Publicado por fmaria.
Para dar continuidade a caminhada pelas abordagens educacionais, após ter passado pela Visão Holística da Educação e Educação em Valores Humanos chegamos à Pedagogia Waldorf.
Essa pedagogia originou-se de uma escola baseada na cosmovisão de Rudolf Steiner, solicitada pelo dono de uma fábrica de cigarros na Alemanha. Depois disso, a escola se tornou independente e se propagou pelo mundo.
A Pedagogia Waldorf concebe o homem como uma unidade harmônica físico-anímico-espiritual e sobre esse princípio fundamenta toda a prática educativa. Considera o lado anímico-espiritual como essência individual única de cada ser humano e o corpo físico como sua imagem e instrumento.Parte da hipótese de que o ser humano não está determinado exclusivamente pela herança e pelo ambiente, mas também pela resposta que do seu interior é capaz de realizar a respeito das impressões que recebe. Considera que o homem ao nascer, é portador de um potencial de predisposições e capacidades que, ao longo de sua vida, lutam por desenvolver-se. (Mizoguchi, 2006, p.70).
Os Princípios da Pedagogia Waldorf são pautados na Trimembração do Organismo Social, que partiu da revalorização dos impulsos da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde se tem liberdade (no pensar) com responsabilidade, igualdade (jurídico-legal) de deveres e direitos e fraternidade como respeito mútuo regendo as instituições Waldorf.
A idéia de dividir a Pedagogia Waldorf em períodos de sete anos (conhecida como setênios) é fundamentada na antiga cultura grega, onde se dividia a vida humana em dez períodos de sete anos. Com isso, Steneir dividiu o desenvolvimento dos seres humanos em etapas de 7 anos descritas a seguir:
De 0 a 07 anos (maturidade escolar):
A criança está aberta ao mundo; tem confiança ilimitada; recebe impressões sensoriais; não elabora julgamento ou análise; está na fase do desenvolvimento motor; as percepções inadequadas são armazenadas no inconsciente (não compreende o pensamento dos adultos); o aprendizado por imitação; o educador Waldorf deve ser digno de ser imitado, pois nessa imitação inconsciente estará fundamentando sua moralidade futura. Característica: O bom.
De 07 a 14 anos (maturidade sexual):
Desenvolvimento anímico; emancipação da vida corporal; interage e reage aos estímulos que recebe; necessita de explicações conceituais; interesse pela admiração que as coisas causam; vivência na área dos sentimentos; puberdade (12/14 anos) perturba a harmonia anímica; o professor Waldorf deve saber o que é bom ou não para seu aluno e entusiasmá-lo, deve ter “autoridade amorosa”; Característica: O belo.
De 14 a 21 anos (maturidade social):
Liberdade das forças anímicas; desenvolvimento do lógico, analítico e sintético; separa-se do mundo (vê o mundo de fora); quer explicações conceituais e intelectuais; quer ser compreendido; o professor Waldorf deve ser digno de respeito. Característica: O verdadeiro.
A metodologia de ensino baseia-se na seqüência rítmica das fases do processo de aprendizagem: reconhecimento, compreensão e domínio dos conteúdos. 1) vivenciar, observar, experimentar; 2) recordar, descrever, caracterizar, anotar; 3) processar, analisar, abstrair, generalizar (elaboração de teorias). Não se deve chegar à consolidação de resultados em uma só aula. Depois da vivência (1) e da descrição (2), intercala-se uma pausa, por meio da qual o aluno pode se distanciar, também durante a noite, daquilo que assimilou. O último passo é dado apenas no dia seguinte. Dessa maneira, a Pedagogia Waldorf procura respeitar a polaridade entre sono e vigília, já que o desenvolvimento de capacidades não apenas cognitivas, mas também anímicas, pressupõe a polaridade entre aprender e esquecer, consciência e inconsciência, vigília e sono.
Um ponto importante a destacar na Pedagogia Waldorf é a valorização da auto-educação.
Uma meta central da pedagogia Waldorf é a de conduzir os alunos da educação à auto-educação. A pedagogia Waldorf entende que o direito de educar a outros baseia-se na auto-educação, premissa que os docentes da escolas Waldorf respeitam e tentam cumprir em todo o seu agir, realizando, em primeiro lugar, um trabalho orientado para si mesmos, enriquecido pela co-educação com os demais docentes. (Mizoguchi, 2006, p.77). MIZOGUCHI, Shigueyo. Rudolf Steiner e a pedagogia Waldorf, Coleção memória da pedagogia – perspectivas para o novo milênio, Rio de Janeiro, n.6, p. 66-77, 2006
http://fmaria.wordpress.com/pedagogia-waldorf/
Percebo que a Pedagogia Waldorf está de acordo com o que se propõe na atualidade para a renovação da educação. A educação tradicional privilegia a transmissão de conteúdos pelo professor para que os alunos, passivamente, os assimilem. Os limites desta prática já são percebidos, assim como já se percebe a necessidade de "formar" e não apenas de informar. Não basta apenas reter conhceimentos, mas é preciso, antes, saber utilzá-los, orientados por um conjunto de valores dirigidos para o bem de todos. Creio que esse é o grande desafio da educação atual, assim como creio que a Pedagogia Waldorf caminha nesta direção.
ResponderExcluirElaine (mãe da Letícia)