Antroposofia, coração da Escola Waldorf
Daniel Pestana Mota
Entre 15 e 21 de julho de 2012, em Ribeirão Preto, SP, conjuntamente com o XI Congresso Ibero Americano de Pedagogia Waldorf, aconteceu o I Congresso Ibero Americano de Pais Waldorf. Confessamos que num primeiro momento não tínhamos a exata dimensão da real importância desse evento, bem como da densidade que nortearia sua programação. O tema do Congresso foi o estudo da 9ª palestra proferida por Rudolf Steiner, dirigida aos professores da primeira Escola Waldorf Livre, intitulado ”Estudo do Homem com base na Pedagogia Waldorf – Antropologia Geral”, um curso pedagógico ministrado num período de três semanas, entre agosto e setembro de 1.919. Ao dirigir-se aos futuros professores da 1ª Escola Livre Waldorf, Steiner teria sido enfático: “Quando os Senhores próprios tiverem um perfeito conhecimento do ser humano em desenvolvimento, conhecimento permeado por sua vontade e suas emoções, também estarão em condições de ensinar e educar bem”. As palavras de Steiner denotam bem o grau de conhecimento (do ser humano) que cada professor deva adquirir para poder bem lecionar numa Escola Waldorf. Lembro, aliás, de uma Professora de nossa Escola, que muito conscientemente de sua missão, ao final do Congresso, conversando com um dos pais presentes no evento, dizia que “estudar em uma Escola Waldorf não é apenas desenhar com giz importado embaixo de árvores”. Essa frase ficou gravada em meu interior! Tanto ela como nós, pais, ouvimos do conferencista convidado, Osvald Florian, que uma Escola Waldorf não pode, em momento algum, dissociar-se da Antroposofia. Logo, cada professor de Escola Waldorf deve, continuamente, visitar e revisitar os conteúdos pedagógicos e ao mesmo tempo dedicar-se ao estudo da Antroposofia. Sem isso, a escola será incapaz de garantir uma educação integral nos moldes propostos por Steiner, perdendo totalmente sua essência. E nós, pais, qual papel nos cabe? A resposta a esta questão, flagrantemente emblemática, nos foi apresentada em forma de apontamentos passados durante o Congresso de Pais através de duas figuras humanamente especiais: Marina Calache e Ana Paula I. Cury. Marina, terapeuta antroposófica, nos presentou com suas palavras durante três dias, por meio de oficinas de aprofundamento das palestras que Osvald Florian, logo cedo, proferia aos professores e aos pais (num dos momentos onde as atividades eram comuns a ambos) Nos dois dias seguintes, mais presente: trazendo a discussão sobre a “a busca do caminho interior”, Ana Paula Cury, mãe da Escola Rudolf Steiner de São Paulo, médica antroposófica e membro diretor da SAB, tranquilizava nossos corações em oficinas onde podíamos entender o quão importante é nos lançarmos em busca desse caminho (interior) para, então, sermos parceiros dos professores no cotidiano do ensino. É crucial que entendamos a importância de realizar esse caminho através do estudo da antroposofia; do mesmo modo, como já dissemos, os professores devem, obrigatoriamente, estar “linkados” com a antroposofia, já que Pedagogia Waldorf e a Antroposofia, como ouvimos no Congresso, são indissociáveis! Cabe a um e outro, sabedores de seus deveres, fazer essa busca em prol de uma educação verdadeiramente integral. E será assim que nós, pais, lograremos conhecer um pouco mais do nosso caminho interior para, então, atuarmos numa gestão autenticamente compartilhada e fraterna, eixos de uma verdadeira Escola Waldorf.
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