9 de abr. de 2012

Segundo Setênio – 7 a 14 anos


Ao final do processo anterior, do 1o setênio, as forças que estavam na cabeça se libertam e migram para a região do meio do corpo.

A criança vai acordando de cima para baixo, na direção da cabeça aos pés, e, nesta fase agora, coração e pulmão são os órgãos que ancoram o processo respiratório com o mundo.

O elemento do movimento de interiorização e exteriorização pauta a dinâmica desses órgãos e a relação da criança com o mundo.

Ela já não é mais aberta para o mundo que a impregna, mas agora já possui uma interioridade maior e necessita de um elo de ligação entre o mundo de fora e o seu, interno.

O papel do adulto, pais e professores, tem uma grande influência neste período, pois é através dele, da autoridade que ela necessita e que eles possuem, que a criança receberá a imagem do mundo.

Portanto, os valores e ideais que o adulto possui pode beneficiar ou prejudicar a formação e visão do mundo infantil.

Se a autoridade é excessiva pode gerar uma maior inspiração do que expiração, desequilibrando o ritmo, e isso pode levar desde a uma timidez no futuro, à introversão, ou quadros somáticos de asma, etc .

Se, por outro lado, há falta de autoridade, se ela é insuficiente para o estabelecimento de normas tão essenciais neste período, a expiração maior pode conduzir à extroversão exagerada, que leva a criança a desconhecer seu limite e o do outro, até quadros mais histéricos, de dissolução da identidade.

Esses elementos precisam estar em harmonia para nos sentirmos bem e, se na fase correspondente à esses acontecimentos isto não ocorreu, é introduzindo o ritmo na vida do presente que se resgata o equilíbrio.

Assim como as normas, os hábitos estão sendo absorvidos, e portanto, a dosagem entre uma educação muito rígida ou muito liberal, deveria ser observada, pois tanto a imposição quanto a ausência de valores pode impedir um desenvolvimento sadio.

 Nesta fase, onde o sentir está sendo tecido, a fantasia é muito importante, e daí a qualidade de imagens que a criança pode entrar em contato é fundamental ; situações onde ela pode criar, como ouvindo estórias infantis, contos de fadas, ou mesmo brincar com brinquedos que promovam a sua participação, é muito diferente daquelas onde, por exemplo, ela é mera expectadora, como no caso da televisão, ou de jogos e brincadeiras que não estimulem a sua criação, com brinquedos prontos, acabados, sintéticos.

Arte e religião são também fundamentais para a alma da criança que anseia por veneração. Assim, tanto o mundo artístico quanto o religioso são ricos em possibilidades para fazer fluir a alma infantil para o mundo. Como há uma busca natural pela beleza e pela fé, vivências do belo são fundamentais para um respirar com o mundo, assim como o desejo pela ligação com uma qualidade superior, elevada e espiritualizada consigo mesmo e com a vida.

É então que, no meio desta fase, o sentimento de diferenciação, por assim dizer, se estabelece fortemente, e a criança percebe com verdadeiro sentimento e uma espécie de dor, que existem diferenças: de educação entre si e os irmãos, diferenças de tratamento entre as pessoas, de raça, religião, cultura, enfim, situações onde ela se dá conta de que o mundo não é igual para todo mundo, que a lei não é a mesma para todos.

É, na verdade, um profundo despertar do sentimento próprio.

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