20 de out. de 2011

Os desafios das relações humanas no trabalho em equipe


Uma das características da nossa época é a de procurarmos cada vez mais a liberdade e independência. Procuramos a autonomia perante nossos pais a empregabilidade para garantir autonomia do mercado de trabalho, o rompimento de relações para ter autonomia de decisões, o automóvel para se ter autonomia de caminhos a percorrer, grandes supermercados para se ter autonomia de escolha de produtos, etc. Queremos levar a vida como desejamos, com o máximo de liberdade de escolha, sem que ninguém mande em nós. E quão boa é essa sensação de liberdade!
No entanto, por mais paradoxal que se possa parecer, o que encontramos nessa busca é uma verdadeira dependência dos outros. No fundo, dependemos dos outros para virtualmente tudo! Já não fazemos mais a nossa própria roupa, não plantamos nem fazemos a nossa comida, não construímos a nossa casa, etc. Pode ser que nessas situações a dependência ainda não nos incomode, pois podemos pagar por aquilo de que precisamos.
Por outro lado, praticamente nenhum produto (seja concreto ou abstrato) consegue ser feito sem que sua realização dependa de várias pessoas. Isto significa que nas empresas, nas organizações, em iniciativas, precisamos nos reunir e trabalhar junto com outras pessoas numa situação de mútua interdependência. Dependendo de outros assim como outros dependem de mim para alcançar os objetivos e realizar as tarefas. Essa interdependência exige que no fundo, nos reunamos, que trabalhemos em equipe.
Mas como é difícil se relacionar de forma harmoniosa com os outros! Como lidar com as diferenças de ponto de vista? Como se fazer entender claramente? Como tomar decisões que sejam carregadas por todos e levem a resultados? Como lidar com as resistências às mudanças? Como lidar com as minhas necessidades de independência, autonomia e liberdade perante as necessidades de independência, autonomia e liberdade do outro? Aqui a dependência já é mais incômoda!
Nesse contexto, a qualidade das relações interpessoais, dentro de um trabalho em equipe torna-se um fator determinante. Um empreendimento pode contar com a boa vontade das pessoas, ter recursos à disposição, contar com as pessoas capazes de fazer as coisas, mas se não conseguir integrá-las harmoniosamente, criando as condições de cooperação na situação de mútua interdependência, está correndo o risco de permitir que prevaleçam as forças desagregadoras que podem levar à ruína da iniciativa.
Para enfrentar os desafios das relações humanas no trabalho em equipe, precisamos de dois ingredientes: um deles tem a ver com os aspectos internos dos integrantes, isto é, precisamos identificar as forças que agem em nós e no grupo e, a partir desse conhecimento, precisamos exercitar posturas que busquem a superação construtiva das diferenças. Assim, com a prática, podemos chegar ao desenvolvimento daquelas  habilidades sociais que são a base para a colaboração e o desempenho produtivo do grupo. O outro ingrediente tem a ver com os aspectos externos, isto é, precisamos criar condições de trabalho que permitam o desenvolvimento dos integrantes do grupo.
Aspectos internos e externos se complementam, assim, num processo de desenvolvimento, tanto dos integrantes de uma equipe como do trabalho propriamente dito.
Autor: Endre Paulo Király
Publicado no Colibri de 2010 nº3, ano XX


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