7 de nov. de 2014

Quadrimembração - resumo básico

Por Andreza Sichieri Mantovanelli Pestana Mota


1. Reino mineral: CORPO FÍSICO

CORPO FÍSICO: SUJEITO ÀS MESMAS LEIS DA VIDA FÍSICA, COMPONDO-SE DAS MESMAS SUBSTANCIAS E FORÇAS QUE FORMAM O RESTO DO MUNDO CHAMADO INORGÂNICO. O HOMEM POSSUI ESTE CORPO FÍSICO EM COMUM COM TODO O REINO MINERAL. ​

1.1 Formado de substâncias nos 3 estados de agregação (o mais característico é o estado sólido)
1.2 Tudo é ponderável; apresenta rigidez; forma determinada pela substância em questão (geométrica: cristais, amorfa, etc.); imutabilidade, “eternidade”; aumenta de tamanho por deposição (exterior);
1.3 Existência no espaço

2. Reino vegetal: CORPO FÍSICO + CORPO ETÉRICO (não físico)


CORPO ETÉRICO OU VITAL: UMA ESTRUTURA ENERGÉTICA COMPOSTA DE FORÇAS ATUANTES E NÃO DE MATÉRIA. O HOMEM TEM EM COMUM ESTE CORPO COM AS PLANTAS E COM OS ANIMAIS . GRAÇAS A SUA ATUAÇÃO AS SUBSTÂNCIAS E FORÇAS DO CORPO FÍSICO REDUNDAM NOS FENÔMENOS DO CRESCIMENTO, DA REPRODUÇÃO, NOS FLUXOS DOS HUMORES ETC. É CONSTRUTOR E PLASMADOR DO CORPO FÍSICO.​2.1 Aspectos ponderáveis e imponderáveis (geotropismo / heliotropismo; peso / leveza)
2.2 Incorpora água
2.3 Forma orgânica, maleável
2.4 Ciclo vital (vida) - processos
2.5 Fluxo de seiva; metabolismo; troca gasosa.
2.6 Totalmente dependente do meio (até dos astros)
2.7 Forma estruturas uma após a outra (ritmo: repetição no espaço)
2.8 Memória genética, hábitos
2.9 Existência no tempo


3. Reino animal: CORPO FÍSICO + CORPO ETÉRICO + CORPO ASTRAL (não físico)


CORPO ASTRAL OU DAS SENSAÇÕES: FORMAÇÃO CONSTITUÍDA POR IMAGENS DINÂMICAS COLORIDAS E LUMINOSAS. É O PORTADOR DE DORES E PRAZERES, INSTINTOS, APETITES, COBIÇAS, PAIXÕES ETC. MANIFESTAÇÕES PSÍQUICAS OU SENSIBILIDADE. O CORPO ASTRAL, VEÍCULO DA VIDA SENTIMENTAL, O HOMEM COMPARTILHA APENAS COM OS ANIMAIS. 

3.1 Interioriza o ar; formação de órgãos ocos
3.2 Isola-se do mundo: vida interior
3.3 Impulsos interiores (procura de alimento, abrigo, parceiro sexual, etc)
3.4 Instinto: sabedoria incorporada
3.5 Respiração ativa; movimento próprio (geralmente horizontal em relação à terra)
3.6 Sono/vigília; contração/expansão; simpatia/antipatia
3.7 Ritmo no tempo
3.8 Consciência embotada; sensações e sentimentos
3.9 Lembrança por estímulos

4. Reino humano: CORPO FÍSICO + CORPO ETÉRICO + CORPO ASTRAL + EU (espiritual)


CORPO PORTADOR DO EU HUMANO: ESTE O HOMEM NÃO COMPARTILHA COM QUALQUER SER TERRESTRE. É O PORTADOR DA ALMA HUMANA SUPERIOR. GRAÇAS A ELE O HOMEM É O COROAMENTO DA CRIAÇÃO TERRESTRE.​
4.1 Interioriza o calor; postura ereta; falar; pensar
4.2 Auto consciência; inteligência criativa; livre arbítrio; memória por consulta;
4.3 Biografia individual


A TAREFA DO EU É PURIFICAR E APERFEIÇOAR OS OUTROS MEMBROS DA ENTIDADE HUMANA.

28 de jul. de 2014

Antroposofia

Não é necessário ser muito perspicaz para constatar que o século XX foi uma época tão caótica e de perspectivas tão apocalípticas como nunca houve no passado. Assistimos a um sem-números de crises, mas também à incapacidade do homem para resolvê-las. A mera sobrevivência da Humanidade está ameaçada, mas apesar de sua inteligência, de seu poder tecnológico e da quantidade fabulosa de informações acumulada, esta parece cada vez mais impotente.

Que essa crise não é causal, demonstra-o a coincidência e convergência de várias correntes e tendências em nossa era. De certa forma, tinha de acontecer.

Centenas de autores inteligentes e bem informados têm feito o inventário e tentado um diagnóstico de nossa situação. Eles têm isolado e descrito as múltiplas crises compartimentalizadas: a crise da economia, da religião, do equilíbrio, da moral, das instituições políticas, do ensino, da medicina, etc., mas todas essas análises têm sido fragmentárias, nas tendo conduzidas a nenhuma solução verdadeira. 
Por quê?

A razão é simples. Todas essas "crises" são, na realidade, apenas sintomáticas. São manifestações e projeções, em vários domínios, de uma só crise, mais profunda e essencial: a crise do homem. E aqui se trata justamente não do homem econômico, religioso, ecológico, político, mas do homem. Esse homem nunca será compreendido se não for considerado como ser espiritual (e não apenas biológico), e sua situação atual não for considerada num amplo contexto histórico e cósmico(...).

As inúmeras tentativas empreendidas para compreender a situação e propor "soluções" são, na realidade, caracterizadas pela incompreensão das reais causas e, portanto, das verdadeiras possibilidades de solução. Foram diagnósticos feitos de fora, e os sintomas tomados por causas.

(...)

No centro da crise e de seu superamento está o ser humano, consciente e potencialmente livre, chamado a agir com pleno discernimento de sua própria natureza física e espiritual, e dos impulsos (Cristo, Micael) que lhe permitem realizar sua missão na Terra.

Eis a colocação da Antroposofia em nosso quinto período do pós-atlântico, o da alma da consciência. Ela tem por lema o velho adágio que ha séculos tem sido a base de toda evolução sadia: "Homem, conhece-te a ti mesmo!" Mas o homem não pode conhecer-se sem que conheça também o Universo do qual emana. Sem esse duplo conhecimento, ninguém pode conduzir a si próprio até à meta onde deve chegar.

A descrição do caminho evolutivo da Humanidade e das forças, correntes e tendências esboçadas neste capítulo* é o resultado de pesquisas ocultas de Rudolf Steiner, constituindo um dos fundamentos de sua Antroposofia.

* Capítulo I- A Antroposofia na Evolução Geral da Humanidade
Trechos do texto "Antroposofia" extraído do Livro: Antroposofia, Ciência Espiritual Moderna, de Rudolf Lanz.  

19 de jun. de 2014

A festa de Corpus Christi ou Corpo de Cristo.

É, das festas religiosas, uma das mais fascinantes e intrigantes. É muito comemorada nas pequenas cidades do interior onde as ruas são entidades para a procissão de Corpus Christi.

Tradicionalmente utilizavam-se nestes enfeites de rua materiais naturais arranjados artisticamente formando figuras geométricas ou quadros religiosos. Entre os materiais destacava-se a flor de São João, um cipó trepadeira de flores cor de laranja que cobre os barrancos e beiras de estradas de quase todo o Centro-Sul do Brasil nesta época do ano. Esta planta pertence à família das Bignoniáceas (família dos ipês roxo e amarelo, que também caracterizam a paisagem desta época) e tem o nome científico de Bignomia ígnea ou Pyrostegia ignea, que lembra bem apropriadamente sua semelhança com o fogo, que também nesta época costuma se alastrar pelas beiras da estrada.

Atualmente, muitas cidades realizam estes enfeites utilizando-se dos mais diversos materiais, desde os naturais como flores e areias coloridas, até serragens coloridas artificialmente. Toda a comunidade do lugar se junta para socialmente executar uma obra de arte popular efêmera. O trabalho é feito na noite e na madrugada do dia de Corpus Christi, fica pronto pelo meio da manhã, é admirado pelas pessoas da cidade e pelos visitantes (hoje turistas) até ás 5 horas da tarde quando acontece a procissão e todo o trabalho é desmanchado em poucas horas.

Na procissão de Corpus Christi, o Santíssimo Sacramento ou o cibário (um recipiente dourado onde se encontra uma hóstia consagrada e do qual irradiam raios solares) que fica sempre dentro do Sacrário no altar da igreja sendo retirado durante a missa no ato da consagração ou transubstanciação, é retirado do altar e sai, não somente do altar mas sai do próprio templo, sendo levado nas mãos de um sacerdote, através das ruas das cidades; ruas estas que são preparadas para recebê-lo com materiais da terra transformados em obra de arte pelo trabalho social humano.

Podemos ter uma compreensão mais abrangente do significado desta festa através da obra de Rudolf Steiner, particularmente em “O Evangelho de João” XIV Conferência (07/07/1909 – Kassel) pág. 248-250.

“No momento da evolução dos nossos tempos, em que a era cristã começa com um novo “I”, acontece algo que é do mais alto significado para toda a evolução da Terra, e também para a evolução cósmica, na medida que a evolução cósmica está ligada à Terra. Sim, foi criado um novo centro com o acontecimento da Gólgota. O Espírito de cristo está desde então ligado à Terra. Ele aproximou-se pouco a pouco, e agora está na Terra desde esse momento. Trata-se portanto de os homens aprenderem a reconhecer que o espírito de cristo se encontra na Terra desde esse momento, que o Espírito se encontra em qualquer produto da Terra. E trata-se de os homens reconhecerem todas as coisas sob o ponto de vista da morte, quando não lhes vem implícito o Espírito de Cristo, mas reconhecerem todas as coisas sob o ponto de vista da vida, quando o Espírito De Cristo lhe é inerente.

Estamos apenas no princípio daquela evolução, que é a evolução cristã. O futuro desta evolução consiste em vermos o corpo de cristo em toda a Terra. Porque Cristo entrou desde esse momento da Terra, e criou um novo ponto central de luz. Ele penetra a Terra, ilumina o mundo e está entretecido para a eternidade na aura terrestre. Por isso, ver hoje a Terra sem o Espírito de Cristo, que lhe está na origem, é ver o apodrecer e o decompor da Terra, o corpo em decomposição. Por todo lado onde se veja apenas matéria, temos a ver com falsidade”.

“Tomai agora qualquer coisa da Terra. Quando a reconhecereis corretamente? Quando disserdes: “Isto é uma parte do corpo de Cristo!”Que podia Cristo dizer àqueles que o queriam reconhecer? Na medida em que partiu o pão feito com trigo da terra, Cristo pôde dizer-lhes:”Isto é meu corpo!”Que podia dizer-lhes quando lhes deu sumo da videira, que vem do sumo das plantas? “Isto é meu sangue!”Porque Ele se tornara a alma da Terra. Pode dizer daquilo que era sólido: “Isto é minha carne”, e do sumo das plantas: “Isto é meu sangue”, tal como vós dizeis da vossa carne: isto é minha carne, e do vosso sangue: isto é o meu sangue. E aqueles homens capazes de compreender o sentido correto destas palavras de Cristo formam imagens do pensamento para si próprios, e atraem o corpo e o sangue de Cristo para o pão e o sumo da videira; eles atraem para estes últimos o Espírito de Cristo. Assim o símbolo da última Ceia tornou-se realidade.”

Compreendendo através do conhecimento antroposófico que a Terra é o próprio corpo de Cristo, então temos o elemento chave para compreendermos todo o significado e o sentido desta época joanina.

Nesta época nos tornamos mais conscientes do clima, ou seja do organismo vivo da Terra, lembramos que a terra os alimenta, lembramos dos que trabalham na terra e por fim lembramos que a Terra é o próprio corpo do Cristo, que começou a se transformar num novo Sol por ocasião do evento da Gólgota.

Esta situação nos leva um pouco mais próximos de compreendermos quando Rudolf Steiner diz no ciclo “O decorrer do ano em quatro imaginações cósmicas” que a imaginação na trindade, é a imaginação joanina propriamente dita: O Filho entre O Espírito-Pai (Cosmos) e a Mãe-Substância (Terra).

Espero ter trazido nesta ocasião uma colaboração para a compreensão e adequada comemoração desta época de João, na forma de subsídios para um trabalho que deve ser continuado.

(PARTE DO RESUMO DA CONFERÊNCIA DADA POR MARILDA MILANESE EM COMEMORAÇÃO A ÉPOCA JOANINA (21/06/95)

(Texto extraído da Revista Nós, Época de São João 2002, da Escola Waldorf Rudolf Steiner, em SP)

10 de abr. de 2014

Outono chegou e com ele a época de Páscoa!





A Páscoa no contexto Waldorf, Anna Maria Macrander Karassawa

Todos os anos, na época do outono, num jardim Waldorf, as crianças começam a se preparar para vivenciar intensamente a primeira das quatro festas anuais, a Páscoa. Elas cantam lindas músicas para o coelhinho da Páscoa; ouvem atentamente histórias sobre a lagarta e a borboleta; preparam, com a professora, deliciosas roscas e pães.

Todos esperam ansiosamente o domingo de Páscoa, quando sairão em busca dos ovinhos de chocolate, escondidos pelos cantos da casa e do jardim. Nós, adultos, acompanhamos a alegria das crianças e inevitavelmente nos transportamos para as nossas próprias recordações de infância.

A Páscoa é uma festa repleta de imagens fortes e marcantes. Porém será que temos consciência do que há por trás destes símbolos? Será que sabemos nos preparar internamente para este momento tão importante? Para nós, a festa da Páscoa ocorre no outono. Antigamente, porém, ela acontecia apenas no hemisfério norte, na época da primavera, num período de Europa pagã, quando as pessoas ainda se encontravam à mercê das forças da natureza. Naquela época, sobreviver ao rigor do inverno era um grande desafio, pois muitas vezes os alimentos eram escassos, as vestimentas ineficientes e os abrigos rudimentares. Desta forma, todo ano, sobreviver ao inverno e chegar à primavera era motivo de grande celebração.

Os antigos rendiam cultos em homenagem à primavera, às deusas da fertilidade. Era nesta época do ano que a vida recomeçava, as cores retornavam, tudo desabrochava. Era a vitória da vida sobre a morte. Num período posterior, as culturas judaica e cristã acabaram por absorver estas festividades pagãs. Para os judeus, as comemorações da Páscoa têm uma importância fundamental dentro de suas tradições, pois se remetem ao período em que o povo hebreu sofreu os flagelos da escravidão no Egito.

A libertação ocorreu quando Moisés desafiou o faraó e conduziu seu povo rumo à Terra Prometida. Em hebreu, esta passagem da morte/escravidão para a vida/libertação chama-se PESSACH, de onde vem a palavra Páscoa. Neste fato histórico, mais uma vez ocorreu a vitória da vida sobre a morte. Na tradição cristã, a Páscoa novamente ocupa uma importância fundamental.

Após os quarenta dias da quaresma e depois de refletir sobre os acontecimentos vivenciados por Jesus Cristo durante a Semana Santa (domingo de ramos, condenação da figueira, encontro com adversários no templo, unção, santa ceia, morte, descida ao reino dos mortos e ressurreição), os cristãos comemoram, no domingo de Páscoa, a glória da ressurreição de Cristo.

Com sua paixão, morte e ressurreição, Cristo deixou-nos o precioso legado de uma nova vida após a morte, e quando seu corpo e sangue penetraram no mundo das profundezas, seu espírito possibilitou que a Terra, como um todo, se tornasse um novo centro de luz. No calendário cristão, a Páscoa é uma festa de data móvel. Isso ocorre porque no ano de 325 d.C., bispos da Igreja do ocidente e do oriente se reuniram no Concílio de Nicéia e determinaram que a Páscoa cristã seria sempre comemorada no primeiro domingo seguinte à lua cheia, após o equinócio da primavera (equinócio de outono, no hemisfério sul), que acontece no dia 21 de março.

Nos dias de hoje, vivenciamos a Páscoa através dos olhos das crianças. Num jardim de escola Waldorf, elas entram em contato com o sentido espiritual da Páscoa através de imagens. Contos de fadas como Chapeuzinho Vermelho, O Lobo e os Sete Cabritinhos, entre outros, abordam a vitória da vida sobre a morte.

Porém as imagens que mais claramente se vinculam à idéia de vida, morte e ressurreição são as da lagarta, do casulo e da borboleta. A lagarta é um ser que se arrasta pelo solo, pesado, lento. Quando já se alimentou o suficiente, fecha-se num casulo, onde morre para renascer como uma linda, leve e clara borboleta. O coelho e os ovos também possuem um significado especial nas comemorações pascais. O ovo representa uma vida interior, ainda em estado germinal, que se desenvolve, rompe uma casca dura e em seguida desabrocha em sua plenitude, assim como Cristo ressurrecto saiu de sua tumba. O coelho, por sua vez, representa um animal puro, que não agride. Desta forma ele é digno de carregar e trazer os ovos da Páscoa. Além disso, é um animal muito fértil, que se reproduz com facilidade. Neste aspecto podemos encontrar ainda resquícios daqueles antigos cultos pagãos, que veneravam a fertilidade. Em poucas semanas estaremos comemorando mais uma Páscoa.

Nos dias de hoje, porém, num mundo extremamente consumista, onde as pessoas vivem constantemente sem tempo, a Páscoa, assim como as outras festas anuais, não é encarada sob um ponto de vista espiritual. Na maioria das vezes, não vivenciamos a possibilidade de deixar morrer em nós o que não queremos mais, o que já não nos serve, e também não permitimos que o novo em nós possa florescer.

Porém, todo educador (pais e professores) deveria ter claro dentro de si a possibilidade da vida, morte e ressurreição em hábitos, atitudes e modos de pensar, para tornar-se uma pessoa cada vez melhor, menos endurecida e insensível diante da realidade atual, com seus constantes altos e baixos. Se tivermos consciência da necessidade de cada um realizar este exercício interior, poderemos preparar coerentemente nossas crianças para a época da Páscoa e apresentar a elas símbolos repletos de significados. Só assim estaremos resgatando o real sentido da Páscoa.

Anna Maria Macrander Karassawa
Professora do Alecrim Dourado

O Mistério dos principais símbolos da Páscoa (Gilles Lapouge)

A escolha do coelho e do ovo para representar a Ressurreição de Cristo está associada à regência da Lua, tanto na Páscoa cristã como na judaica; mas a incansável fecundidade do animal também explica a sua escolha para remeter à renovação, ao inesgotável renascimento da morte e à esperança.



Como o Natal, a Páscoa é uma festa cristã muito doce para as crianças: todo dia 25 de dezembro, o Papai Noel distribui seus presentes nas chaminés. Toda primavera européia, a Páscoa reparte, nos jardins, ovos de chocolate e bombons.

Quem traz esses ovos? Na França, eram os sinos: deixavam suas igrejas no fim da quaresma, na noite da quinta-feira santa, pois ficavam deprimidos - Cristo dividia sua última refeição com seus apóstolos e Judas preparava-se para traí-lo. No fim da ceia, Jesus ia passear durante a noite no Monte das Oliveiras, seria preso, em seguida julgado e crucificado. 

Entende-se que essa tragédia tornava os sinos tão tristes que eles cessavam de tocar, fugiam.

No entanto, os sinos não perdem tempo: vão direto para Roma. E, no momento em que a notícia da ressurreição de Cristo chega a eles, fecham, rapidamente, sua pequena bagagem e retomam o caminho de seus campanários. Eles tomavam o cuidado de carregar os ovos, outrora de galinhas, hoje, de chocolate, que espalhavam nos jardins.

Há alguns anos, na França, os sinos dispõem de um assistente que os ajuda a distribuir seus bombons. Esse ajudante é o “sr. Coelho”, que deixa as crianças loucas. De onde saiu esse coelho?

Chegou há algumas décadas, diretamente dos países anglo-saxões - como o Papai Noel, que, aliás, saiu da Alemanha e da Escandinávia, depois estabeleceu-se nos Estados Unidos, e chegou à França em 1945, nos furgões dos soldados americanos durante o “desembarque”.

Na realidade, esse coelho já se encontra na origem das festividades da Páscoa, mas, durante alguns séculos, havia abandonado os países do sul para refugiar-se nas terras anglo-saxônicas. Hoje, talvez cansado das sociedades frias do norte, ele vem saltitar na Europa meridional.

Essa chegada do coelho é uma boa nova. Na realidade, esse animal, longe de ser escolhido ao acaso, ocupa exatamente o centro do sublime mistério da Páscoa (morte e ressurreição de Deus) e faz brilhar seu simbolismo.

O coelho (ou lebre, pois simbolicamente os dois animais se confundem) constitui uma estranha passarela entre duas religiões próximas e distantes, irmãs e inimigas: a religião hebraica e a cristã. O coelho faz com que as duas religiões se comuniquem, como se fosse encarregado de ser o “atravessador” e o reconciliador momentâneo entre duas grandes cenas do teatro divino. Para compreender esse papel sutil do coelho da Páscoa, é preciso dar uma volta pela data fixada para essa festa.

A data da Páscoa é móvel: enquanto o Natal, festa que obedece ao calendário solar, cai sempre no dia 25 de dezembro, a Páscoa muda todo ano.

A razão é a seguinte: a morte de Cristo ocorreu, atestam os evangelhos, no dia da Páscoa judaica. Ora, o calendário judaico - assim como o calendário árabe, mas ao contrário do calendário cristão - é determinado pela Lua, não pelo Sol. E é por isso que as páscoas cristãs, por terem de adaptar-se ao calendário lunar, mudam de ano em ano, em função dos movimentos da Lua.

Lembremos que a Páscoa judaica - a Pessach, ou passagem - comemora a libertação do povo hebreu após um longo exílio no Egito, sua passagem pelo Mar Vermelho (graças ao vento de Deus) sob a orientação de Moisés, e sua chegada à Terra Prometida. Grande festa, portanto, como poucas.

Lua cheia - Essa ligação entre a Páscoa judaica e as páscoas cristãs - além de ser atestada pela morte de Cristo no dia da Pessach - dá-se também na data das duas festas. As igrejas cristãs mais próximas da tradição judaica (Ásia menor) festejaram, durante muito tempo, sua Páscoa no dia da Páscoa judaica, ou seja, no dia 14 nisan (abril, no calendário Juliano), o dia da Lua cheia da primavera.

As igrejas cristãs do Ocidente não seguiram esse exemplo: elas quiseram que a Páscoa, sem apagar a data primitiva da Páscoa judaica (14 nisan), coincida, todavia, com um domingo. Um verdadeiro quebra-cabeças em relação ao calendário: durante os três primeiros séculos, os chefes da Igreja entraram em conflito. Finalmente, o Concílio de Nicéia, em 325 d.C., decretou a regra ainda aplicada: “A Páscoa é o domingo seguinte ao l4º dia da Lua cheia, que atinge essa idade no dia 21 de março (equinócio) ou logo depois.” De acordo com essa regra, a Páscoa pode então ocupar, conforme os anos, 35 posições diferentes, entre os dias 22 de março e 25 de abril, inclusive.

Lembremos que a data das páscoas cristãs é decisiva, uma vez que comanda duas outras festas, a Ascensão - 40 dias depois - e Pentecostes - 50 dias depois.

E nosso coelho? Não o perdemos de vista. De fato, é precisamente por serem a Páscoa judaica e, portanto, as páscoas cristãs regidas pela Lua que o coelho tem a responsabilidade de deixar os ovos nos jardins.

O motivo? O coelho (ou seu duplo, a lebre) é um animal lunar. Não só no Ocidente. Em todas as mitologias, a lebre é uma criatura da Lua. Por que essa associação? Em parte, porque as manchas sombrias que se distinguem no disco da Lua sugerem uma lebre. Nos códices dos astecas, a lebre é representada por um hieróglifo “U”, que denomina a Lua.

A lebre é associada à Lua entre os chineses, no espaço hindu-budista, entre os celtas e entre os hotentotes e, mesmo no Egito Antigo (a lenda de Osíris e Isis). Mas essas não são as únicas razões que explicam que a lebre seja o animal símbolo da maior festa cristã - a ressurreição de Cristo.

Patas curtas - A lebre sempre impressionou os antigos, devido ao fato de suas patas da frente serem mais curtas do que as de trás, anomalia que permite à lebre ser mais rápida na subida do que no terreno plano. É um animal que sobe, que se eleva para o céu. Um texto da Idade Média, o Physiologicus comenta: ‘Você também, homem, faça como a lebre: procure os rochedos quando for perseguido pelo cão execrável, o demônio. Quando o demônio vê o homem escalar a montanha da virtude, ele se desencoraja e arrepia carreira.”

Segundo as palavras do Salmo de Davi: “Que recuem de vergonha, aqueles que planejam minha desgraça.”

Portanto, a lebre, seja por causa do seu gênio lunar ou por motivo das curtas patas da frente, é designada para presidir a festa da Páscoa. Infelizmente, essa mesma lebre tem alguns inconvenientes: seus hábitos, sua moral não são irrepreensíveis. É uma terrível sem- vergonha!

Como o coelho, ela mostra uma incansável fecundidade. Sua disposição entusiasta à copulação transformou-a, nos tempos antigos, em um símbolo da luxúria. E como Cristo não veio à Terra para pregar o coito ininterrupto e os prazeres, foi preciso resolver esse probleminha.

Os primeiros exegetas, felizmente, encontraram a solução. Habilmente, inverteram o símbolo da lebre. Fizeram-na representar não a gula sexual mas, ao contrário, o domínio que se pode ter sobre os sentidos, mesmo quando estes são extremamente tirânicos, como no caso da lebre.

De fato, existe uma vasta iconografia arcaica que mostra “uma lebre branca, deitada aos pés da Virgem Maria”. A lição é clara: a santidade, a pureza, a virgindade de Maria são tamanhas, que chegam a transformar em castidade a volúpia e a baixeza dos instintos. O animal impuro, por excelência, torna-se, por meio de um passe de mágica e graças a uma “ajuda” da virgem, a demonstração de que a virtude triunfa mesmo dos mais grosseiros instintos.

Afinal de contas, a avidez sexual da lebre não é verdadeiramente apagada. Ela é “sublimada”. A lebre continua a ser um símbolo da fecundidade e, portanto, da renovação, da ressurreição, da terra que nutre, da esperança, do inesgotável renascimento da morte (“Se o grão não morre...”)

Ovo de Páscoa - A lebre associa-se a um outro símbolo da Páscoa: o ovo, que a lebre fica encarregada (da mesma forma que os sinos) de distribuir nos jardins. Lebre e ovo pregam a mesma coisa: eis a primavera, o despertar da terra, o fim da morte, o renascimento.

Tudo se passa como se a Semana Santa resumisse, em poucos dias, o ciclo completo da natureza e da vida: a chegada triunfal do Cristo em Jerusalém entre uma multidão que agita palmas (os ramos, uma semana antes da Páscoa), em seguida a morte de Cristo, que é a morte do mundo, depois a ressurreição de Cristo, que é a ressurreição da natureza, da primavera, a volta da esperança, o fluxo da vida.

O simbolismo do ovo é mais simplista, mas tão rico quanto o do coelho. O ovo encarna o “todo” contido em uma simples casca. O ovo é a criação, dobrada em seu envelope, pronta para brotar de acordo com a ordem de Deus, e concebida em sua integridade desde a origem.

Nos textos primitivos, Cristo é comparado ao pintinho que sai de sua casca, casca cuja cor branca simboliza a pureza e a perfeição. Para os alquimistas, o ovo representa a matéria original, aquela de onde tudo sairá e cuja cor amarela prefigura essa “pepita filosofal” tão apaixonadamente procurada.

Notemos que, como para a lebre, a leitura cristã do ovo cruza todas as altas tradições: na índia, vê-se Brahma (o ser) retirar-se em um ovo de ouro, que simboliza sua relação com o Sol. E os gregos nos ensinaram que Zeus, quando quis designar, para os homens, o centro da terra (que estava em Delfos) pediu a duas águias, uma vinda do leste e a outra do oeste, para se encontrarem acima de Delfos e para deixarem cair, no lugar, uma enorme pedra em forma de ovo.

O costume dos ovos foi sempre ardentemente respeitado. Outrora, eram dados às crianças ovos duros verdadeiros, cuja casca era enfeitada com desenhos e pinturas. Na Ucrânia, o ovo era denteado de desenhos na cera de abelha feitos com uma agulha fina e, em seguida, mergulhados em um corante. Hoje, usa-se também ovos de chocolate, o que não tem o mesmo charme, mas o ovo duro decorado pelas crianças perdura.

As lendas são célebres: Simão de Cirene, que ajudou Cristo a carregar a cruz no caminho do Calvário, era um mercador de ovos e, após a crucificação, o felizardo constatou que todos os ovos de suas galinhas ganharam um belo colorido arco-íris.

Obra-prima - Ao longo dos séculos, o hábito de pintar ovos mantém-se, nos meios mais humildes ou nos mais refinados. No século 18, o rei Luís XV pediu ao pintor Watteau para decorar ovos para sua filha, Madame Victoire. A obra-prima ainda pode ser vista no Museu do Louvre.

Na Rússia, foram criadas, no século 18, manufaturas para produzir ovos de porcelana, de vidro, de madeira, de escamas, de pedra dura, de papel e de carapaça de tartaruga. A aristocracia russa pedia a seus ourives jóias em forma de miniatura de ovos, que as mulheres usavam na época da Páscoa.

No século 19, um joalheiro de origem francesa, Carl Fabergé, recebeu do czar Alexandre III a encomenda de 46 ovos de metal e pedras preciosas que queria oferecer, um por ano, à sua esposa Marie Feodorovna.Para honrar esse pedido fabuloso, Fabergé deveria trabalhar 46 anos, pois cada ovo exigia milhares de horas de trabalho e continha, em seu centro, uma surpresa que comemorava um fato histórico determinado. Assim foi a festa da Páscoa que deu origem a esses “ovos Fabergé” que, hoje, os colecionadores disputam com o auxílio de milhões de dólares.

Tradução de Wanda Caldeira Brant

7 de abr. de 2014

Gripes e resfriados

E já estamos no Outono, estação em que o nosso corpo se prepara para o clima mais seco e frio que o inverno vai trazer e que predispõe o organismo, entre outras coisas, a gripes e resfriados.

Alguns hábitos simples de higiene, como não compartilhar alimentos, copos e objetos de uso pessoal; lavar as mãos com frequência com água e sabão, cobrir o nariz e a boca quando espirrar, evitar o contato direto com pessoas doentes, evitar permanecer em locais fechados e com muita gente, são bastante eficazes para evitar os riscos de contaminação.

As gripes e resfriados, bem inconvenientes, são infecções virais que atingem principalmente as vias respiratórias e que levam embora o bom humor, roubam o bem estar e nossa disposição. É dor de cabeça, dor no corpo, febre, garganta inflamada, congestão nasal e desânimo. Que nos desculpem esses vírus todos, mas que desprazer é receber esses intrusos!

Gripes e resfriados não são a mesma coisa e a gripe não é também o resfriado agravado como pensam alguns. O resfriado é causado por mais de 200 vírus diferentes; já a gripe, é causada pelo vírus influenza. Para saber reconhecer uma gripe ou resfriado, basta dar uma olhadinha na tabela aqui embaixo.

Sintomas
Febre
Dor de cabeça 
Dores no corpo 
Fadiga/fraqueza
Exaustão
Nariz entupido
Espirros
Dor de garganta
Desconforto no peito/ tosse 
Complicações

Resfriados
Rara
Rara
Leve
Muito Leve
Nunca
Comum
Frequente
Comum
Leve a moderado
Sinusite/Dor de ouvido

Gripe
37°C a 39°C 
Acentuada
Acentuada
Acentuada
Acentuada no início
Ocasional
Ocasional
Ocasional
Comum
Bronquite/Pneumonia

Embora sejam todos bem desagradáveis, a verdade é que alguns desses sintomas são respostas naturais e positivas do nosso organismo no processo de cura; são provas de que o sistema imunológico está fazendo o seu papel, lutando bravamente contra a doença. A febre, por exemplo, é um sinal de que nosso corpo está tentando matar os vírus através do aumento da temperatura. A tosse, outro sintoma positivo, é o recurso espontâneo para que o sistema respiratório elimine o muco que carrega os germes para os pulmões e para o resto do corpo. 

Tomar medicamentos sem prescrição médica nunca é uma boa alternativa, pode não adiantar e até mesmo agravar o quadro. Nos casos de resfriados e gripes leves a moderadas, as soluções caseiras simples podem ser tudo o que se precisa para o alívio dos sintomas, então aqui vão algumas dicas que podem ajudar:

1. Nunca fume. E se é fumante, que tal parar agora? E se ainda não parou, não fume quando resfriado ou gripado e evite ficar em ambientes com fumantes.

2. Tome muito líquido. A gripe, principalmente, pode desidratar, especialmente se a febre for acompanhada por vômito ou diarreia. Água e sucos de frutas são as melhores e as mais saudáveis opções. Fique longe de bebidas com cafeína, como café e chá preto, porque a cafeína atua como diurético. Se quiser ter certeza de que está recebendo quantidade suficiente de líquidos basta ver se a urina está amarelo bem clarinho, quase incolor. Se não estiver, tome mais líquidos.

3. Chá de ervas com mel pode trazer alívio para a dor de garganta. Se estiver com enjoo de estômago, tente tomar pequenos goles de líquidos com intervalos de tempo; tomar de uma vez pode pode provocar vômito. 

4. Ouça o seu corpo; se ele está dizendo que você não deve se exercitar e sim passar o dia todo na cama, faça isso; quando estiver bem você pode retomar a disciplina na atividade física. O descanso apoia a capacidade do organismo de combater as infecções e o bom funcionamento do sistema imunológico.

5. Assoe o nariz muitas vezes; é importante não ficar fungando o muco para dentro do corpo. assoar é muito importante, mas da maneira certa. Não se deve assoar com muita força porque a pressão exagerada pode levar o catarro e os germes para o ouvido. A melhor forma é pressionar uma narina com o dedo indicador enquanto assoa delicadamente a outra, usando sempre lenço de papel descartável que, além de mais higiênico, é mais macio e amigo da pele.

6. O nariz entupido costuma incomodar bastante, mas tente tratá-lo com água morna e sal que ajuda a amenizar a congestão nasal além de auxiliar na eliminação de vírus e bactérias. A misturinha correta é a seguinte: 1/4 de colher de chá de sal e 1/4 de colher de chá de bicarbonato de sódio em um copo água morna. Uma seringa sem agulha é a melhor forma de esguichar essa mistura no nariz. Mantenha uma narina fechada enquanto aplica a mistura na outra narina. Deixe escorrer. Repita duas ou três vezes em cada narina.

7. Mantenha-se aquecido e repouse. Manter-se aquecido não quer dizer passar calor; isso provocaria suor e perda de líquido; manter-se aquecido significa permanecer agradavelmente aquecido para ajudar seu corpo na batalha imunológica. 

8. Faça gargarejo. O gargarejo ajuda a umedecer a garganta inflamada e trazer alívio temporário. Tente meia colher de chá de sal dissolvido em 1 copo de água morna, quatro vezes ao dia. Para reduzir a coceira na garganta tente um gargarejo adstringente com chá que contém tanino, como o chá verde por exemplo, na temperatura ambiente.

9. Dormir com um travesseiro extra ajuda a aliviar o congestionamento das vias nasais. Se o ângulo ficar desconfortável, tente colocar almofadas entre o colchão e o suporte do colchão para criar uma inclinação mais suave.

10. Respirar o ar úmido ajuda a aliviar a congestão nasal e a dor de garganta. Uma estratégia eficaz é a abrir o chuveiro bem quente, esperar o banheiro ficar cheio de vapor e ficar ali no banheiro inalando o vapor durante alguns minutos, se possível mais de uma vez ao dia.

11. Atenção de uma pessoa querida. Se um amigo ou familiar se oferecer para ajudar, mesmo que seja só para estar perto e melhor ainda, pra fazer uma sopinha, aceite. Os efeitos psicológicos do carinho e da atenção são muito reconfortantes. 

12. Aquecer os pés ao deitar para controlar o ritmo metabólico e respiratório.

13. Sempre depois de um problema de garganta, jogue fora a escova de dentes substituindo-a por uma nova. E se você costuma ter problemas de garganta recorrentes, troque a escova a cada mês pois os germes ficam entre as cerdas. 

Este texto tem apenas caráter informativo e não pretende diagnosticar ou substituir uma consulta ou acompanhamento médico. 

Ref.: Influenza and common cold – American Academy of Family Physicians
 http://coldflu.about.com

Outono - Dr. Weleda

Estamos no Outono.


Isso significa que entramos em um período de “meia-estação” que precede uma estação extrema (inverno e verão). Com a aproximação do inverno, é importante prevenir o que essa estação traz de ruim para nossa saúde: Gripes e Resfriados. Essas afecções podem ser encaradas como uma “adaptação” ao frio. 

Mas adaptar-se não deve significar resfriar-se. É possível prevenir, e principalmente as crianças merecem uma atenção especial por serem mais abertas ao meio ambiente tornando-se mais suscetíveis a contrair as viroses dessa Época. 

O que fazer? Na alimentação, devemos ter o cuidado de ingerir alimentos frescos e de preferência orgânicos ou biodinâmicos, pois estes contém um plus de vitalidade e além disso, ingerir frutas que contenham uma boa quantidade de vitamina C como , acerola, caju, goiaba ,manga, carambola e laranja. Aquecer as extremidades também é muito importante para manter o calor de todo o organismo, o que ajuda a aumentar nossas defesas.

Como medicamento ideal, temos o Previgrip , uma combinação de sais, plantas e frutos equilibradas que aumentam a resistência de nosso sistema imune. A apresentação em glóbulos, ao meu ver, sempre se mostrou eficaz para as crianças. O mesmo valendo para a apresentação líquida para adultos. Bom Outono e melhor Inverno para todos.

Dr. Samir Rahme
CREMESP 42972

21 de mar. de 2014

O Conselho de Pais Waldorf sob a ótica da trimembração social e o representante de classe

Por mim, Andreza

Neste ano de 2014 ingressei, junto com meu marido, no Conselho de Pais da escola em que nossos filhos estudam. Nossa proposta dentro da escola Waldorf sempre foi formação de pessoas e com isso trilhar nosso (auto)conhecimento. No início foi bastante confuso, já que a escola, apesar de ter 27 anos, não tinha um regimento pronto e o Conselho de Pais era representado pelas mesmas pessoas ha anos. Convidamos, então, as fundadoras da Escola para nos "tutorar". Foi uma vivência maravilhosa, pois, além de ter o prazer da presença das "mães" da Escola depois de quase 08 anos de suas saídas, juntamos 18 pais para formar nosso Conselho. Tínhamos praticamente um pai por sala (nossa escola vai do maternal ao 12º ano). Aprendemos sobre a Trimembração Social, criamos perguntas, encontramos, em grupo, as respostas. Fizemos uma eleição sociocrática para eleger a coordenação de nosso Conselho e iniciamos o trabalho em um grupo harmônico. Pela riqueza do conteúdo construído, compartilho com vocês minhas percepções: 

O Conselho de Pais Waldorf existe para representar os anseios de todos os pais da comunidade escolar e ajudar o Corpo Docente a criar as melhores condições para o bom resultado do desempenho pedagógico. Cada escola tem a liberdade de regulamentar sua forma de trabalho, construindo seus próprios regimentos.
Sob a ótica da Trimembração Social proposta por Rudolf Steiner, o Conselho formado por pais, provedores da escola, é o guardião da fraternidade econômica, enquanto o Colegiado de Professores representa a liberdade cultural/espiritual e a Diretoria Mantenedora a igualdade jurídica/política.

Desta forma, o Conselho de Pais é um dos três pilares da Escola Waldorf.

Ainda sob a ótica da trimembração, o Conselho de Pais pode ser trimembrado em suas funções: Vejamos alguns exemplos:


1- FRATERNIDADE - SETOR ECONÔMICO – NECESSIDADES FÍSICAS 


1.1- Arrecadação de fundos para a escola; 

1.2- Adequar as possibilidades dos pais para participar efetivamente da escola através de bolsa de estudos, material coletivo, transporte dos alunos etc;

1.3- Arrecadação de fundos para formação de professores, gestores, funcionários e pais; 

1.4- Controle das finanças geridas pelo Conselho de Pais. 

As habilidades sociais esperadas de um conselheiro neste setor são: Identificação com os ideais da Antroposofia e da Pedagogia Waldorf , inteligência, raciocínio bom, organização, iniciativa, capacidade, disponibilidade, transparência, assertividade. 

2- LIBERDADE – SETOR CULTURAL – NECESSIDADE ESPIRITUAL 

2.1- Disponibilização estudos antroposóficos e da Pedagogia Waldorf através de grupos de estudos, cursos, palestras, encontros etc; 

2.2-Incentivar a busca do autoconhecimento e autodesenvolvimento de todos os membros da escola;

2.3- Promover a integração social através de festas, eventos, saraus, viagens, piqueniques entre as famílias do período da manhã e da tarde. 

As habilidades sociais esperadas de um conselheiro neste setor são: Identificação com os ideais da Antroposofia e da Pedagogia Waldorf, conhecimento, criatividade, intuição, disponibilidade, transparência, valores, qualificação. 

3- IGUALDADE – SETOR JURÍDICO/POLÍTICO – NECESSIDADE ANÍMICA 

3.1- Comunicação pela paz: Promover fóruns de debates entre as esferas gestoras, entre as famílias, com a comunidade ao redor, divulgando a pedagogia Waldorf e a Antroposofia. 

3.2- Acolhimento: 

-aos pais novos, quando chegarem; 

-às iniciativas dos professores; 

-às iniciativas dos funcionários; 

-às iniciativas pedagógicas dos alunos; 

-a todos os pais engajados, esclarecendo dúvidas, dando orientações e motivação, através de uma ouvidoria sem julgamento; 

3.3-Representar, através de uma coordenadoria eleita por sociocracia: 

-o Conselho de Pais no Tripé; 

-os Pais perante outras esferas. 

3.4- Coordenar: 

-as comissões de trabalho; 

-as eleições de representantes de classe, incentivando a sociocrática realizada em todas as iniciativas antroposóficas. 

3.5- Promover trabalhos sociais com a comunidade. 

As habilidades sociais esperadas de um conselheiro neste setor são: Identificação com os ideais da Antroposofia e da Pedagogia Waldorf, carisma, ponderação, equilíbrio emocional, liderança, respeito, disponibilidade, transparência, humildade. 

Para o cumprimento da missão do Conselho de Pais é desejável que em todos os âmbitos exista a presença das seguintes condutas: 

- Transparência; 

-Saber ouvir/falar; 

-Serenidade; 

-Respeito pelo outro, aceitando as diferenças; 

-Levar para o sono (reflexão); 

-Não ser reativo; 

-Olhar por vários pontos de vista; 

-Decisão por sociocracia.

Ainda é desejável que o conselho se reúna pelo menos uma vez por mês e que, sempre que solicitado, receba os pais para conversas, mediante agendamento prévio de data e horário. Importantíssimo, ainda, que o Conselho trabalhe junto aos Representantes de Classe*.


*O Representante de classe se trata de alguém que propaga as premissas da escola e sua energia fraterna junto à classe, funcionando, dessa forma, como elo entre as famílias da turma, o professor e o Conselho de Pais. Friso a importância da comunicação compassiva voltada a propagar com amor as informações, aproximando diferentes instâncias e ainda fomentando que cada vez mais famílias se engajem no cotidiano da Escola Waldorf.

Importante dizer, ainda, que o representante, bem como o conselheiro, são pessoas que afirmam sua disponibilidade junto à Escola, atuando naquilo em que se sentem contribuintes com compromisso e de acordo com os valores da instituição, que definem o papel de cada instância (Diretoria Mantenedora, Conselho de Pais e Colegiado de Professores).

Finalmente, cabe ressaltar que o cotidiano do Conselho de Pais é tecido por diversas cabeças, mãos e corações, fazendo pulsar de forma intensa e plena de sentido a presença não apenas na Escola, mas em um projeto de vida comum...

8 de mar. de 2014

Aleitamento materno

Eliane e Silberto Azevedo

“A mãe inteira vive no leite materno.” R. Steiner

O aleitamento materno é o significado do mais puro amor, que une dois seres numa única expressão. É a continuação do processo de nutrição, cuidado, proteção e calor que começam no útero e que se completa no seio materno. (Rabboni, 2002).

Ao formar o leite materno a mãe se exterioriza por inteiro no ato da amamentação. Todo o seu mundo interno volta-se para fora, ela doa-se por completo, conferindo-lhe um sentimento global de si mesma, uma autoconsciência singular e única. O ato da amamentação é, então, ao mesmo tempo, uma doação completa de si.

Após o nascimento, ocorrem transformações profundas na forma de existência de uma criança. Durante sua vida embrionária ela é envolta, protegida, aquecida e alimentada dentro do útero materno. Com o nascimento, esta relação intima é quebrada bruscamente e a criança vê-se entregue a si mesma. Ela tem de se adaptar as novas condições de vida do mundo físico. Assim, o leite materno é a ligação entre ele e seu antigo abrigo. (CAMPOS, 1995).

O ato de amamentar constitui, portanto, uma transição importante, efetiva e indispensável da vida intra-uterina para a existência pós-nascimento. O leite materno não representa apenas uma composição perfeita de substâncias nutritivas indispensáveis ao recém nascido, mas carrega consigo também todo o calor materno que passa assim diretamente a criança. (CAMPOS, 1995).

Em uma visão antroposófica, através do ato da amamentação, todo ser materno flui, diretamente ao recém nascido sem que haja entre ele e a mãe nenhuma interferência externa, ou seja, o leite materno não entra em contato com o mundo físico, ele flui diretamente de um organismo vivo para outro. Desta forma este ato permite que a organização vital da mãe, as forças formativas de sua organização para o Eu, fluam de forma bem especial ao novo ser.

Além desta efetiva relação estabelecida entre mãe e filho, a amamentação apresenta como grande benefício a aquisição de resistência contra diversas doenças.
Por outro lado, de acordo com Ferriolli existe uma relação entre a amamentação e deglutição, mastigação, respiração, fala e pensamento que se desenvolvem no ser humano. Um bebê que é amamentado pela mãe desenvolve melhor suas funções orais predispondo-se menos a alterações no vedamento labial (boca aberta) na mastigação (unilateral, ineficiente ou rápida demais), na deglutição (invertida e com interposição de língua) e na fala (distúrbios articulatórios). Assim uma boa oclusão auxilia a elaboração correta das experiências anímicas, assim como a mastigação correta o “bem triturar” das vivências e o equilíbrio na resolução de seus problemas. Além disto, “é possível notar um embotamento do pensamento, dispersão e desatenção pela dificuldade em respirar, acarretando dificuldades de aprendizagem escolar pela pouca concentração”.

De encontro a esta importante relação de mãe e filho através da amamentação também está o Método Mãe Canguru ou Método pele a pele.

Este método foi idealizado na Colômbia com o objetivo de reduzir a mortalidade neonatal naquele país. O fundamento do método é de que colocando o recém nascido contra o peito da mãe, possa promover uma maior estabilidade térmica substituindo assim as incubadoras, permitindo alta precoce, menor taxa de infecção hospitalar e conseqüentemente melhor qualidade da assistência com menor custo para o sistema saúde. No entanto, quando adequadamente analisado esse procedimento não mostrou a melhoria esperada na sobrevida dessas crianças prematuras. Porem há evidências de impacto positivo do Método Mãe Canguru sobre a prática da amamentação e também que este possa reduzir a morbidade infantil. Por outro lado, não existem relatos sobre efeitos deletérios da aplicação do método (Método Mãe Canguru; Venâncio e Almeida, 2004).

Mas a atitude de promover um maior contato precoce entre a mãe e o seu bebê mostrou desenvolver um maior vínculo afetivo e um melhor desenvolvimento da criança.

O “Mãe Canguru” lembra bem a relação de cuidados que as índias têm com seus filhos, seguindo a mesma linha de atuação da medicina antroposófica. Isso se deve, talvez, ao elemento profundamente humano que é resgatado na relação mãe-bebê através dessa prática. O triângulo que ampara o “Mãe Canguru” é “Calor-Amor-Leite Materno” enquanto que a medicina antroposófica desperta para a importância do ambiente harmonioso, do calor da mãe (principalmente o calor espiritual materno) e da nutrição através do leite materno para promover o processo de encarnação de forma mais apropriada e transmitir adequadamente as forças formativas e plasmadoras que permitam um desenvolvimento global do bebê e uma chegada mais suave ao ambiente terrestre. Todos esses princípios são preenchidos pelo “Mãe Canguru” e desta forma, observa-se um ponto de encontro inquestionável entre as práticas antroposóficas e a tradicionais, quando essa última caminha em direção à valorização do Humano.

No Brasil o Método Mãe Canguru foi implantado na rede pública com a visão de um novo paradigma que é o da atenção humanizada à criança, à mãe e à família, respeitando-os nas suas características e individualidades.

Assim ao buscarmos as relações humanas mais naturais e preenchidas de calorosidade estamos indo de encontro à concepção de um mundo mais harmonioso.

“Tudo que é dado ao organismo humano através da alimentação de leite prepara-o para torná-lo uma criatura humana terrestre, coloca-o em união com as relações terrestres. Ele (o leite) torna-o um cidadão terrestre, mas não o impede de se tornar um cidadão de todo sistema solar.” (Steiner, 1913)

Ser mãe é uma benção, ser mãe que amamenta é uma dádiva, ser mãe que acolhe e transmite energia deve ser uma inspiração.

Fontes:
Campos, J. M. A. Mama e leite materno, Ampliação da arte médica. ABMA, ano XV n.2, 1995.
Ferriolli, B. A relação entre amamentação e pensamento. Disponível emhttp://www.alumiar.com/alumiar/index.php?option=com_content&view=article&id=1051:arelacaoentreamamentacaoepensamento&catid=64:medica&Itemid=66 Acesso em 05/05/2009.
Método Mãe Canguru. Disponível em http://www.metodocanguru.org.brAcesso em 05/05/2009.
Rabboni, A. Leite materno, amor e vida. Arte médica, ano III n. 3, Nov/2002.
Steiner, R. Ciclo de palestras em Den Haag. 1913 in Campos, J. M. A. Mama e leite materno, Ampliação da arte médica. ABMA, ano XV n.2, 1995.
Venâncio, S. I.; Almeida, H. Método Mãe Canguru: aplicação no Brasil, evidências científicas e impacto sobre o aleitamento materno. Jornal de Pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2004.

22 de fev. de 2014

A crise dos 9 anos

Por Fabi Corrêa

Ser criança, meu filho, não é fácil. Enquanto você dorme, uma lagriminha escorre no travesseiro porque hoje você chorou com medo da morte. Tão pequeno e com medo de ir. Não só. Com medo que eu me vá, que a vovó se vá, que o papai se vá. Pela primeira vez, ao longo desses nove anos, você se deu conta que, uma hora, todos iremos. Como assim, se tudo parecia eterno? Você logo vai perceber, se é que já não percebeu, que daqui em diante está sozinho. Não, a mamãe não vai te deixar. Ficarei aqui pelo tempo que puder. Mas é que, quando você se machuca, por mais que eu cuide ou dê um beijinho para sarar, não posso sentir a mesma dor. E assim, quando você sofrer com o primeiro amor, eu posso até chorar com você, mas o que você sente é só seu. Nunca saberei ao certo o que se passa em seu coração. Com razão, você vai espernear e abraçar seu coelhinho de pelúcia como nunca, mas vai perceber que ele já não fala com você como antes. Vai começar a ver que o papai não é o homem mais forte do mundo. E vai ter medo do mundo lá fora. Vai até sentir saudades da infância, como sua professora ouviu você e uns amiguinhos comentando entre si dia desses.

Não, ser criança não é fácil. Mas é que tem uma hora que fica mais difícil. E não só para eles. Benvindos, pais, ao Rubicão. É assim que antroposofia chama a crise dos 9 anos (que, na verdade, chega um pouquinho antes, lá pelos 8,5). De repente, aquela criança fofa e carinhosa, que era só amor e elogios pra você, vira um pequeno ditador. “Mãe, onde é que você vai vestida desse jeito?” (o meu filho, com todas as crianças, sabe muito bem onde me aperta o sapato. Ou melhor, o vestido). De repente, eles não querem mais fazer visitas às casas de amigos, que eram motivo de alegria só. Querem ficar grudados na mãe, falam com vozinha de bebê e acham tudo fofinho. E dormir sozinho vira um sacrifício. Meu filho passou bem uns três meses chorando antes de dormir porque tinha medo que eu morresse, que ele morresse, que o Panda, nosso cachorro, morresse (algo que, confesso, já desejei no dia em que o pestinha comeu meu sofá todinho). Entre os 8 e 9 anos, alguma tragédia sempre acontece. A mãe volta a trabalhar fora (no meu caso), o cachorro é atropelado, a família muda de cidade. Tenho pistas de quais são as tragédias do Antonio, mas não vou falar aqui pra não dar subsídio pro psicanalista dele, quando ele tiver um. Dia desses meu filho perdeu um bonequinho e, à noite, quando se lembrou, começou a chorar por todos os brinquedos que já havia perdido. “Ele está perdendo é a infância”, disse uma professora pra quem contei o causo. E, perder a infância, convenhamos, deve doer muito.

Esse é o momento em que finalmente a criança chega com mais força do plano espiritual, com o qual ainda estava muito ligada durante toda a primeira infância. É nessa hora que ela começa a se desligar dos pais e a desenvolver sua individualidade. É quando ela começa a perceber que é um ser único e que assim será para toda a vida. E por isso vai começar a mostrar aos pais que não concorda com tudo o que fazem ou pensam e a criticar nossas atitudes como nunca. E haja paciência, autoridade e amor.

Hoje, depois de mais uma dessas crises em que meu filho se recusava a fazer tarefas que antes cumpria tranquilamente, fui ler um pouco e relembrar a origem da palavra Rubicão. Talvez você saiba, é aquele rio ao sul da Itália, por onde qualquer general era proibido, por lei, de atravessar quando retornasse à Roma com seus exércitos. Mas Júlio César ousou atravessá-lo e, enquanto isso, teria dito seu famoso alea jacta est, ou a sorte está lançada, já que não tinha mais volta. É mais ou menos isso o que acontece nessa idade. Não tem mais como voltar para aquele mundo de fantasia e para a barra da saia de mãe exatamente como era. Mas, depois da batalha inevitável, Júlio César fundou o Império Romano. Assim também esse momento prepara nossos filhos para os grandes feitos da vida. É um grande momento para ajudá-los a desenvolver a coragem. Nem que seja apenas a coragem de dormirem sozinhos a noite inteira. Só não acho que podemos dizer que a sorte está lançada. Apesar de estarem crescendo, mais do que nunca eles precisam de nós, que somos seu exército de apoio por toda a vida.

10 de fev. de 2014

Entendendo a Escola de Rudolf Steiner



Vale começar dizendo que todas as Escolas Waldorf do mundo (Ensino Fundamental e Médio) devem ser constituídas por uma Associação sem fins lucrativos. Esta foi uma condição para a criação da Escola Waldorf. Toda mensalidade paga ou todo dinheiro arrecadado deve ser revertido em benefício do próprio organismo vivo que é a Escola.

As Escolas Waldorf devem ser geridas por um colegiado de professores, que agirão livremente, sem tirania ou ordens. Os professores são seus próprios mestres e constituem a alma e o coração da Escola. Para Steiner, cada professor tem atrás de si um anjo da guarda que provê a força necessária para desenvolver a força da imaginação criativa essencial para cada ato de ensinar. A autogestão é necessária, pois assegura que nenhuma regra arbitrária interfira nessa conexão. 

Steiner sugeriu que, em reuniões semanais, os professores trocassem experiências de sala de aula e não de teorias, sendo uma academia permanente de formação de professores. O objetivo é sempre desenvolver uma percepção psicológica que permite o entendimento verdadeiro de cada aluno (ser humano) individualmente. Esta troca de experiências faz com que toda a Escola seja objeto de atenção de cada professor. E assim é feito.

Na constituição da EW deve existir a Conferência Interna, formada por alguns professores do colegiado, eleitos sociocraticamente entre eles, que tratará de todo e qualquer assunto Pedagógico e será responsável pela contratação e demissão de professores. Dentro da trimembração do organismo social proposta por Steiner, o colegiado, nas Escolas Waldorf, representa a liberdade (cultural).

Steiner dizia que novos professores devem ser uma fonte de entusiasmo dentro da escola:

"Se você deseja que um ambiente fique mais iluminado, você acende mais luzes e não as apaga".

A harmonia no colegiado é a única forma da Escola Waldorf prosperar.

Steiner propôs, ainda, que a responsabilidade pela administração da escola fosse excluída das reuniões do colegiado. Por isso, as Escolas Waldorf devem ser administradas por uma diretoria que cuidará e tratará dos assuntos financeiros e burocráticos. 

Assim, esta diretoria deve ser formada por pais que, cumprindo alguns requisitos como tempo de Escola por exemplo, são eleitos pela comunidade. As eleições devem ser preferencialmente sociocráticas. Há escolas que mesclam esta diretoria com a presença de pais e alguns professores. Este conselho administrativo, dentro da trimembração social, representa na Escola Waldorf, a igualdade (jurídico/político).

O Conselho de Pais, presente em todas as EW, devem tratar exclusivamente de interesse dos pais, os provedores da Escola, não se envolvendo em assuntos diversos. Representa os anseios de todos os pais de nossa comunidade e ajuda o Corpo Docente a criar as melhores condições para o bom resultado do desempenho pedagógico.Aqui, dentro da trimembração social proposta por Steiner, o conselho de pais representa a fraternidade (econômica).

Podem existir, ainda, os comitês, compostos por pais e/ou professores. São as comissões geralmente coordenadas pelo conselho de pais para gerar rendas para a associação (não se envolve em assuntos executivos, financeiros, burocráticos ou pedagógicos).

Steiner preferia que os mandatos não fossem tão longos. Atualmente cada Escola tem seu estatuto com o tempo de cada mandato.

Em toda Escola Waldorf deve predominar o espírito de Cristo através daquilo que os professores trouxerem com amor, paciência e permanência. O espírito embuído de amor genuinamente humano, deve sair de cada professor para entrar no coração dos alunos.

Para Steiner o que importa é "aprender a aprender", mantendo-se até os últimos dias da vida, um aluno da vida. Uma Escola como a de Steiner pressupõe autoeducação.

Todas as diversas Escolas Waldorf distribuídas pelo mundo formam o maior agrupamento no planeta de organizações não hierárquicas.

Por Andreza Sichieri M. Pestana Mota

Fonte consultada: "Academias Republicanas - A concepção de Rudolf Steiner sobre autogestão, estudo experencial e autoeducação na vida de um colegiado de professores". Francis Gladstone, 1ª Edição, Editora Antroposófica.