31 de jan. de 2021

Dicas para a adaptação escolar

Andreza Sichieri Mantovanelli P. Mota

O ingresso da criança na escola é a entrada em um meio social mais amplo, onde se desligará, por algumas horas, do seio familiar e construirá, com o passar dos dias, novas relações.

A vinda da criança para a escola deve ser preparada pela família; entretanto, não devem ser dadas longas explicações, pois isso pode despertar desconfiança e insegurança. A segurança da tomada de decisão deverá ser sentida/vivenciada pela criança através dos gestos de seus familiares. A segurança dos adultos será a segurança da criança.

Lembramos que a separação sempre é um processo doloroso tanto para a criança quanto para a família. Na escola a criança vivencia pela primeira vez o distanciamento da família e a não exclusividade, pois terá de dividir a atenção com outras crianças. Por outro lado, vai brincar, se alimentar e vai ser acolhida com carinho e respeito pelos(as) educadores(as) e coleguinhas que ali estão. Aqui a confiança começa a nascer. Vale lembrar que o vínculo com a escola de fato só será construído na ausência dos familiares.

Cuidados devem ser tomados nesse período de adaptação em relação à troca recente de residência, retirada de chupeta ou fraldas, troca de mobília do quarto, chegada de um irmão, perda de parente próximo ou animalzinho de estimação ou qualquer outra alteração, incluindo a saúde. É importante que o “fato novo” se limite, dentro do possível, ao ingresso na escola.

O choro na hora da separação é mais que comum, é normal. Geralmente é uma forma de dizer aos familiares que se tivesse a opção, preferiria ficar com eles em casa ou mesmo na escola. Sono, fome, cansaço também são motivos para que a criança chore na hora da separação e não queira ficar na escola. É muito importante que a criança tenha qualidade de sono de alimentação diariamente e que vá para a escola com essas necessidades supridas.

Poderão ocorrer algumas regressões de comportamento durante o período de adaptação, assim como alguns sintomas psicossomáticos. É comum verificar-se, ainda, nessa fase de adaptação, uma ambivalência de sentimentos. O desejo de autonomia e a necessidade de proteção ocorrem simultaneamente na criança.

Cabe ao adulto entregar a criança ao educador(a), colocando-a no chão ou entregando no colo da profissional, incentivando-a a ficar na escola. Quanto mais rápido e determinado for este processo, mais segura a criança ficará.

As famílias não devem sair escondidas. É importante que se despeçam da criança e avisem que logo irão retornar para buscá-la. Em caso de choro, a despedida deve ser rápida e firme, sempre avisando que voltarão em breve.

A ausência do choro não significa que a criança não esteja sentindo a separação. Elas sempre sentem o processo de adaptação. Contudo, ao perceberem que todos os dias acontece a mesma coisa (ritmo diário) e que a família vem buscar sempre no mesmo horário, a criança para de chorar.

A sala de atividades é um espaço que deve ser respeitado e a presença das famílias dentro dela deverá ser previamente combinada com a professora. É importante sempre verificar junto a ela qual a orientação em relação à presença das famílias na escola durante a semana de adaptação.

Em casa é importante evitar interrogatórios sobre o dia da criança na escola, para que esta não se sinta pressionada. Crianças gostam de contar suas descobertas naturalmente.

A relação de confiança se constrói e se conquista a cada dia.


Confiança é uma das palavras de ouro que, no futuro, deverão dominar a vida social.

Amor pelo que se tem a fazer é a palavra de ouro. E, no futuro, serão socialmente benéficas
as ações que forem realizadas por amor aos homens em geral.


Rudolf Steiner

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