12 de jun. de 2016

Época de São João na Flor de Lótus

Por Andreza Sichieri Mantovanelli Pestana Mota




Ontem realizamos a primeira oficina da lanterna na Flor de Lótus. Foi uma manhã muito agradável, cheia de realizações.

Iniciamos o dia com uma roda, onde falamos do sentido da comemoração de São João em nossa escola. Partindo das palavras de João Batista, "Eu devo diminuir, Ele deve crescer", passamos ao símbolo da fogueira, onde a madeira diminui seu tamanho para que o fogo possa ascender. A madeira (lenha) representa o físico, a matéria, o homem encarnado; já o fogo representa o que há de mais nobre no ser humano, o Eu, a centelha divina. Fizemos uma roda e cantamos com os pais algumas canções. Depois, seguimos para a confecção das lanternas.

A época de São João nos convida a uma interiorização, uma reflexão sobre nossas atitudes cotidianas. Sendo o fogo um elemento transformador, como podemos transformar o meio e manter acesa a chama da esperança?

Rudolf Steiner sugere formarmos "seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.” Eis o que o mundo precisa: de mais seres humanos seguros e conscientes de si para atuar de forma transformadora.

Outro não é o papel de nossa escola senão a proteção da infância. As crianças brincam a fim de que seu potencial inato de imaginação possa se transformar na criatividade adulta. Mantê-las em contato com o que é natural, orgânico, conectá-las com a terra e com a natureza, alimentá-las com comidas saudáveis, são estas nossas principais ferramentas.

Carregando em nossos corações o pensamento que "toda a educação é auto-educação e que os nossos professores e educadores são, no fundo, apenas o ambiente da criança que possibilita a sua auto-educação", saímos deste encontro com a missão de fazer nosso fogo ascender cada dia mais, cultivando em nós o calor e toda a luz que a época de São João nos remete.

1 de jun. de 2016

Caráter espiritual da Época de São João

Eliane Azevedo


“É inverno, está tão escuro e frio…

Nunca uma noite tão longa se viu…

Tudo se cala, a porta se cerra…

Ninguém mais fala do que a noite

encerra…

As flores murcham
Aves migram
E tudo dorme à face da Terra…”


Estamos entrando no inverno… o clima é frio, a noite chega mais cedo e se torna mais longa, temos vontade de voltar logo para casa e ficar bem quentinhos. Tudo favorece ao recolhimento, a interiorização, uma busca para dentro de nós mesmos.

A natureza também se recolhe e guarda suas forças no íntimo da terra para desabrochar novamente na primavera. Todas as sementes no inverno esperam na terra a luz solar, para brotarem com força depois do recolhimento. Assim, na época Romana a Terra vivia um grande recolhimento, um momento de secura de vida a espera pela luz de Cristo, que seria anunciada por São João. Pois a Terra naquela época vivia um grande inverno.

Nesse ambiente introspectivo e com os corações aquecidos, começamos a nos envolver com caráter espiritual da Época de São João.

João Batista nasceu no dia 24 de junho. Filho de Zacarias e Isabel, desde criança foi preparado para a vida sacerdotal. Sua vida foi dedicada a oração e penitência e sua missão foi anunciar a vinda de Cristo. João falava às pessoas da importância de se prepararem para a chegada do filho de Deus.

Todos que buscavam o arrependimento e a conversão eram batizados nas águas do rio Jordão por João Batista. A convicção de sua missão levava muitas pessoas a confundi-lo com o próprio messias, mas ele, dizia imediatamente: “Eu não sou o Cristo, mas fui enviado diante dele.” (Jo 3, 28) e “não sou digno de desatar a correia de suas sandálias.” (Jo 1, 27)

Jesus também veio para ser batizado por João. “No momento em que Jesus saía da água, João viu os céus abertos e descer o espírito em forma de pomba sobre ele;” (Mc 1, 10). “E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és meu Filho amado; em ti ponho minha afeição.” (Mc 1, 11)

João veio ao mundo para preparar o coração dos homens para o advento do Cristo. Ele representava uma era que estava terminando, que não poderia mais existir a partir do momento em que Jesus se tornou Cristo. Quando pregava o arrependimento, ele queria mostrar que o ser humano precisava buscar uma nova consciência para poder viver uma nova era – a possibilidade individual de cada ser humano encontrar conscientemente o caminho da espiritualidade.

João sabia que sua missão, bem como a Era que representava, havia terminado quando disse aos seus discípulos: “importa que ele cresça e eu diminua.” (Jo 3, 30)

Assim, na festa de São João a simbologia da fogueira nos remete a lenha que se consome, ou seja, que diminui para que as labaredas cresçam. Aproveitar para fortalecer o fogo divino e transformador que temos dentro de nós deve ser então a verdadeira motivação para a época de São João.

Fontes:
Anna Maria Macrander Karassawa. Simbolismo da Festa Junina.
Boletim nº 19 junho/ 2008. Escola Turmalina – Pedagogia Waldorf