Não é necessário ser muito perspicaz para constatar que o século XX foi uma época tão caótica e de perspectivas tão apocalípticas como nunca houve no passado. Assistimos a um sem-números de crises, mas também à incapacidade do homem para resolvê-las. A mera sobrevivência da Humanidade está ameaçada, mas apesar de sua inteligência, de seu poder tecnológico e da quantidade fabulosa de informações acumulada, esta parece cada vez mais impotente.
Que essa crise não é causal, demonstra-o a coincidência e convergência de várias correntes e tendências em nossa era. De certa forma, tinha de acontecer.
Centenas de autores inteligentes e bem informados têm feito o inventário e tentado um diagnóstico de nossa situação. Eles têm isolado e descrito as múltiplas crises compartimentalizadas: a crise da economia, da religião, do equilíbrio, da moral, das instituições políticas, do ensino, da medicina, etc., mas todas essas análises têm sido fragmentárias, nas tendo conduzidas a nenhuma solução verdadeira.
Por quê?
A razão é simples. Todas essas "crises" são, na realidade, apenas sintomáticas. São manifestações e projeções, em vários domínios, de uma só crise, mais profunda e essencial: a crise do homem. E aqui se trata justamente não do homem econômico, religioso, ecológico, político, mas do homem. Esse homem nunca será compreendido se não for considerado como ser espiritual (e não apenas biológico), e sua situação atual não for considerada num amplo contexto histórico e cósmico(...).
As inúmeras tentativas empreendidas para compreender a situação e propor "soluções" são, na realidade, caracterizadas pela incompreensão das reais causas e, portanto, das verdadeiras possibilidades de solução. Foram diagnósticos feitos de fora, e os sintomas tomados por causas.
(...)
No centro da crise e de seu superamento está o ser humano, consciente e potencialmente livre, chamado a agir com pleno discernimento de sua própria natureza física e espiritual, e dos impulsos (Cristo, Micael) que lhe permitem realizar sua missão na Terra.
Eis a colocação da Antroposofia em nosso quinto período do pós-atlântico, o da alma da consciência. Ela tem por lema o velho adágio que ha séculos tem sido a base de toda evolução sadia: "Homem, conhece-te a ti mesmo!" Mas o homem não pode conhecer-se sem que conheça também o Universo do qual emana. Sem esse duplo conhecimento, ninguém pode conduzir a si próprio até à meta onde deve chegar.
A descrição do caminho evolutivo da Humanidade e das forças, correntes e tendências esboçadas neste capítulo* é o resultado de pesquisas ocultas de Rudolf Steiner, constituindo um dos fundamentos de sua Antroposofia.
* Capítulo I- A Antroposofia na Evolução Geral da Humanidade
Trechos do texto "Antroposofia" extraído do Livro: Antroposofia, Ciência Espiritual Moderna, de Rudolf Lanz.