2 de set. de 2011

A Doença do Câncer na Visão da Medicina Antroposófica


O câncer é uma enfermidade que habitualmente vem carregada da roupagem de uma comoção.  Quando alguém muito próximo está com a doença, todos ficam mexidos pelo imaginário de sofrimento associado, assim como começam a temer o espectro da morte. Geralmente há um duplo sofrimento, o do doente e o dos familiares.
A história da medicina nos ensina que as enfermidades compõem o arcabouço cultural de cada época. O famoso médico Galeno da antiga Roma descreveu uma enfermidade correspondente à descrição clínica de um câncer de mama. Assim é possível inferir que não temos uma enfermidade nova, mas sim que ela é bem predominante em nossos dias.
Habitualmente, quem está doente me traz a pergunta: por que eu fiquei doente? Na Mesopotâmia, a doença era proveniente da falha com os deuses.  A medicina de Hipócrates traz a concepção da existência de que o ser humano tem quatro fluxos de “humores” em si, e já sendo na época descrito que alguns tumores estavam ligados ao fluxo da melancolia. O patologista Wirchow em 1858 lançou a hipótese de que as doenças seriam distúrbios das células. Passamos recentemente pela teoria da origem genética da enfermidade. E a ciência hoje diz que as doenças em geral têm fundamentos genético-ambientais.
A caracterização de um organismo revela um conjunto de órgãos, cada qual com seu específico tecido que tem um distinto tipo de célula. Tudo isso é organizado no tempo de nossa existência e que se mostra como uma determinada forma. Quando cortamos um pedaço de nossa pele, ao longo dos dias o organismo cicatriza o local e recompõe a forma temporariamente alterada, como era antes, com o mesmo tipo celular. Nossas células são provenientes do encontro do óvulo com o espermatozóide, formando uma unidade da qual progressivamente se diferenciam outras células e dessas primordiais vão surgindo outras variedades que dão origem aos especializados tecidos que nos formam. A peculiaridade do câncer é fazer o contrário disso. Por exemplo, uma célula do fígado tem características próprias, diferentes de uma da bexiga, mas essas duas especializadas podem tomar o rumo de retornarem a um estado primordial, anterior: isso é o que ocorre no câncer. Pesquisas laboratoriais mostram que ao se pegar uma célula especializada, retirá-la do organismo e colocá-la em meio de cultura, elas passam a se reproduzir continuamente. Isso demonstra que fora do organismo, a vida celular perde um determinado comando.
Os estudos científicos evidenciam que o nosso organismo cria células cancerígenas com habitual freqüência, mas nosso sistema de defesa (sistema imunológico) reconhece esse equívoco e as destrói: é uma manutenção da ordem pelo mecanismo da auto-observação orgânica.
Nosso sistema imunológico não anda bem de saúde. Nossa sociedade aflora câncer em praticamente todas as famílias. Estamos produzindo câncer em grande quantidade.
É uma doença que traz uma proliferação celular intensa, descontrolada, não respeitando o princípio da forma, daí há acúmulo de células que gera um tumor. Quando esse está localizado em uma parte do organismo, nos o classificamos como “in situ”. Mas muitos tumores emitem mensagens ao organismo para que venham vasos sanguíneos em sua direção, alimentando-os para o seu crescimento.  Também gerando o preocupante risco de através desse fluxo de sangue, lançar células à distância, causando tumores secundários, as metástases. Uma vez diagnosticada a doença, o médico avalia qual é o tipo de tumor, a extensão da enfermidade e estabelece a terapia. Segundo os conceitos da medicina alopática, são instituídas ações antitumorais, através da cirurgia, radioterapia, quimioterapia. Esses instrumentos são bastante desgastantes para o ser humano, pois não afetam somente as lesões quando praticadas. Assim a ciência está evoluindo para as chamadas “drogas inteligentes”. Evolução tecnológica de artefatos que somente atacam o tumor, preservando os tecidos saudáveis. Testes estão sendo realizados.
A medicina antroposófica pode contribuir através da sua visão trimembrada do homem. Nós temos a função do Pensar, localizada na cabeça, região do estar consciente, que no seu uso intensivo, nos traz um desgaste cotidiano. Ao final do dia, cansados, desligamos a cabeça dormindo para regenerar as forças gastas. O pólo oposto, dos membros - também do abdome – região de que não temos quaisquer consciências, é a região do Agir, de onde parte a vitalidade do organismo. Assim, as células dos órgãos do abdome reproduzem-se, genericamente falando, facilmente. No pólo da cabeça, as células principais, os neurônios, não se reproduzem quando lesados: são desvitalizados. No meio temos o tórax, com coração e pulmão, que funcionando por ritmos, nos permitem o Sentimento. Eu me insiro no mundo através da fase inicial da vida que se estende até os 21 anos. Aí paro de crescer fisicamente e me defronto com o mundo para esculpir o meu desenvolvimento pessoal, ou seja, minha evolução espiritual no relacionamento com as demais pessoas. Estas e o mundo me oferecem diversos desafios. Tenho que “digerir” isso tudo. Nada deve penetrar a interioridade humana que não deva ser digerido ou trabalhado. Mas o mundo atual nos penetra com diversas irradiações: ondas de rádio, TV, infravermelho, microondas nas cozinhas, campos magnéticos diversos, de grandes antenas, de emissões de celulares... Recente pesquisa israelense levanta a ligação do uso de celular e tumores de glândulas salivares. A alimentação convencional provém do uso de adubo nitrogenado que gera nitritos, que geram câncer. Compostos plásticos são geradores de distúrbios. Plástico na cozinha corroído por substâncias ácidas tais como molho de tomate, são contaminantes. Mais recentemente, outra pesquisa revela que o plástico PET, lixiviado por líquidos, gera bisfenol, que provoca câncer. Mais um motivo para não tomar refrigerantes! Lixo líquido! Estamos sendo bombardeados por substâncias que não são naturais! Nossos organismos não sabem lidar com isso. Um reflexo da sociedade industrial, sociedade cancerosa. Afora esse mundo contaminado, existem as questões individuais, daí a importância das considerações biográficas. Muitos pacientes com câncer apresentam similaridades comportamentais. É importante frisar que a descrição abaixo não é regra, não é rótulo, não serve a todos. Muitos doentes não respondem à questão: “A vida faz algo de mim: o que eu faço com isso?” Algo vem na sua direção, mexe com você e não aparece uma resposta na medida do estímulo. Múltiplos ensejos e uma aparência adaptada, cortês, disposta a um sacrifício são praticadas. Muitas emoções de pura raiva, com muita vitalidade instintiva, “que sobe à cabeça”, são negadas ou reprimidas. Um apagamento pessoal crônico após anos de conformismo passivo sacrifica a autodeterminação e a independência. Um dia aparece o tumor, às vezes com eventos “gatilhos” que disparam a doença, identificáveis nas histórias de vidas. Muitos cancerosos evidenciam sua vulnerabilidade, sua exclusão, seu fracasso de missão de vida.
A medicação da medicina antroposófica mais usada para tumores cancerígenos é o Viscum Album. Planta semiparasita, que ocorre na Europa e norte da África. Seu uso é complementar aos recursos terapêuticos citados acima. Mais da metade dos pacientes com câncer na Alemanha, segundo o Ministério da Saúde desse país usam esse medicamento. É uma planta bastante estudada, com muitas pesquisas laboratoriais e clínicas realizadas e tem uma peculiaridade em comparação com outros remédios: tanto é imunoestimulante, ou seja, reforça as forças de defesa do organismo, tanto quanto é citotóxica, lesando as células tumorais. Clinicamente, também detectamos uma melhor resistência aos efeitos tóxicos da quimioterapia e diminuição da fadiga dos pacientes.

Certamente é necessário refletirmos sobre a prevenção, o mais importante. Comamos alimentação orgânica, pois não tem a química pesada e insensata da agricultura convencional. Plásticos: desapareça com eles progressivamente de sua cozinha. Reduza ao máximo seu uso social e pessoal: além disso, você estará gerando menos lixo. Não espere ler ou ouvir a frase “de que nada ainda foi provado de concreto que plástico provoca câncer...” Como os governos representam as grandes corporações, cuidado com as diversas manipulações a que somos levados. Quando tiver febre, combata-a o mínimo possível: geralmente os pacientes com câncer têm temperaturas basais mais baixas. Então a princípio, ter febre é ótimo!!! Pois as células cancerígenas suportam mal as altas temperaturas. Portanto, cuidado em tomar (ou dar às crianças) a esmo, dipirona, paracetamol, antinflamatórios. Demorei muito a aprender porque Rudolf Steiner afirmava que a Pedagogia Waldorf veio para tornar as crianças, adultos saudáveis. E mais que isso: criativas e autodeterminadas. Pessoas assim criam anteparos ao que lhes vêm de fora e respondem proativamente para aquela determinada situação, elas sabem de seu valor: o contrário da atitude resignada e autodestrutiva do perfil da pessoa descrita acima. Portanto, a Pedagogia Waldorf tem ação contributiva e preventiva para diminuir a incidência do câncer na sociedade.
Clínica Médica e Reumatologia Antroposóficas. Consultor Biográfico

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