar também a stévia, um adoçante extraído de plantas, pois estudos indicam que ela favorece a circulação, reduzindo as possibilidades de arteriosclerose.


Margarina e banha de porco também devem ser deixadas de lado e substituídas pela manteiga e pelo óleo vegetal prensado a frio. A manteiga e o creme de leite, embora sejam de origem animal, por se dissolverem à mesma temperatura do corpo humano, não são vistos como vilões formadores do mau colesterol, mas como fontes de vitaminas, sais minerais e boas gorduras, que irão ajudar na sintetização de hormônios. Mas a sua ingestão deve ser limitada a duas colheres de chá de manteiga e uma colher de sopa de óleo por refeição.


Os alimentos podem ser assados ou cozidos e jamais fritos. Além disso, quem ingere bastante fibras de origem vegetal conta com o seu auxílio para absorver e levar consigo, nas fezes, o excesso de colesterol. As crianças, por sua vez, precisam consumir um pouco mais de gordura, pois estão em fase de crescimento e necessitam dela para a estrutura das células e síntese dos hormônios.


Também há restrição contra a ingestão de batatas e tomates, por serem plantas da família das solanáceas, que geram substâncias químicas denominadas saponinas, as quais são tóxicas e destroem as células sangüíneas. Deve-se igualmente evitar os cogumelos, que crescem no escuro, sem luz, sobre substâncias em decomposição, retendo uma energia negativa. Já os vegetais que se desenvolvem sob a luz do Sol e realizam o processo de fotossíntese retêm essa energia positiva e benéfica, que é transmitida ao ser humano.


Os brotos de sementes – como os de alfafa, ricos em vitamina C, feijão, etc. – também são recomendados como fontes de vitaminas, sais minerais e, por conterem hormônios de crescimento, benéficos às nossas células. Além disso, sua energia é extremamente positiva, pois neles a vida está em seu apogeu. Mas quem adora batatas, tomates, cogumelos e até mesmo chocolate não precisa ficar em pânico: “Nada faz mal quando consumido em pouca quantidade e esporadicamente. Comer uma pequena porção de batatas ou umas fatias de tomate de vez em quando, ou um pedacinho de chocolate, para matar a vontade, não vai prejudicar ninguém”, ensina Cristina Bustamante.


“Na visão antroposófica, a alimentação especial e equilibrada pode estar nos beneficiando tanto no plano físico quanto no etérico. Ou seja: tanto nas funções fisiológicas, como na parte emocional ou espiritual. Daí a necessidade de se estar vendo a alimentação não só como um instrumento para a saúde, mas também para o autodesenvolvimento, na medida em que o corpo é o instrumento da alma”, explica.


Ao ingerir alimentos puros que não degradam o meio ambiente, o ser humano está se integrando à natureza e também ao cosmos, ampliando sua percepção espiritual. A antroposofia pressupõe que, além do nosso corpo físico, temos mais três corpos sutis “acoplados” a ele: o corpo vital, o corpo astral (das sensações e emoções) e o corpo do eu, relacionado com o espírito. Assim como o corpo físico é alimentado pelas substâncias físicas provenientes dos alimentos, os corpos sutis também são “alimentados” pelas substâncias energéticas contidas nesses mesmos alimentos.


Os alimentos de origem mineral são desprovidos de vida e devem ser ingeridos moderadamente, como é o caso do sal e do açúcar. (O açúcar é de origem vegetal, mas tem características de um mineral.) Sal e açúcar em excesso tendem a “mineralizar” o nosso corpo, enrijecendo as articulações, criando cálculos nos rins e na vesícula e nos desvitalizando. O animal, por sua vez, já utilizou parte da sua energia etérica, transformando-a em instintos e sensações. Por isso, a ingestão de carne animal irá sobrecarregar o nosso organismo, que terá de destruir essa energia astral estranha, além de nos transferir as qualidades desses seres, como excesso de agressividade e sensualidade. Nesse caso, a exceção fica por conta do leite e dos ovos. O leite contém ainda energia etérica altamente benéfica, isenta de energia astral, pois se destina a transmitir vida a uma cria, sendo “doado” com amor. O ovo fecundado, da mesma forma, contém a vida em seu interior, pronta para se desenvolver, mas não tem a energia astral da própria ave.


O segredo de uma alimentação sadia, sob o ponto de vista da antroposofia, não está apenas em ingerir alimentos saudáveis e descontaminados, mas que sejam igualmente frescos e cheios de energia etérica vital. Isso não acontece com as conservas, congelados, alimentos industrializados e enlatados, que devem ser deixados de lado. Da mesma forma, não se recomenda o uso do forno de microondas, na medida em que esse tipo de ondas destrói essa energia benéfica. O melhor é sempre cozinhar pequenas porções de alimentos e evitar que fiquem “rolando” na geladeira. No entanto, é viável cozinhar uma refeição à noite e guardá-la na geladeira a fim de ser ingerida no trabalho, durante o almoço. Nesse caso, porém, o indivíduo terá de comer alimentos frescos nas demais refeições.


O uso correto dos utensílios de cozinha também é fundamental para conservar a energia etérica dos alimentos. As panelas mais indicadas são as de aço inoxidável, vidro e pedra-sabão, por não desprenderem resíduos. As que causam mais danos são as de alumínio, na medida em que partículas dessa substância ingeridas diariamente podem, a longo prazo, causar doenças. Da mesma forma, deve-se evitar o uso de papel alumínio ou utensílios desse material para guardar água, sucos ou comida.


Alimentação variada – Segundo a nutricionista Cristina Bustamante, “a grande crítica contra a dieta vegetariana ou com pouca ingestão de carne é que há o risco de a pessoa ficar anêmica. Mas uma dieta equilibrada e balanceada irá fornecer ao organismo todos os nutrientes de que necessita, especialmente o ferro. É verdade que o ferro de origem animal é absorvido mais rapidamente pelo nosso aparelho digestivo, porém, quando ingerimos os alimentos vegetais ricos desse metal, o nosso organismo ‘aprende’ a processá-lo de maneira mais eficiente”, explica. Além disso, é igualmente importante ingerir leite fresco integral de boa qualidade e laticínios como fontes de vitamina B12, presente na carne. Quanto mais variada for a alimentação, melhor, porque aí o indivíduo terá a certeza de estar ingerindo todos os elementos necessários ao bom funcionamento do seu organismo. Porém, são contra-indicadas as vitaminas, sais minerais e oligoelementos sintetizados, por serem substâncias artificiais e estranhas ao nosso corpo.


Os laticínios (leite, queijos, iogurtes e coalhadas) e os cereais (arroz, centeio, aveia, trigo integral, painço, trigo sarraceno, cevada e milho) são alimentos ideais para serem consumidos diariamente. Já as leguminosas, como feijão, lentilhas, ervilhas e grão-de-bico, são boas fontes de proteína, mas devem ser ingeridas apenas três vezes por semana, durante o almoço. Os ovos podem ser comidos cozidos, ou entrar na composição de pratos; o seu consumo, porém, deve se limitar a duas unidades por semana.


Cristina Bustamante faz uma observação importante: não adianta nos preocuparmos apenas com o organismo e ignorarmos o nosso lado emocional, pois corpo e alma estão ligados e são, na verdade, uma coisa só. Quem se alimentar corretamente com certeza vai ficar mais forte e irá adquirir resistência contra doenças. Mas poderá adoecer se continuar introjetando seus medos, frustrações, angústias, raiva, ódio e amarguras, que poderão desencadear males crônicos, como artrites, gastrites e gerar até mesmo um câncer. “Devemos resolver as nossas pendências emocionais por meio de terapias, a fim de que tenhamos uma mente sã num corpo são, buscando a nossa paz interior”, adverte. Ela também não descarta fatores genéticos co- mo a origem de doenças e até mesmo pendências carmáticas trazidas de outras vidas.

24 de jun. de 2013

I Encontro Brasil de Pais Waldorf


Um convite ao exercício da maternidade/paternidade responsável e atenta

Nos dias 25, 26 e 27 de outubro de 2013 a Viver Escola Waldorf de Bauru sediará o Primeiro Encontro Brasil de Pais Waldorf.


A ideia de realizar esse evento nasceu durante o 1º Congresso Ibero-americano de Pais Waldorf, no ano de 2012, na cidade de Ribeirão Preto, sob coordenação da médica antroposófica e Membro da Diretoria da Sociedade Antroposófica do Brasil (SAB), Dra. Ana Paula I. Cury.

Sabendo que muitas questões que hoje assolam os adolescentes e jovens, com reflexos comprometedores da harmonia familiar, comunitária e social, têm uma origem bem mais complexa do que as abordagens convencionais lhe dispensam, este Encontro nos convida ao exercício da maternidade/paternidade responsável e atenta.

Afinal, "O que nossos filhos esperam de nós?"


9 de jun. de 2013

TRABALHANDO COM AS VONTADES DE UMA CRIANÇA PEQUENA

Nancy Blanning

Crianças pequenas podem parecer lógicas e razoáveis aos nossos olhos, mas essas não são qualidades intrínsecas de seu modo de ser. Elas vivem seus membros, seu movimento e sua força de vontade.

Quando se quer que uma criança realize uma ação, falar com ele ou ela pode até mesmo congelar a criança, imobilizando-a. Todas as forças da criança sobem à cabeça para formar o pensamento enquanto nada resta para um movimento imediato.

Ajudar a criança a se mover antes de você falar, literalmente, significa pegá-la pela mão ou braço. Se você precisar falar, fale algo como: “é hora de vestir o casaco”, isso como uma afirmação geral ao invés de um comando, e, ao mesmo tempo, ofereça o casaco a ela.

Em vez de argumentar com a criança, tente contar uma estória improvisada sobre uma situação semelhante. É raro termos uma criança que não é cativada instantaneamente por uma estória. Ao contar a estória, literalmente comece um movimento envolvendo os membros da criança (ex. coloque seus braços nas mangas do casaco, dê à criança um bloco para ser guardado em uma cesta e faça o mesmo, para mostrar à criança o que e como quer que ela faça a ação, etc.).

Não faça perguntas à criança, a não ser que ela tenha realmente uma escolha. Por exemplo: quando é hora de ir embora, quantos pais complicam a situação perguntando: “Vamos embora?” em vez de afirmar: “É hora de irmos embora.”

Limite as escolhas que você dá à criança. A menos que ela tenha um senso excepcional para roupas, tipos de comida, etc., as crianças preferem não ter que escolher. Você escolhe as roupas ou coloca um prato de comida na frente da criança e fala: “Aqui está seu almoço”. 
Pense em uma situação onde você tenha que fazer muitas escolhas, pode ser exaustivo e para uma criança é ainda mais.

Coloque a “forma” antes do tempo. Isso significa separar as roupas uma noite antes, prontas para serem vestidas na manhã seguinte sem a necessidade de decisões – tanto de sua parte como da criança. Lembre-se que você vai preparar o café da manhã sem perguntar o que a família quer.

Lembre que cada responsabilidade adulta que você tira da criança, lhe permite usar sua energia para o crescimento. Nós fazemos um grande favor à criança quando pensamos e planejamos previamente como as coisas acontecerão – criando uma “forma” – que vai sustentar, tanto a criança como nós mesmos, a fim de criar ordem e previsibilidade em nosso dia a dia.

Não estou afirmando aqui que pais são os servos de seus filhos. Como pais, somos guias e professores nos caminhos do mundo. Nós queremos que, dentro do possível, nossos filhos sejam independentes, sabendo se vestir, comer e realizar pequenas tarefas. Mas, precisamos criar um ambiente em que a criança possa ter sucesso, onde seja oferecido a ela um começo, meio e fim e não deixá-la sozinha para tomar decisões.

A imagem da criança como nosso “aprendiz” é muito válida. Em qualquer trabalho ou ofício, é mostrado ao aprendiz como realizar a tarefa desde o primeiro e mais simples passo. Depois disso, a tarefa é feita passo a passo. Cada vez que damos a oportunidade às crianças de terem experiências práticas e concretas de como realizar algo fisicamente, estamos ajudando-as no caminho para se tornarem “artesãos mestres”.

Essas sugestões ajudarão em muitas situações, mas não em todas.
Vai haver tempos de luta. Então, escolha suas lutas. A não ser que você tenha certeza da vitória – não por você, mas pelo melhor da criança – não entre em um conflito de vontades. Isso significa que você precisa estar seguro e onde o fator tempo não existe. O supermercado não é um lugar para lutar.

Antes de traçar as linhas de combate, veja se você pode transformar a tarefa em questão em uma estória, fazendo da tarefa um jogo, ou oferecendo ajuda. “Esses livros estão todos espalhados pelo chão. Eles ficariam mais felizes na prateleira. Aqui está um para você e eu vou ajudar também”. Ou, “Eu aposto que posso arrumar essa pilha de livros mais rápido do que você. Vamos ver?”. Ou, “Eu vou fechar meus olhos e ver se esses livros conseguem pular para a prateleira sem barulho”. Uma estória poderia começar com: “Eu já te contei do grande vendaval que entrou no quarto do ursinho e deixou tudo bagunçado?”.

Se você está lutando com uma criança mais velha, deixe bem claro o que precisa acontecer de uma forma objetiva e lógica. “As roupas sujas precisam ser colocadas no cesto e nós podemos esperar até isso ser feito.” Depois saia. Se seu filho também deixar o lugar da tarefa, guie-o de volta e reafirme o que disse antes. Tente agir com calma e sem acusações ou raiva.

Lembre que você, como pai/mãe, é a autoridade amorosa da criança. Não tenha medo de ter esse papel. Sua orientação vai fortificar e não reprimir a vontade da criança. A criança se sente segura com um adulto carinhoso e confiante que sabe mostrar a ela como o mundo é.

Extraído do livro, “You are not the boss of me!” editado por Ruth Ker
Traduzido por Edelweiss Gysel

Contribuição de Silvia Jensen

2 de mai. de 2013

A doença incurável e a criança por Bernardo Kaliks


A história conta que a famosa violoncelista Jacqueline Mary du Pré falou, quando tinha 6 anos de idade, para a sua irmã Hilary: “não o contes para a mãe, mas, quando eu for grande não poderei mais andar nem me movimentar”. Aos 28 anos de idade ela adoeceu de uma Esclerose Multipla, interrompendo então a sua atividade musical quando se encontrava no esplendor da sua capacidade interpretativa, e veio a falecer com 42 anos de idade.

É notável este fato que não raramente é descrito em crianças, pelo qual elas olham para uma doença possivelmente incurável com uma equanimidade e uma tranquilidade que parece incompreensível perante o espaço de agitação e tragédia que se cria entre os familiares e amigos, numa postura diametralmente oposta. As doenças relacionadas com as neoplasias malignas (câncer, linfomas, leucemias) tem uma notável singularidade perante outras doenças crônicas graves: com frequência, quando acontecem nos adultos, elas geram a pergunta pelo sentido da doença. Não é raro ouvir de um paciente com câncer a expressão: “Doutor, eu sei porque eu adoeci desta doença”, e indagados pela razão eles podem relatar as vezes situações de stress perante as quais não conseguiram se colocar de uma maneira mais adequada, gerando assim um sofrimento permanente no espaço do qual pode aparecer a doença após alguns anos.

A criança que com seis, dez, doze anos, apresenta uma neoplasia maligna, as vezes de evolução mais agressiva e rápida que num adulto, eventualmente com uma resposta também mais difícil ao tratamento, nos formula uma pergunta muito mais complexa, pois a pergunta 
pelo sentido da doença com certeza não será respondida no panorama de uma vida tão curta, quase sem biografia, no sentido que comumente damos ao termo biografia. Mas, se insistirmos e procurarmos por um sentido, a observação e a reflexão pode nos levar a perceber e entender duas situações paralelas.

Numa delas nós temos uma vontade encarnatória intensa que fica truncada muito cedo. O fenômeno da encarnação do ser humano representa inicialmente um colossal esforço por atingir a postura ereta, a fala e a capacidade do pensar: Aos três anos de idade a criança configura as bases físicas destas características, próprias da condição humana, ela o faz porque processou a nível físico forças volitivas, que são forças absolutamente espirituais. Elas são as que criam a base física da ulterior vida terrestre. O que virá a ser representará uma metamorfose dessas forças volitivas da encarnação, acontecendo lentamente, através do aprendizado nos primeiros setênios, das andanças nos setênios seguintes e finalmente nas realizações na segunda metade da vida. Uma morte prematura deixa então forças volitivas poderosas, encarnatórias, à disposição da individualidade dessa criança, as quais, “somadas” 
agora àquelas próprias que se processarão para uma nova encarnação, são capazes de originar uma nova encarnação extraordinariamente rica em toda classe de talentos e realizações. Não raramente, segundo Rudolf Steiner, pessoas geniais tiveram uma morte muito prematura na encarnação anterior. 

A própria individualidade “se programa”, entre a morte e um novo nascimento, para algo assim, para essa morte prematura na encarnação seguinte, para assim ter à sua disposição forças volitivas mais intensas e realizar algo que tem a ver com um grande destino, agora numa encarnação ulterior.

A outra situação, paralela a esta, se processa no ambiente, entre os familiares e amigos que acompanharam este sofrimento. A tranquilidade, a serenidade que mostra a criança com uma doença como esta, quer, por si, inspirar uma transformação na alma das pessoas e familiares que a rodeiam. O pai ou a mãe, nos momentos do seu sofrimento, terão alguns momentos de assombro e de admiração perante essa serenidade, mais ainda, perante essa delicada e sagrada luminosidade, desaparecendo essa percepção no momento seguinte no meio de sentimentos de desespero, de raiva, e outras emoções semelhantes, todas elas absolutamente legitimas nessa situação. Mas esses momentos, a percepção dessa sagrada delicadeza, também no sofrimento da própria criança, ainda que as vezes apenas consciente, deixa uma marca na alma dos adultos, marca que com o tempo pode se tornar a fonte de uma grande transformação pela qual a pessoa pode se colocar de uma forma nova na vida, de uma maneira mais generosa, mais livre. Sim: uma doença assim, na criança, pode ter e tem um profundo significado para os adultos, para os pais, irmãos e amigos. Me lembro de meus anos de médico recém formado, quando acompanhei uma criança com uma grave doença: meu chefe, um dia, olhando de longe para os familiares que nesse momento se encontravam no jardim, falou mais ou menos assim: “essa é uma doença que não está no carma da criança, mas está no carma dos pais. E o que essas doenças podem trazer, justamente se processando dessa maneira, é o impulso para uma profunda transformação; são doenças cujo sentido está no futuro e não no passado”.

Evidentemente, ante essa afirmação eu fiquei quieto, pois estava envolvido e comovido pelo sofrimento dos pais. Mas os anos me ensinaram que essa segunda situação sempre se processará positivamente na vida das pessoas, em maior ou menor grau, sem apagar, evidentemente, a saudade pelo ente querido, mas, não raramente invocando um crescimento a partir dela.

Endereço do autor: Clínica Tobias .
Rua Regina Badra 576. Alto da Boa Vista.
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