Dicas de saúde


Benefícios da Pedagogia Waldorf aplicada a crianças de 1 a 6 anos, para a saúde
Sonia Setzer 26/5/11 Médica Antroposófica 


Sabe-se que, ao nascer, a criança ainda não está totalmente desenvolvida. Embora já tenha certa autonomia, seus órgãos ainda são bastante imaturos e a maturação dos mesmos ainda vai levar muitos anos.

Ao contrário dos animais, que pouco tempo depois do nascimento são totalmente independentes dos pais, o ser humano leva em geral 21 anos para ter autonomia plena (em muitos países essa idade foi antecipada para os 18 anos). No processo educativo deve-se respeitar as fases de amadurecimento, tentando não sobrecarregar a criança com coisas que ela ainda não tem maturidade para realizar.

Assim por exemplo, para poder aprender a ler e escrever, por volta dos sete anos de idade, ela precisa adquirir um perfeito domínio do espaço tridimensional. É nessa época que se estabelece a dominância de um dos hemisférios cerebrais, evidenciando a maturação do sistema nervoso central. Esta é adquirida principalmente por meio da motricidade. 

Isso significa que a criança deve ter as vivências do que é em cima e embaixo, frente e trás, direita e esquerda. Como se obtém isso? Pelas próprias brincadeiras infantis, que são praticamente as mesmas em todas as regiões do globo, onde ainda se permite que crianças brinquem. Desde correr, saltar, pular altura ou distância, além das brincadeiras com bola e corda, treinando habilidades como pular num só pé, andar de perna de pau, subir em árvores (ou estruturas colocadas para este fim num playground) que desenvolvem a motricidade grossa, bem como desenhar, recortar, colar, fazer pequenos trabalhos manuais, exercitar-se soltando pião, empinando pipas etc, para desenvolver a motricidade fina. Até mesmo o balanço, o escorregador e o gira-gira são excelentes para a criança vivenciar, inconscientemente, em seu próprio corpo, o que sejam as leis do pêndulo, o plano inclinado, a força centrífuga, que somente muito mais tarde ela compreenderá de forma abstrata. 

Mas também os outros órgãos ainda estão se desenvolvendo nesse período, o que requer a atuação de forças de crescimento e vitalidade. Rudolf Steiner (1861-1925), filósofo e cientista austríaco, fundador da Antroposofia e também da Pedagogia Waldorf, diz que parte das forças que nos primeiros sete anos de vida estavam atuantes na maturação dos órgãos, quando essa função se completa ficam livres para poderem ser utilizadas no aprendizado formal

Ora, o que significaria, por exemplo, alfabetizar ou ‘ensinar’ aritmética ou outra coisa intelectual qualquer a uma criança antes dos sete anos? Ela certamente apresentaria resultados satisfatórios para o momento, mas em realidade não se pode falar em aprendizado, mas em adestramento, assim como se faz com animais.

O que não se nota é que esse ‘aprendizado’ se faz às custas das forças atuantes na maturação dos órgãos. Essa deficiência vai se apresentar apenas muitas décadas depois, quando o organismo, numa fase de menor vitalidade, for decair com mais rapidez. Pode-se notar já nos dias atuais como doenças que antigamente atingiam somente pessoas idosas, fazem-se presentes em pessoas na faixa dos 30, 40, 50 anos de idade. O que não se investiga é a relação com uma intelectualização precoce, que subtrai essas forças tão valiosas e importantes dos órgãos, na fase de maturação. 

Tendo em vista esses poucos exemplos, é de se desejar que as crianças em seus primeiros sete anos de vida realmente possam usufruir de uma infância sadia, desenvolvendo ao máximo suas habilidades motoras (grossas e finas), pois isso é um investimento de saúde para a velhice. Esse é um dos princípios fundamentais dos jardins de infância Waldorf no mundo todo. 

Sonia Setzer Formada em medicina pela FMUSP
Especialização em Medicina Antroposófica em Arlesheim, Suíça
Atuação em Clínica Geral de adultos e crianças
Médica escolar da Escola Rudolf Steiner de São Paulo de 1972 a 1999
Presidente da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica (ABMA) de 1991 a 1999
Coordenadora do Ramo Rudolf Steiner de São Paulo, da Sociedade Antroposófica no Brasil 
Atualmente dedica-se à docência (principalmente nas formações médica e pedagógica) e em cursos sobre Parsifal, além de fazer traduções de obras antroposóficas Autora do livro Parsifal, um precursor do ser humano moderno 



"Auto-conhecimento verdadeiro só e concedido ao homem quando ele desenvolve afetuoso interesse por outros. Conhecimento do mundo o homem só alcança quando procura conhecer seu próprio ser." (Rudolf Steiner)

Aqui vão algumas dicas para quem quer viver mais e melhor! Cuide bem desse precioso recurso que é a sua saúde. Para orientações individualizadas procure o seu médico antroposófico.

O primeiro setênio é fundamental, pois é quando as forças vitais estão trabalhando profundamente no corpo infantil, que multiplica em muitas vezes seu tamanho inicial, desde o nascimento. Assim, a primeira dica é adotar o aleitamento materno. O leite materno, além de ser o mais específico e equilibrado, contém as forças etéricas protetoras da mãe e reforça o vínculo de afeto tão essencial nessa fase. Em torno dos sete anos as forças vitais se metamorfoseiam em forças do pensar e a criança fica pronta para um aprendizado lógico. Devemos evitar que essas forças sejam desviadas de seu trabalho sobre o corpo nos primeiros anos de vida, antecipando a intelectualização das crianças. Uma alfabetização precoce ou dirigida erroneamente desvia as forças etéricas do corpo para o "pensar". Como conseqüência, futuramente podemos ter adultos desvitalizados e que adoecem facilmente. Durante o primeiro setênio é importante sentir que o mundo é bom: calor, nutrição, favorecer o desenvolvimento neuropsicomotor através de brinquedos pedagógicos, de histórias, muitas brincadeiras e fantasias. Assim, tudo que pudermos fazer para proteger e fortalecer essas forças vitais durante o começo da vida significará um trabalho preventivo para a saúde até o último setênio.

Ritmo: Nosso corpo vital ou etérico, a nossa parte planta 
(vide "Quadrimembração" nesta seção) precisa de um ritmo bem de funcionar adequadamente. É importante criar ritmos diários, semanais e até anuais, equilibrando o sono necessário com as atividades diurnas, o trabalho com os períodos de descanso e lazer, os períodos de trabalho externo com períodos de atividades em casa. O nosso sistema rítmico trabalha forçado e pode adoecer quando vivemos de maneira caótica e acelerada.

Calor: Procure conservar o calor do corpo, especialmente nos pés, abdome, pescoço e costas. O nosso Eu atua através do calor corporal ativando nosso sistema imunológico, o funcionamento hormonal e metabólico. Mesmo vivendo em um país tropical como o Brasil, precisamos observar esse cuidado com a saúde, especialmente com roupas que expõem muito o corpo. Sabe-se hoje que o calor corporal é um grande aliado na prevenção do câncer e de muitas outras doenças crônicas. Faça escalda-pés com água bem aquecida, quando sentir que eles estão muito frios ou coloque uma bolsa com água aquecida sobre a região do abdome antes de dormir.

Movimentos: Nós precisamos de movimento tanto quanto de sono ou boa alimentação. O ideal é buscar atividades que respeitem nossa constituição física, idade e gosto pessoal, sem sobrecarregar o aparelho músculo-esquelético e o sistema cárdio-respiratório. Uma orientação especializada pode ser necessária. Caminhar é um ótimo exercício, mas outras atividades também podem e devem estar presentes, como nadar e dançar. O intuito aqui não é a busca neurótica da sociedade contemporânea por "manter a forma", mas sim, vivenciar o prazer do movimento - natural para o corpo. Se essas atividades podem ser desfrutadas próximo à natureza, como praças, parques, praias ou campo, melhor ainda.

Alimentação: Procure fazer as refeições sempre nos mesmos horários, variando o cardápio para evitar a monotonia alimentar. O corpo etérico da Terra nos presenteou com uma enorme variedade de legumes, verduras, cereais e frutos. A planta também é trimembrada em raiz (neurossensorial), folhas (rítmico) e frutos/flores (metabólico). Dê preferência aos produtos orgânicos ou biodinâmicos. Coma carnes e enlatados com moderação. Hoje já conhecemos amplamente os malefícios provocados por agrotóxicos, hormônios e medicamentos adicionados aos produtos animais. O nosso estômago não tem relógio, mas nosso corpo tem um ritmo próprio, conhecido com "circadiano", que regula o pico de atividade de cada órgão. Assim, a nossa vesícula biliar está mais ativa pela manhã, até as três horas da tarde - nesse período, ela ajudará na digestão de alimentos "mais pesados", ricos em gorduras. Em contrapartida, o fígado está mais ativo depois das três da tarde, quando assimilará melhor os alimentos doces.

Cultivo do sentir através de relações harmoniosas e de atividades artísticas: o nosso sistema rítmico, especialmente o nosso coração anímico, precisa ser alimentado com bons sentimentos acerca da vida (esperança, confiança, tranqüilidade, solidariedade e alegria) para que possa manter nossa saúde em equilíbrio. Precisamos exercitar nossa criatividade e vivenciar a beleza da vida, freqüentemente possível através de atividades artísticas (música, pintura, desenho e trabalhos manuais). Momentos simples de troca afetiva como o que passamos com as pessoas queridas ou de contemplação da natureza também alimentam o nosso coração.

Cultivo da vida espiritual: nosso Eu, nossa parcela mais sutil e individual, precisa ser alimentada, tanto quanto nosso corpo. Algumas pessoas encontram o caminho para essa relação com a sua essência espiritual atravésde uma vivência religiosa regular ou de meditações. Para outras pessoas, a contemplação da natureza, a música ou as artes plásticas são também formas de alimentar o espírito.

http://www.abmanacional.com.br/dicas-de-saude




A IMPORTANCIA DA FEBRE PARA A CRIANÇA


Febre – ou hipertermia - é o aumento da temperatura do corpo, acima da média considerada normal que varia entre 36°C e 37, 8°C dependendo se a medição for feita no reto, oral ou axilar. Abaixo de 36 graus temos uma hipotermia.

São núcleos localizados no hipotálamo, no nosso cérebro, os responsáveis pela conservação da nossa temperatura corporal através de ajuste entre os mecanismos de geração e conservação de calor de um lado e de dissipação do calor e redução da temperatura corporal de outro.

Fisiologicamente o organismo usa os seguintes mecanismos para aumentar e manter a temperatura:

- Trabalho muscular;

- Tremores;

- Diminuição do calibre dos vasos sanguíneos;

- Preferência pelo calor;

Assim como temos mecanismos para diminuir a temperatura:

- Aumento do calibre dos vasos sanguíneos;

- Preferência pelo frio;

- Sudorese.

Causas


Até mesmo exercícios prolongados podem provocar um aumento da temperatura, também a exposição exagerada ao sol, chamada Insolação ou Intermação. Mas na grande maioria dos casos, nas crianças, as febres são causadas por vírus, ou seja, são uma reação do organismo a agentes estranhos ao nosso corpo, vulgarmente chamados de germes e micróbios.

Então a febre não é uma doença como muitos a tratam, mas o sinal de que o organismo está atuando com suas defesas em favor do todo.

É cientificamente comprovado o fato de que a maioria dos vírus não consegue se multiplicar em temperaturas elevadas e assim o combate sem critérios às febres acaba por estender por longo tempo um estado que só deveria ocorrer por poucos dias. Algumas bactérias também são destruídas por temperaturas mais elevadas.

A febre na visão da medicina ampliada pela antroposofia

O calor é o portador do EU, e o nosso EU só se liga ao corpo físico no decorrer do desenvolvimento.

Quando nascemos temos um corpo que foi plasmado pela mãe e no transcorrer, principalmente dos primeiros sete anos de vida, devemos transformar esse corpo em substância própria, individual. As febres infantis seriam momentos em que o EU tenta penetrar mais intensamente no organismo causando “crises”.

Desse modo poderíamos encarar cada episódio febril como um rejuvenescimento onde o velho corpo herdado seria substituído por um novo mais adequado àquela individualidade.

Sendo um dos primeiros sinais de combate a uma infecção, a natureza produz febre para capacitar o organismo a se fortalecer. Cada êxito que o organismo tem em neutralizar uma bactéria, ou vírus, torna-o mais competente para combater as próximas infecções. Assim quanto mais se impede a ação natural da febre, mais ocorre a probabilidade da criança se reinfectar novamente, situação bastante comum pela constante ação contrária à febre. Por exemplo, com o comum uso de medicamentos para abaixar a febre. Além de que ir contra a febre predispõe o sistema de defesa do organismo (sistema imunológico), a ficar confuso frente às situações comuns facilitando alguns distúrbios. É o caso das alergias que são uma resposta exagerada frente a um estímulo. Ou o freqüente achado clínico de hipotermia em pacientes com câncer.

Quando procurar um médico?

Como dissemos cada estado febril é uma crise e nós passamos por vários momentos de crise durante nosso desenvolvimento físico e espiritual, mas toda crise envolve riscos e o ideal é que ela seja observada com carinho e atenção não permitindo que ultrapasse certos limites que cada ser apresenta.

Na avaliação da criança febril os pais precisam de um mínimo de segurança e tranqüilidade no julgamento de seu estado. Segurança é fruto do conhecimento e da experiência. Quando falta segurança vem o medo que a criança percebe e imita. Sempre que houver insegurança ou dúvida, deve-se procurar o médico de imediato.

Sugestão prática na avaliação da febre

- Lactentes (bebês de peito): em caso de febre sempre procurar o médico;

- Febre maior que 39º, e que dure mais que 72 h;

- Febre que reaparece após um período sem febre de mais de 24 hs;

- Abatimento acentuado e “gemência”, mesmo após controle da temperatura;

- Surgimento de outros sinais: lesões na pele, diarréia, dor de garganta, vômitos contínuos, dor de cabeça, etc..

Como manejar

- A febre tem um caminho natural, indo da cabeça em direção aos pés. Constatando a febre, ponha a mão nos pés. Se estiverem frios significa que ela está caminhando e não completou o seu trajeto. Então, toda criança com febre deve ser agasalhada. Quando se tem um suadouro após uma febre, significa que ela realizou o seu trabalho naquele momento;


- Os banhos são a melhor forma de controlar a temperatura;

- Nunca usar água fria ou álcool, pois podem causar uma queda brusca da temperatura e conseqüentemente hipotermia;

- Banho de imersão nos menores, ou escalda-pés nos maiores, com limão. A água deve estar um pouco abaixo da temperatura da criança (tépida). Cortar e espremer um limão dentro da água (abaixo da linha d’água). Deixar por 10 minutos. Se necessário, repetir.

- Rodelas de limão na sola dos pés. Corta-se o limão em rodelas e coloque uma a uma em fila na sola dos pés subindo até a “batata” da perna. Prender com uma faixa ou meia grossa. OBS.: os pés devem estar aquecidos no uso do limão, se não estiverem, aqueça-os antes friccionando-os;

- Chá de flores de Sabugueiro para estimular a sudorese. Líquidos à vontade para eliminação das toxinas, em forma de sucos de frutas, chás e água;

- Dieta leve sem óleo ou frituras, evitando carnes, ovos, leite, leguminosas, enquanto durar a febre. Respeitar a falta de apetite da criança: se forçar a alimentação provoca-se náuseas e vômitos.

Convulsão febril

Eis um grande fantasma para a maior parte dos pais e responsáveis das crianças.

A convulsão febril ocorre em crianças de 6 meses a 5 anos de idade. Não é a temperatura muito alta quem desencadeia a convulsão, mas a rapidez com que ocorre a variação de temperatura. Quedas bruscas de temperatura também são causa de convulsão como nos banhos de água fria ou com álcool. A convulsão febril apesar de assustadora para os pais, não deixa seqüelas. Muitas vezes é confundida com tremores que na verdade são somente um mecanismo fisiológico de aumentar a temperatura como dito anteriormente.

Prevenção


O natural é que a criança tenha alguns episódios febris durante seu desenvolvimento, mesmo na visão alopática, o que mostraria um desenvolvimento do sistema imunológico.

E na visão antroposófica, esses episódios seriam aproveitados na transformação de um corpo próprio.

Mas podemos atuar preventivamente para que essas crises sejam ultrapassadas tranqüilamente, sem intercorrências, resultando unicamente em benefícios para a criança. E a principal medida é alimentar:

- Uma alimentação correta, sadia para cada fase da vida é a melhor medida preventiva de qualquer doença.

- Preservação do ritmo sono-vigília. Uma criança necessita de pelo menos dez horas de sono para manter-se saudável.

- Uma outra medida preventiva é a manutenção do equilíbrio do nosso corpo calórico, cuidar para que as crianças tenham suas extremidades sempre aquecidas.

Com esses pequenos cuidados, tão simples, damos às crianças a oportunidade de se desenvolverem bem e terem um futuro bem mais saudável.

http://www.alumiar.com/saude/48-medica/908-aimportanciadafebreparaacrianca.html 


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