4 de ago. de 2012

O I Congresso Ibero Americano de Pais Waldorf - por Andreza S. M. Pestana Mota



Os preparativos foram intensos... Uma semana fora de casa, longe dos filhos pequenos e do trabalho... A expectativa era grande, não somente pelo fato de ser o primeiro Congresso Ibero Americano de Pais Waldorf, mas também e principalmente pelo fato de não saber ao certo o que isso significaria e o que nasceria com este semear.

Éramos um grupo de 30 pessoas (entre pais e avós) vindas do Chile, Peru, Argentina e Brasil. Os objetivos e as metas do congresso foram:

1- Troca de experiências em relação às Escolas Waldorf (pontos positivos, negativos e propostas de soluções);

2- Troca de experiências sobre os diferentes modelos de organização dos pais nas diversas escolas (representantes de classe, conselho de pais, administração);

3- Apresentação de noções básicas de Antroposofia e a importância dela na Pedagogia Waldorf (a Antroposofia é o coração da Escola Waldorf), facilitando o entendimento da proposta pedagógica e conhecimento do currículo da PW, de modo a proporcionar um conhecimento da criança/jovem em seu desenvolvimento para corresponder às suas reais necessidades;

4- Aprofundamento das conferências proferidas por Rudolf Steiner ao invés de quantifica-las.

5- Vivências com os participantes que levaram à evolução da busca do caminho individual em direção ao autoconhecimento (escultor: medo e coragem; teatro de improviso: germinar, gratidão, cuidar;  euritmia, música, aquarela);

6- Entendimento do significado de “Ser Pai” na Escola Waldorf, sob o tema “O caminho interior dos Pais”;

7- Apresentação do caminho de fraternidade de Pais Waldorf na Iberoamérica (roda “Gracias a la vida”);

8- Estabelecer uma comunhão entre as comunidades de Pais das Escolas Waldorf do Brasil, de modo a que os presentes passem a atuar (sob coordenação da Dra. Ana Paula Cury e Sandra, da Escola Novalis de Piracicaba) doravante, como representantes das atividades de encaminhamento para os próximos encontros, dentre eles o II Encontro de Pais Waldorf, a ser realizado em 2013, na Escola Viver, em Bauru, SP, o I Congresso Brasil de Pais Waldorf (em conjunto com IV Congresso Brasil de PW), a ser realizado em janeiro de 2014 (em local ainda não definido) e também o II Congresso Ibero Americano de Pais, a ser realizado em Cali, Colômbia, em 2015.

9- Possibilidade de nos tornarmos agentes multiplicadores.

Nas oficinas de aprofundamento com Marina Calache como nas ministradas pela Ana Paula Cury as fortes emoções se manifestaram das mais diversas maneiras. Impossível traduzir aqui o que representou uma semana de congresso para nós. Posso apenas resumir em algumas palavras o que ficou: conhecimento, transformação, paz, amor, gratidão e muito, muito trabalho pela frente.

Dentre as inúmeras coisas que aprendemos uma delas é importante dizer neste momento: somente construindo relações baseadas na confiança e na disposição para a cooperação estaremos aptos a enfrentar com êxito os desafios do mundo atual.

Adoraria transcrever todas as palestras que assistimos, todas as emoções que sentimos e todos os desafios que trouxemos conosco. Impossível agora...

Porém, um resumo bem simplificado da palestra do Osvald Florian faço questão de trazer:

      Hoje temos mais de 1000 EW distribuídas em vários continentes.

Os princípios da PW nasceram da Antroposofia.

Contudo, individualmente, a Antroposofia nunca pode vir de fora, necessita vir do interior, como um impulso e, hoje, o professor deve ser o representante deste impulso. Então a pergunta: Como está a relação dos professores com a Antroposofia???

A Antroposofia é o coração da EW (inseparável) e por isso quem escolhe esta pedagogia tem que respeitar seus princípios e se interessar por eles.

É sempre bom lembrar que Steiner fundou a EW como um impulso social e não como uma “ilha cultural”. Precisamos expandir, pensar mais amplamente (vida pública). O trabalho de periferia, no entorno da escola é muito importante. Trabalho com a sociedade é dever da EW.

A partir daqui pergunto: Qual é o papel dos Pais na Escola Waldorf???

Trago abaixo um simples resumo do que nos foi passado sem a minima intenção de que se caracterize um "minicurso" e sim que seja um semear, uma luz no fim do túnel para o compromisso de nós, pais e educadores, com a educação de nossos pequenos.

      O CAMINHO INTERIOR DOS PAIS – PALESTRANTE ANA PAULA CURY.

A criança nos escolhe e confia-nos seu segredo. Ela procura aquilo que não podia mais ser buscado no mundo espiritual quando o momento do nascimento se aproximou.

Porém este segredo do qual ela nos faz guardiões não nos é dado como conhecimento no sentido de imagens mentais, mas antes como uma faculdade que se manifesta numa disposição para uma atenção intensa, que é a capacidade de encontrar a atitude adequada, os gestos corretos, a linguagem apropriada, e assim por diante, e encontra-los com a certeza do coração. Nesta atmosfera acolhedora a criança pode formar-se a si própria: ela se reconhece nela. Quando nosso senso de percepção (presença de espírito) está presente para situações em que a educação é praticada como uma arte promovemos o estabelecimento da conexão da criança com seu anjo protetor. As atitudes básicas para aproximarmos deste ideal (educar a criança) são: proteger, acompanhar, confortar, curar.

PROTEGER

Aqui não se trata apenas da proteção óbvia contra perigos exteriores, precisamos proteger o Mistério que nos foi confiado – a nós protetores escolhidos. Este Mistério precisa de proteção, pois seria incapaz de se desenvolver caso fosse exposto às tempestades do mundo. Se encerraria em si mesmo. O Mistério é aquilo que ainda está por vir à tona.

Precisamos estar presentes com uma consciência desprovida de preconceitos. As atividades intencionais, um movimento interventor dirigido a alguém, não realiza nada na esfera do Mistério; antes, afasta, cria distancia. Interrompe o fenômeno relacionamento. Em contraste, o que no mundo objetivo é o exato oposto da ação – isto é, percepção – é na esfera do Mistério a ação apropriada que cria e estabelece relacionamentos. O que importa não é o conteúdo da percepção, mas o próprio poder de percepção, ou seja, a atenção. A criança precisa para a realização de sua individualidade do meu olhar e da minha escuta capazes de reconhecer suas possibilidades. Tudo que ela requer é uma profunda devoção, “reverência pelo instante presente” e tranquilidade (R. Steiner, GA 317). É preciso calar-se internamente e aprender a fazer silêncio. Assim, julgar, tirar conclusões, perseguir intenções aqui estão fora de propósito. A atitude decisiva é interrogar-se: Estou praticando uma redução desta pessoa ao julga-la? Serei capaz de assombrar-me? De admirar-me? Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. Calma interior e percepção possibilitam esta proteção.

ACOMPANHAR

Aqui, igualmente mais que o companheirismo no sentido da vida exterior, o que importa é que paralelamente possamos dar tempo ao Mistério para ele se desenvolver, sem intervenção intencional. Devemos ficar ao lado da criança com uma atitude de quem espera em paz – simplesmente estar ali, presente e pacientemente. Aqui, da mesma forma, a aparente inatividade é a verdadeira atividade criativa. O inimigo aqui é a impaciência. Na esfera do Mistério, acompanhar significa ser capaz de esperar – não de modo entediado, mas de forma participativa.

A LIÇÃO DA BORBOLETA é uma imagem que expressa algo acerca deste verdadeiro acompanhar:

O homem observava há dias o casulo quando percebeu que nele se abria um pequeno orifício. Durante horas a borboleta tentou fazer passar seu corpo pela abertura.

De repente parou, como se não conseguisse ir adiante. O homem resolveu ajuda-la. Com uma tesoura cortou o restante do casulo e a borboleta deixou-o facilmente. Mas seu corpo era pequeno, estava murcho e suas asas amassadas.

O homem esperava as asas se abrir para o primeiro voo. Mas nada aconteceu. A borboleta rastejava, jamais foi capaz de voar.

Ansioso para ajudar o homem não conhecia o processo da metamorfose que permite o voo da borboleta. Pois que é o seu esforço que lhe dá esta capacidade: ao comprimir seu corpo pelo orifício do casulo secreta a substância necessária para esticar as asas e voar.

Como a borboleta, também nós precisamos de tempo e do empenho de nossas forças em nossas vidas. Sem obstáculos as forças necessárias para vencê-los ficariam enfraquecidas. Jamais seriamos capaz de voar.

Conhecer as leis do desenvolvimento, paciência e perseverança possibilitam o acompanhamento necessário.

CONFORTAR

Além da atenção consoladora mais obvia em relação às tristezas, adoecimentos, magoas, etc precisamos encontrar, enquanto o Mistério se desenvolve, os obstáculos e as confusões que ocorrerem de tal forma que possamos amortecer e limitar seus efeitos.

Experiências ameaçadoras da realização da esperança infantil são inevitáveis. Mas nós podemos conforta-la trazendo-a para fora deste estado pela autoridade de que fomos investidos pela própria criança. Com a expressão “chamá-la para fora deste estado” significa dirigir-me a ela como “tu”. Ensinamentos (ou respostas) são de pouca valia nesse contexto. Na esfera do Mistério elas são como repelentes. Em contrapartida há uma consoladora demonstração de confiança na arte de fazer perguntas. – “quem é você?”.

Eu posso ensinar sobre o tempo passado e sobre o mundo acabado, mas sobre o que está por vir. Com respeito ao que está por vir, eu sou aquele que está aprendendo, que está sendo agraciado com presentes, e só estou doando a partir da abundancia que recebi, quando a criança está diante de mim necessitando de conforto e consolação, isto é, necessitando ser lembrada (de quem ela é). Devemos remeter a criança ao reconhecimento ou à lembrança de seu verdadeiro ser.

Possibilitar que a criança encontre seu próprio caminho. Devolver a criança a si mesmo. Lembra-la sempre de quem ela é traz o conforto necessário.

 CURAR

Atenção protetora (escutar), acompanhamento interessado (esperar), e confiança confortada (perguntar) são qualidades que atuam juntas na faculdade educativa da confirmação compreensiva. Elas não podem ser separadas, em realidade, mas observamo-las separadamente para efeito de clareza didática, assim quando observamos uma árvore a cada vez de um ângulo diferente. Tem-se uma imagem diferente de cada ponto de vista, mas sabemos tratar-se de uma única e mesma árvore. Precisamos aprender a ver as conexões anímico-espirituais de diferentes perspectivas tal como se andássemos ao redor de uma árvore no espaço físico. É aí que a espiritualidade começa num sentido mais concreto. A árvore em torno da qual andamos no presente exemplo é o conceito de confirmação compreensiva (ou compreensão criativa). Este conceito caracteriza uma atitude interior que deve fluir em tudo o que fazemos se quisermos dar o salto que transpõe o abismo entre a educação que hoje se pratica (sistematizada, regulamentada) e a educação como uma arte ou como um caminho interior (educação curadora).  Sistematização é qualquer influencia de fora, enquanto cura é como dar forma desde o íntimo a um relacionamento baseado na ideia de infância. Contudo, atenção, interesse e confiança apenas desenvolvem sua força curadora se e quando na esfera do Mistério a criança encontra a criança. E assim nós chegamos ao âmago da ideia da infância. O real auxilio ao destino acontece sempre que a criança interior do educador se revela àquele que é criança no corpo.

Eu selo um pacto refazendo o caminho para o meu mistério e tomando a criança sob meus cuidados. Aqui também se trata de uma atividade interior.

Então, por “cura” não entendo a eliminação de um estado doentio, mas antes “a condução em direção ao essencial”, ou seja, “salvação” (segundo Steiner) da doença de nossos tempos. Estou falando da postura da educação curativa. Lugares nos quais o relacionamento educativo é cultivado devem ser permeados de espirito artístico: laboratórios do futuro, sementeiras de esperança humana. Curar abrange proteção, acompanhamento, conforto e muito mais. Curar significa dar esperança e dar esperança significa ter esperança. E se uma pessoa possui ou não esperança é uma questão do pensar. Assim o circulo se fecha: uma educação que faça jus a criança só é possível a partir do pensamento permeado pelo calor da infância.

Se nos percebermos a proximidade do Cristo (a criança da humanidade) na esfera  do espirito que faz fronteira imediata com este mundo, o reino angelico, e se nós acolhermos o que Dele emana e formularmos em conceitos de educação artística, um tempo mais caloroso pode começar para as crianças tida como difíceis, e então se disseminar para todas as crianças e então passar daí para toda a avida social.

A utopia de uma nova Cristandade – livre de dogmas, de fome, de poder e hipocrisia – é inicialmente uma tarefa pedagógica. O adjetivo difícil é mais adequadamente aplicado àqueles que não tem disposição nem se sentem inclinados a deixar de insistir no caminho conveniente  já trilhado.
       
     Filmes ilustrativos das atitudes básicas na Compreensão Criativa:

1-      O contador de histórias (baseado na historia real de Roberto Carlos Ramos)

2-      Cinema Paradiso

3-      A canção de Bernadete (baseado na historia real de Bernadete Soubirouz)

4-      Mãos talentosas

     Um exercício para o caminho interior dos Pais: a contribuição do Sono

“Carrego meu pesar ao sol poente,

Coloco minhas preocupações em teu colo resplandecente.

Purificadas em tua luz, transformadas em teu amor,

Que elas me retornem como pensamentos que auxiliem,

Como forças para um agir alegre, disposto ao sacrifício”.

(Rudolf Steiner – verso para a noite)


“Tem paciência com tudo de não resolvido em teu coração e tenta amar as perguntas em ti como se fossem quartos trancados ou livros escritos em idioma estranho. Não pesquises em busca de respostas que não te podem se dadas. Porque tu não as podes viver, e trata-se de viver tudo. Vive as grandes perguntas agora. Talvez, num dia longínquo, sem o perceberes, serás agraciado com a resposta”.

(Rainer Maria Rilke)


Para encontrar respostas por este método é necessário basear-se em um genuíno interesse e envolvimento, precisamos estar realmente movidos por um desejo de compreender a criança. Como regra, nos seremos bem sucedidos em obter o que o sono tem a oferecer somente se tivermos um trabalho preparatório para isto.

Ao assumirmos a responsabilidade pela educação de nossos filhos como um assunto sagrado, estaremos ao mesmo tempo trilhando um caminho de autodesenvolvimento consciente que é o único que pode criar as condições que lhes permitam ser quem eles estão destinados a ser.

1 de ago. de 2012

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço.

Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos.

Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal.

Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina.

Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido.

Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade.

Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance.

Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

"Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor.

Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba."


Ritmo diário em casa e sua relevância ao longo da vida

Ritmo diário em casa e sua relevância ao longo da vida

por Helle Heckmann

Como pais de crianças pequenas, você está constantemente muito cansado e sempre dorme pouco, e quando você dorme muito pouco, tem muito pouca energia e então, muitas vezes você cede, quando, na verdade, acha que não deveria ter cedido. Ou fica com raiva ou irritado, e dessa forma não fica presente, e quando vc não está presente você “perde” seu filho e assim você não se gosta...

Para tornar mais fácil lidar com a vida cotidiana com seus filhos, existem três considerações importantes:

· Ser flexível

· Estabelecer limites (fronteiras)

· Observar a mesma rotina todos os dias

Tornar-se flexível é o resultado de uma observação interior objetiva. Você pode treinar sua flexibilidade através de um trabalho interno no qual você aprende sobre si mesmo. 

Em relação aos limites, você tem que descobri-los por si mesmo. Você deve decidir quais são os limites para o seu filho em sua casa: o horário de ir para cama, o horário de comer, o que comer, qual a linguagem a ser usada em família e assim por diante. Você tem que ter estabelecido a sua opinião sobre os limites previamente. Assim, em vez de dizer "não, não, não …" e ficar irritado, você simplesmente não permite que as crianças ultrapassem os limites. Você sabe que essa é uma decisão sua e não precisa mais ficar irritado. Se você está à frente da criança e percebe aquela certa situação se aproximando, com humor e o gesto ou a palavra corretos, você pode afastar a situação. Isso será possível se você exercitar sua flexibilidade. Conhecer-se melhor lhe dará a possibilidade de também estar à frente de você mesmo. Quando você apreende essa ferramenta, você pode começar a lidar com seus filhos de uma forma muito mais livre porque os limites já estão estabelecidos.

A terceira recomendação, a de fazer uma rotina que seja a mesma todo dia, garante a criança ritmo. Todas as famílias Waldorf, provavelmente, conhecem a vida cotidiana no Jardim da Infância. As crianças passam o dia em períodos alternados de concentração e expansão, como no ritmo da respiração, onde há o inalar e o exalar. Na fase de inalação ou inspiração, a criança direciona sua atenção para uma atividade que basicamente a relaciona a ela mesma. Para as crianças pequenas, cada período de inspiração (desenho, aquarela, tricô, comer…) é muito curto, porque os pequenos podem concentrar-se apenas por curtos períodos de tempo. No período de exalação ou expiração, a criança se refere principalmente ao mundo ao seu redor (brincar livre, correr livremente, etc.). Para cada período de inspiração a criança precisa de um período de expiração e assim um padrão é estabelecido. Esse ritmo é algo que você pode trazer para dentro da sua casa. Você tem que tentar descobrir quando as crianças “inspiram” e quando elas “expiram”. E quando a criança está no período de inspiração, você tem q ter certeza que estará presente, de maneira que a criança sinta “Ahhh, aqui eu sinto meus pais, eles estão lá por mim!”. Depois disso, por bem pouco tempo, você pode fazer o que tem que fazer em casa e você pode dizer para criança “Você tem que esperar porque eu preciso fazer isso”. E será tudo bem porque você sabe que esteve presente com a criança. Por exemplo, observe a situação quando os pais pegam seus filhos no Jardim. No exato momento que você está pegando seu filho: O celular toca e você atende? Você cumprimenta seus amigos e inicia uma conversa intensa? Se a resposta for sim, então você não está presente com a criança. Na minha ultima visita ao México, vi muito poucos pais saudando seus filhos, a maioria estava conversando com outros pais ou envolvidos em assuntos da escola ou falando em seus celulares, ou chegando atrasados, ou com muita pressa.

Mas, para seu filho que esteve fora há cinco horas e realmente quer você… Você não está lá. Então a criança grita: “Quero sorvete! Quero isso! Quero aquilo!” ou então ela começa a correr ou a cair ou a se meter em pequenas encrencas porque ela está confusa, pois na verdade ela te viu, mas não te encontrou. Do contrario, se você tomar o tempo (e isso talvez leve 5 segundos) de se abaixar, dar-lhe um abraço e então cheirá-lo (tão lindo! tão querido!) e assim realmente ESTAR lá, seus olhinhos lhe dirão, muito mais do que palavras, como foi o seu dia. Ele não pode contar-lhe com palavras, pois não se lembra, mas seus olhos lhe contarão tudo. Então, você o toma pela mão e andam juntos (num passo que a criança possa acompanhar, é claro!), e isso é realmente amável pois assim você está criando um belo momento, um “momento você e eu”. Agora, se vc precisa cumprimentar as pessoas, você já pode, rapidamente, mas sempre junto com a criança porque ela sentirá “Eu estou onde pertenço, junto com minha mãe/ pai”. Esse foi um momento de inspiração- momento para dentro (a breathing-in situation) onde vc esteve de fato presente. Daí vocês vão até o carro e vão para casa (expiração – momento para fora) e provavelmente é hora de comer, surgindo novamente outro momento de inspiração - para dentro.

Como vocês comem?

Você se senta junto com a criança?

Ou a criança se senta sozinha para comer enquanto você fica por perto e aproveita para falar ao telefone?

Se você se dá o tempo de sentar com seu filho, você o ensinará boas maneiras a mesa através do seu exemplo. Muitas crianças hoje não se sentam a mesa com seus pais e assim não aprendem a manejar os talheres e utensílios adequadamente. No entanto, isso é muito importante, pois do contrario, quando eles completam sete anos, não conseguem segurar adequadamente o lápis. E aprender isso aos sete anos é bem mais difícil comparado entre um e dois anos. Alem disso, sentar-se a mesa e ter um começo, o processo e um fim é importante pois é assim que você deve viver a sua vida inteira. Tudo tem um começo, um processo e um fim. Isso pode tomar-lhe apenas 15 minutos, para sentar-se apropriadamente, checar como a criança segura os talheres e o copo (crianças de um ano em diante não precisam de copos especiais de bebes, aqueles com bico e tampa), comer com a boca fechada e tudo o mais, sendo você, dessa forma, um exemplo a ser seguido para seu filho e ainda mais importante, você tomou esse breve momento para novamente criar outro “momento você e eu” ao mesmo tempo em que você ajuda seu filho a conhecer uma forma social de “como nós somos quando comemos juntos”. Ao terminar a refeição, você o lembra de que ele precisa ajudar com a mesa, de maneira que ele também aprenda que quando somos parte de uma comunidade (ambiente social), também participamos da limpeza. Dessa maneira você fez e criou uma situação na qual esteve realmente presente e então pode dizer para a criança “Vá brincar” (momento de expiração – para fora), pois você esteve presente anteriormente e então pode fazer o que precisa fazer, mas precisa estar visível para a criança. Assim é, porque a criança pequena não pode brincar sozinha se o centro não está lá e você é a pessoa mais importante para a criança. Você é o centro e se você sai do ambiente, a criança a seguirá. Quando você está fazendo as suas coisas, pode acontecer da criança dizer “Estou entediado”. Nesse caso, é claro, não ligue a TV nem coloque música. Quando você está ocupada com outras coisas, você pode dizer para a criança “Agora você pode brincar sozinho”. Se você sabe que esteve de fato presente, você pode esperar de verdade que eles encontrem algo para fazer por eles mesmos. É muito importante que você não tenha medo de que suas crianças não saibam o que fazer ou que estejam entediadas. É muito importante que você sinta realmente “Estive com eles e agora podem ficar com eles mesmos”.

Atualmente, os pais freqüentemente usam a mídia ou atividades direcionadas por adultos para entreter seus filhos, porque eles tem medo de que suas crianças fiquem entediadas, assumindo que elas não são capazes de fazer nada por si mesmas. Essa é uma situação complicada. Se você acha que tem q entreter seu filho menor de sete anos o tempo todo com mídia (filmes, TV, videogames, computadores, etc.), aulas extracurriculares e/ ou outras atividades guiadas por adultos, então eles não aprenderão como brincar sozinhos. Eles não terão um momento no qual possam estar num estado de não saber o que fazer e daí partir para um estado de encontrar imagens interiores e assim criar coisas de dentro para fora. Deixando-os entediados, você os ajuda, porque esse momento representa a oportunidade que as crianças tem de mergulhar no processo de criatividade interior. O fato de que as crianças são capazes de ficarem por sua própria conta, para criar suas próprias brincadeiras sem a direção de um adulto é de extrema importância, porque durante os sete primeiros anos da criança tudo se relaciona com o fato de ser capaz de criar. Se todas as atividades vem do lado de fora (telas eletrônicas, videogames, direcionamento de adultos, etc.), então não acontece muita coisa na esfera da criação interior. É por isso que nos Jardins Waldorf, as professoras não se sentam para brincar com as crianças, ao invés disso, elas fazem trabalho de verdade, do qual as crianças retiraram inspiração para suas próprias brincadeiras. Nesses Jardins da Infância, você poderá encontrar professoras varrendo, cozinhando, costurando, podando o canteiro, cuidando de animais da fazenda, cortando lenha e o que mais o ambiente de cada escola permitir. Igualmente, vocês, como pais, no momento de expiração – para fora, devem fazer seu trabalho e a criança ao seu lado deveria ser capaz de fazer o dela (que é brincar). Isso só é possível se a criança sente que ela esteve com você num momento anterior de inspiração – momento para dentro.

É o mesmo quando as crianças vão para cama. O que a criança ama ouvir são histórias da sua própria vida. Nenhum livro, rádio, música, filme ou desenho animado pode causar o impacto na criança que você pode. E encontrar sua própria história para contar tem muito significado e alem disso, é uma ferramenta com a qual você pode mudar varias situações que estão emperradas. É muito difícil para a criança se apartar de você se ela não sentiu sua presença realmente. Mas, se vc abraçou sua criança, soprou um pouquinho sua orelhinha, contou-lhe uma historia do seu coração... Você esteve presente de verdade, então você pode beijá-la e colocá-la na cama e sentir “Eu posso deixá-la porque estive realmente presente”. Daí você pode esperar que sua criança seja capaz de dormir sozinha, e isso é saudável para ela.

Do lugar de onde eu vim, a Dinamarca, muitos pais estão numa situação onde eles tem que deitar e segurar as mãos da criança, ler 20 historias, cantar 50 canções e tudo isso leva uma hora, uma hora e meia e quando finalmente eles estão saindo do quarto silenciosamente, eles ouvem “Maaaa, água! Mamaaaae!”. E claro, ficam irritados. Você pode evitar isso colocando limites e encontrando um jeito confortável de sair porque esteve presente em diversas situações durante o dia. Do contrario, a criança não foi preenchida suficientemente com seu amor e, alem disso, se não lhe foram dadas oportunidades de criar sua própria brincadeira, de trabalhar de dentro para fora, você não pode esperar que ela seja capaz de pegar no sono e dormir por ela mesma.

Gostaria de chamar atenção para outro aspecto do período “depois da escola” no qual você está com seus filhos. Se você leva seus filhos da escola para outras aulas ou confia-os as diversas variações da mídia, você passa menos tempo com eles. Crianças são pequenas por um período muito curto. Agora você pode achar que é ainda muito tempo pela frente, mas em apenas um momento você perceberá como passou rápido. 

Deixando seu filho se envolver com sua própria brincadeira enquanto você está por perto fazendo suas próprias tarefas e estando realmente presente nas situações de inspiração – situações para dentro, você constrói a genuína confiança entre você e seu filho. Essa confiança será importante quando eles crescerem um pouco e chegarem à pré-puberdade e na puberdade propriamente dita, porque ai eles virão até você quando tiverem problemas e te ouvirão quando você disser o que fazer e o que não fazer. Mas eles apenas farão esse movimento se confiarem em você, se você esteve presente com eles anteriormente. E é por isso que os sete primeiros anos de vida da criança são tão importantes. Toda a confiança interna da criança, sua crença em que o mundo é bom, são a base de sua vida futura.

Depois dos sete primeiros anos, são os amigos que se tornam o foco. Os amigos que a criança escolhe tem muito a ver com a moralidade demonstrada a ela por você e construída através dos primeiros sete anos. Alem disso, se a ela foi dada a oportunidade de trabalhar internamente, ela conhecerá ela mesma e será capaz de dizer “não” quando encontrar alguma coisa da qual não goste e “sim” para o que de fato quer. Você pode escolher quando conhece a si mesmo e um ser humano que é capaz de escolher tem uma auto-estima saudável. Nesse contexto, é importante como o Jardim da Infância e o lar da criança se relacionam: deve existir uma ponte de um mundo para o outro. De certa forma, é um pouco difícil para as famílias que escolhem a educação Waldorf para seus filhos tornarem-se diferentes do mainstream, mas essa é sua escolha. Você não pode realizar as duas opções. Uma vez que você tomou a estrada da consciência, você está consciente sobre alimentação, sobre educação e tudo o mais. Fazer a ponte entre o Jardim Waldorf e a sua casa é obviamente importante, pois a criança pode perceber que tudo se encaixa e faz sentido. Por isso é incrivelmente importante construir confiança entre o Jardim e a família, através da qual a professora do Jardim seja capaz de apoiar essa escolha da família, mas também para a família respeitar o que é trazido no Jardim, de maneira que uma coisa sem a outra não é nada. Então, vocês precisam encontrar o caminho juntos.

Eu tenho três filhos com 29, 26 e 23 e agora eu posso colher 25 anos de trabalho duro e dedicado com meus filhos. É tão fantástico porque posso ver como eles são capazes de ir para vida com liberdade. E eu também posso me mover ao redor do mundo, com liberdade e sabedoria porque eles não precisam mais de mim, mas gostam de mim e também de estar com os amigos deles. E isso é, eu acho, a maior coisa que desejamos como pais, que quando nossos filhos forem adultos, de verdade e pela sua livre escola, escolham estar conosco em certos momentos. Podemos encontrar, junto com nossos filhos, um novo jeito de construir relações sociais porque temos outra consciência através da qual podemos conhecer melhor nossos filhos.


Helle Heckmann é uma educadora Waldorf da Dinamarca. Livros e um DVD sobre seu trabalho realizado em Nokken, local proximo de Copenhagen, estão disponíveis através da WECAN. Helle tambem oferece cursos e oficinas em todo o mundo e esteve presente na Escola Waldorf Rudolf Steiner no 2.o semestre de 2011 para palestra aberta para os pais.

O texto acima sao notas de um discurso proferido no México em 2011 e publicado na revista da Escola Waldorf de Cuernavaca. Este artigo foi publicado no Kindling: The Journal for Steiner Waldorf Early Childhood Care and Education (UK) - Outono / Inverno 2011 e no site “Waldorf Today” foi reproduzido com sua gentil permissão.