Muitas têm sido as discussões sobre os contos de fada. Nestas geralmente se enfrentam dois grupos claramente definidos: aqueles que conhecem seu valor didático e os aprovam e os que o negam totalmente, descartando-os como cruéis, antiquados ou pouco realistas.Tendo observado uma só vez um grupo infantil durante o relato de um conto de fadas, se compreende, fora de dúvidas, o quanto são um alimento para a alma da criança. A criança que tem uma tendência intelectual, escuta o conto da forma mais atenta.
Os irmãos Grimm, escreveram sobre os contos de fadas:
“São comuns a todos os contos de fadas as crenças que se remontam a tempos muito antigos, as que se expressam em imagens extrasensoriais. Os seus significados se perderam há muito, mas ainda se pode intuí-los, dando conteúdos aos contos e satisfazendo o gosto natural da criança pelo maravilhoso. O sentido das imagens nunca são de fantasia oca.”
As pessoas de hoje custam a compreender e reconhecer as profundas verdades contidas na linguagem figurada dos contos de fadas. Em troca, facilmente compreendem os fatos comuns ali narrados: provas que devem ser resolvidas, perigos a ser vencidos, adivinhações que precisam solução etc.
Como vemos, trata-se de dificuldades que cada um deve vencer cotidianamente em vida real. Mediante a força de vontade, sacrifícios e pensamentos claros, se ganha com forças próprias um novo reino. Ou seja, indicam-se modos para o desenvolvimento da personalidade da criança.
Observando mais de perto um conto de fadas, constatamos que nos fala em IMAGENS, trazidas em geral, de uma forma muito dramática. Gnomos, gigantes, magos, animais em quadros imaginários, mas vistos como reais em épocas míticas quando esses contos se transmitiam unicamente de forma oral. Ao desenvolver-se o próprio pensar do homem, os contos passaram a ser impressos. Graças às incansáveis compilações dos irmãos Grimm, os contos conservaram-se como um tesouro.
Hoje os Contos de fadas apresentam à criança um quadro universal transmitido em linguagem sensível e compreensível. Destinos e desenvolvimento de personalidades se exemplificam de forma multifacetada e com insistência apresentam-se neles transformações que – como em um espelho- se repetem em nossa vida real.
Como as crianças não dominam a forma abstrata de pensar até ao redor dos oito anos de idade, o conto de fadas lhes facilita- mediante vivências naturais- a compreensão de seu conteúdo. Por isto a criança não conscientiza- como tantos temem- as “crueldades” contidas nos textos.
O Conto de fadas cresce em importância nestes dias em que os meios como a televisão, os equipamentos de áudio e o cinema inibem a criança de desenvolver sua inata tendência à fantasia criativa. As grandiosas descrições e narrativas contidas nos contos, dão asas à formação livre das imagens no interior de cada criança que o escuta. Nenhuma será a mesma e todas serão ricas.
Concluindo, o Conto de fadas é um alimento são para a alma, ativando a fantasia da criança como uma base natural para uma posterior e ampla instrução.
extraído da revista El Puente, do livro Bildsprache der Märchen; Friedel Lenz
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