15 de jul. de 2025

A PEDAGOGIA WALDORF

Andreza Sichieri Mantovanelli Pestana Mota

A Pedagogia Waldorf nasceu no início do século passado, na Alemanha, como resultado de profundas pesquisas do filósofo e educador Rudolf Steiner sobre o desenvolvimento integral do ser humano. Sua grande missão consiste em considerar o aluno como um ser completo, dotado não apenas de um corpo físico, mas também de corpos sutis, como o corpo vital, anímico e espiritual. Assim, o professor Waldorf tem como tarefa reconhecer que a criança e o jovem possuem aptidões e talentos que precisam ser despertados e orientados de forma harmoniosa, integrando harmoniosamente pensar, sentir e querer.

Essa visão pedagógica tem provocado profundas reflexões no ensino acadêmico tradicional, que, em sua maioria, baseia-se em um excesso de estímulos intelectuais. A Pedagogia Waldorf, por outro lado, propicia maior consciência sobre a complexidade e profundidade do universo infantil e juvenil.

Rudolf Steiner apresentou diversas ferramentas didáticas, ensinando os professores a envolverem a criança por meio da aproximação com a natureza, com o ambiente em que vivem e com o cotidiano, para a explicação de conceitos abstratos. Dessa forma, as aulas se transformam em vivências ricas e significativas. Cabe ao professor Waldorf trazer o mundo para a sala de aula, fazendo com que a criança se conecte com o conteúdo e sinta vontade de aprender. Para isso, ele deve ser um artista, e todo o ensino, uma obra de arte em constante criação.

Nas escolas Waldorf, o ensino artístico é a base de todo o aprendizado, funcionando como mediador entre o pensar e o fazer. É por meio da arte que o sentimento flui como elemento regenerador e harmonizador entre o pensamento e a ação no mundo. Assim, disciplinas como música, artes plásticas, recitação de poemas e euritmia (arte do movimento) ocupam lugar de destaque em todo o currículo.

Nas aulas de trabalhos manuais, as crianças aprendem a tricotar, crochetar, bordar, costurar, modelar, trabalhar com madeira e argila, esculpir, forjar e criar, reconhecendo, nessas atividades, as conquistas da humanidade ao longo da história. Percebem que o ser humano é capaz de transformar o mundo com as próprias mãos, por meio do trabalho. Trata-se também de uma maneira de acessar os conteúdos estudados por outra perspectiva, além de estimular o ritmo, a vontade e o respeito pelo fazer manual.

Outra particularidade das escolas Waldorf é a não utilização de livros didáticos convencionais. Em vez disso, os alunos constroem seus próprios livros, registrando e ilustrando nos cadernos todo o conteúdo aprendido, conferindo vida, criatividade e individualidade ao material didático.

As notas também não fazem parte da Pedagogia Waldorf, pois não representam a totalidade do ser da criança. A prática avaliativa deve contemplar o desenvolvimento físico, emocional e intelectual dos alunos, com conteúdos que exercitam o corpo e as habilidades físico-motoras; conteúdos artísticos que contribuem para o desenvolvimento emocional; e conteúdos acadêmicos que favorecem o aprofundamento do pensamento, da cognição e das linguagens. Além disso, as propostas metodológicas incluem dinâmicas que estimulam o desenvolvimento das habilidades sociais. A avaliação deve ser contínua, realizada no dia a dia.

O professor Waldorf acompanha, preferencialmente, a mesma turma por vários anos, o que lhe permite conhecer profundamente cada aluno e apoiá-lo em seus talentos e dificuldades.

Na visão de Rudolf Steiner, todo ensino deve ser terapêutico, levando em consideração a faixa etária da criança e do jovem. Ele propôs os chamados "setênios", ciclos de sete anos que orientam a elaboração e abordagem dos conteúdos escolares.

A Pedagogia Waldorf cultiva, no primeiro setênio, a vivência da bondade na educação infantil, com o aprendizado baseado na imitação, promovendo a percepção de que o mundo é bom. No segundo setênio, a criança experimenta a beleza do mundo por meio do currículo do ensino fundamental, que valoriza imagens, experiências e atividades artísticas. No terceiro setênio, o jovem descobre a verdade do mundo, exercendo autonomia e responsabilidade, desenvolvendo um pensamento claro e uma atuação com sentido.

Esses ideais florescem como qualidades anímicas e, mais tarde, transformam-se em traços positivos de caráter no adulto, promovendo segurança em suas ações no mundo.